Dia 5
Rolumo Walker
Distrito 8
Romulo levantou-se e observou o que conseguia enxergar do céu. Deveria ser umas quatro da tarde. Ainda restavam onze tributos para morrer e ele sabia que, àquela altura, com a morte de três dos profissionais, ele era um dos favoritos. Sua mentora havia sido bem direta quanto a isso, Romulo tinha tudo o que era necessário para ganhar aquela edição e voltar para casa vitorioso, mas isso só aconteceria se ele seguisse o seu próprio jogo sem se importar com os demais tributos, em especial, sem se importar com a sua companheira de distrito, a sua prima Meena.
Meena poderia não ser forte, mas era esperta e talvez esse tenha sido o motivo pelo qual o seu rosto ainda não tivesse aparecido no céu durante os últimos cinco dias. Quando os seus nomes foram sorteados na colheita, toda a família desabou. Ambos, ou pelo menos um deles, morreria e todos apostaram que seria Meena a primeira a cair. Ela tinha apenas quinze anos e era boa demais, delicada demais. Durante o tempo que passaram no centro de treinamento da Capital, eles decidiram manter distância, não queriam tornar tudo mais difícil, se iriam morrer, morreriam pelas mãos dos outros tributos, mas não matariam um ao outro.
Romulo imaginou o que estariam fazendo em casa. Sem sombra de dúvidas estariam assistindo, e, sem sombra de dúvidas, estariam mais aflitos do que o próprio. O último filho sorteado em seu último ano na colheita. Um assassino. Havia matado dois durante a cornucópia e se incomodou quando percebeu que isso não estava pesando em sua consciência. Ele balançou a cabeça afastando as lembranças.
Enquanto organizava as suas coisas, ele ouviu um estalo e um farfalhar de folhas. Havia algo ali e, para ele, era um tributo. Mais cedo tinha escutado gritos há alguns metros, mas não se atreveu a segui-los, afinal alguém poderia ter sido pego por uma armadilha gamemaker e ele não queria embarcar junto.
Ele manteve-se atento, conseguia sentir a presença, conseguia sentir o olhar vindo das árvores à sua direita. Discretamente, ele agarrou o seu facão e esperou na mesma posição por um próximo movimento. Não demorou muito até a garota do 10 emergir loucamente das árvores com olhos muito vermelhos e com um machado em mãos, mas Romulo já estava preparado e, com um único golpe, cravou o seu facão no crânio dela que já caiu sem vida.
Ele encarou o corpo por um momento e o canhão disparou. Lembrava-se daquela garota, seu nome era Jaina, ela tinha dezesseis anos e não parecia um tributo em potencial, ainda mais depois de usar um vestido rodado cor de rosa em sua última entrevista antes dos jogos. Ela parecia um tanto ingênua e despreparada, talvez fosse uma tática a fim de surpreender a todos, ou a arena tinha feito mais uma vítima. Todos se transformavam quando o jogo começava.
– Eu te disse que ele era um dos bons. – disse uma voz feminina.
Romulo virou-se e se deparou com dois tributos o encarando. Dean, o garoto do 2 que apontava uma besta carregada em sua direção e Azelia, do 4, que segurava uma espécie agressiva de martelo de guerra.
Com um movimento bruto, Romulo arrancou o facão do crânio da menina morta.
– Calma aí, grandão. – disse Dean rindo – Nós não queremos brigar. Não agora.
– Nós te queremos como aliado. – Azelia tratou de dizer. – Perdemos nossos parceiros de distrito e precisamos de uma mãozinha a mais para encontrar e acabar com os outros tributos.
Romulo fez uma cara de desaprovação e riu.
– O que tem de engraçado? – perguntou Dean.
– Então de repente vocês querem se aliar ao 8? – ele zombou.
– Digamos que esse é um ano de ouro. – disse Azelia com um sorrisinho.
Romulo a encarou por alguns segundos até voltar o olhar ao seu facão sujo de sangue.
– Certo, eu me junto a vocês e acabo morto pelas costas?
– Ou você pode morrer agora. – insinuou Dean – Acorda gênio! Isso é um jogo!
– Só queremos acabar logo com tudo. – intrometeu-se Azelia – Nós três somos incríveis, capazes de chegar ao fim disso.
– E se chegarmos? – Romulo averiguou.
– Que vença o mais forte. – a garota sorriu.
Romulo analisou as duas figuras por mais um momento. Não, não eram nem um pouco confiáveis. Profissionais, pelo menos o que tinha restado deles. Se recusasse o convite da parceria, muito provavelmente morreria ali, e se partisse com eles poderia ser morto enquanto dormia.
O que faria? Ele respirou fundo... Seguiria o seu próprio jogo.
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Civilians - Uma fanfic Jogos Vorazes
FanfictionSeja bem-vindo à 46ª edição dos Jogos Vorazes. Você já conhece a regra: no fim, apenas um sobrevive. Quem será o vitorioso da vez?