Amarelo,azul e branco

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Pov Márcia 

Depois da minha lenda favorita ter me passado a perna e saqueado meus arquivos sobre ela, resolvi passar o dia na casa de dona Januária fazendo companhia para ela e Luna.

- Marcia! Chamou Luna tirando minha atenção da tv

- diga pequena. Falei vendo a mais nova carregando seu livro vermelho entre os braços

- eu já escolhi a lenda de hoje. Falou toda empolgada 

Diminuiu o volume da tv e bato no local ao meu lado para a menor sentar, ela se senta e me entrega o livro vermelho.

- Hoje quero algo mais romântico. Falou me fazendo erguer uma de minhas sobrancelha em surpresa
- e você tem idade para essas coisas? Perguntei vendo ela rir 

- Estou na pré-adolescência, não com cinco anos. Falou para mim como se fosse óbvio

- então agora você é uma pré aborrecente. Falei fazendo cócegas fazendo ela rir

- eu não sou aborrecente. Falou fazendo bico

- ainda não, mas uma hora isso te atinge, bom qual seria sua historinha de romance? Perguntei

Ela pega novamente o livro em minhas mãos e abre para lá o final dele e me entrega novamente.

- pássaro de fogo? Questionei ao ver a ilustração de ave em chamas rodando uma montanha 

Ela balança a cabeça me fazenda dar de ombro 

- Bom, os municípios capixabas Serra e Cariacica são cúmplices de uma das maiores histórias de amor do Brasil.
Índio Guaraci (Tribo Temiminó) e a índia Jaciara (Tribo dos Botocudos), pertencentes a duas tribos inimigas Temiminós e Botocudos, o jovem casal foi impedido de viver a sua história de amor. Comovido com a paixão dos dois índios, o Deus Tupã transformou-os em duas montanhas. O índio passou a ser o Mestre Álvaro, na Serra, e a índia, o monte Moxuara, em Cariacica. 

 Até hoje eles estão frente a frente, contemplando se um ao outro e assim ficarão por toda a eternidade, segundo historiadores um “Pássaro de fogo” sempre é visto nas noites de São João, indo do Mestre Álvaro ao Moxuara, abençoando o amor de Guaraci e Jaciara que mesmo que nessas noites eles ficam livres das prisões de pedras eles ainda precisam do pássaro que entregam suas juras de amor um pelo outro. Terminei por fim 

- Marcy, você acha que eles também estão entre nós? Perguntou olhando para mim

- eu realmente não sei te responder minha pequena a tanta coisa ainda para descobrir. Falei para a menor

- não tem como você perguntar para a cuca? ela é bem velhinha deve saber das coisas. Falou me fazendo rir 

- espero que ela não tenha escutado isso se não a mocinha estaria numa encrenca. Falei

- eu não tenho medo dela então eu não me importo. falou fazendo marra

- tome cuidado por que se não a cuca te pega dali te pega de lá. falei dando um ataque de cócegas

ela desvencilha de meus braços e corre para o seu quarto tentando se esconder. Luna tinha tido uma melhora de humor até rápida me fazendo estranhar sua mudança repentina. 

Olho para a janela lá estava talvez a resposta da mudança repentina de comportamento de Luna, uma borboleta colorida estava lá quieta parecendo que estava ali a um bom tempo que levanta voo quando percebeu que eu a tinha visto.

Escuto a porta da frente se abrir dando anúncio da chegada de dona Januaria que havia saído para algum lugar desconhecido por mim.

- Boa noite Dona Januária, a tarde foi boa pelo visto. Falei fazendo a mais velha rir

O conto da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora