Para a cornucópia

36 4 0
                                    


Dia 11

      Lena Wilson              Samuel Miller             Romulo Walker

Distrito 6                      Distrito 6                       Distrito 8

              Lena esfregou os olhos que ardiam bastante. Não havia dormido, não havia dormido nenhum pouco. Durante toda a noite, ela havia observado a fogueira queimar até virar cinzas. Samuel havia feito o mesmo, mas por outro lado, ele parecia bem mais a vontade do que ela, que, a todo momento, era assustada pelos bizarros ruídos vindos da floresta.

              Samuel a disse que os ganidos vinham de uma espécie de pássaro medonho que atacava qualquer um que tentasse se aproximar das árvores onde eles estivessem empoleirados e Lena não soube dizer se isso lhe acalmou ou a deixou mais nervosa.

              – Você consegue sentir? – Samuel perguntou encarando o céu.

              – O que?

              – Vai acabar hoje. – ele virou a cabeça para olhá-la – Um de nós dois logo estará em casa e... – ele parou por um minuto como se tentando lembrar de algo – será eu!

              Samuel levantou-se num salto e começou a pular como estivesse se aquecendo.

              – Vamos lá Wilson! – ele disse já cansado – Deixe de preguiça! Temos alguém pra matar!

              Ela respirou fundo e revirou os olhos. Lena sabia que logo a coisa pesaria, sabia que os próximos eventos seriam decisivos, mas algo arrancou a força dela. Naquele momento, ela queria tudo, menos uma briga. Estava sem coragem e com preguiça, estava se sentindo muito confortável ali sentada aos pés daquela árvore e não queria levantar e foi aí que Samuel parou e caiu na risada.

              Lena o olhou estranho tentando entender o que se passava e, nesse momento, percebeu como o sorriso dele era bonito. Ela nunca o havia visto sorrir daquele jeito, tinha visto apenas o sorriso irônico e discreto que ele tanto usava, mas aquele sorriso ali era novidade.

              – Posso saber o que há de engraçado? – ela perguntou com a voz rouca.

              – Isso é tão trágico! – ele disse contendo o riso.

              Ela franziu as sobrancelhas o olhando confusa.

              – Então porque tá rindo?

              – Ora... O que eu posso fazer, Wilson? – ele deu de ombros – Em algumas horas estarei morto, ou melhor! Estarei em casa sendo paparicado por minha família, então de algum modo isso vai acabar, e o que eu posso fazer a respeito? Ãh? O que posso fazer? Chorar? Não, não vou chorar querida. Acho... Acho mais saudável rir de tudo. Você não acha?

              – Não. – ela disse se levantando. – Mas eu acho que você deveria parar de falar e pegar suas coisas. Quero terminar logo isso.

              Ele bufou, esticou-se e fez o que ela disse.

              – Sim, senhora.

>>>

              Logo que o dia amanheceu, Romulo pegou o seu machado, a mochila e saiu andando em direção à fumaça que subia ao longe. Sempre cauteloso e atento aos rastros, ele seguiu em silêncio. Durante o tempo na Capital ele não havia tido nenhum tipo de contato com o Distrito 6. De fato, ele não havia se aproximado muito de nenhum deles, mas tinha trocado uma palavra e um sorriso educado com um ou outro tributo, mas nunca havia se encontrado com Samuel ou Lena, os estranhos Samuel e Lena. Sempre chegavam juntos ao treino, mas ao pisar na sala, era automático, cada um tomava uma direção diferente e não conversavam com ninguém.

Civilians - Uma fanfic Jogos VorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora