Dia 8
Romulo Walker
Distrito 8
Enquanto caminhavam, Romulo encarava as costas de Azelia, que o estava ignorando desde a noite passada. Ela havia se aproximado dele enquanto ele vigiava o perímetro e Dean tirava um cochilo próximo a uma pedra.
– Pensamentos distantes Romo? – ela disse insinuante.
Ele a ignorou. Só o pessoal de casa o chamava daquele jeito.
– Não fique tão grave. – ela sorriu tocando o braço dele e encarando o seu perfil. – Apesar de ficar extremamente sexy assim... Relaxa.
Romulo sentiu-se corar, não era do tipo que sabia receber elogios.
– Sabe, no final eu acho que vai ser entre mim e você. – ela sussurrou próximo ao ombro dele. – Ele... – ela apontou com o queixo para Dean. – Ele é bom e rápido, mas não é tão esperto e forte quanto você.
Romulo apenas acompanhou o olhar dela em direção a Dean. Ele estava tenso com a proximidade e o modo de falar da garota, mas não disse nada.
– Nós podemos fazer acontecer sabia? Eu e você. Nada de Dean na final. – ela disse o devorando com os olhos – Essa sim seria uma luta excitante.
Romulo a encarou criticamente. Era aquilo? Ela realmente estava tentando seduzi-lo?
– Eu pensei que o lema era "que vença o mais forte" e não o mais sujo. – ele insinuou a olhando firme.
Azelia apenas ergueu uma sobrancelha e o olhou por um longo momento, depois lhe lançou um sorriso azedo.
– É claro. – ela disse levantando e se afastando.
Desde então ela havia mantido a distância, o que Romulo achava bom, não queria que a sua garota pensasse mal dele em casa. Na despedida, Irina havia tentado ao máximo se segurar, mas ao receber, o que poderia ser, o último abraço de seu amado, ela desabou. Ela era durona, mas tinha esse rosto delicado que fazia Romulo, acima de qualquer outro, se render. Aquele ano deveria ser um ano feliz para ambos, o último ano de colheita deles, o ano em que começariam uma nova vida. Se não fosse pelos jogos, talvez dali há alguns poucos anos estivessem casados e começando uma família. Tudo o que Romulo mais queria.
– Parem. – disse Dean estendendo a mão.
Assim como Azelia, Romulo olhou ao redor da clareira onde estavam à procura de algum perigo.
– O que foi? – perguntou a garota impaciente.
– Tem alguém... – Dean começou apontando em direção à vegetação a sua frente – Eu vi um movimento ali.
Eles se concentraram na direção indicada tentando identificar algo, até que conseguiram enxergar o vislumbre de uma sombra que logo após emergiu do arbusto.
– Mais que porr...? – Azelia começou interrompendo-se na metade da frase.
Era Martha, o tributo feminino do 1. Romulo a reconheceu apesar dela está praticamente irreconhecível. A garota parecia um selvagem. Estava descalça, e o que restou de sua roupa estava em pedaços, os cabelos, que antes eram belos cachos loiros, pareciam uma moita coberta por todo tipo de sujeira.
Segurando uma espada, Martha correu em direção a eles.
– Deixem! – disse Azelia jogando-se na frente com o seu martelo.
Romulo e Dean recuaram e, enquanto as duas garotas se atracavam, um vulto saltou de uma árvore próxima e correu em direção à vegetação.
– Ali! – gritou Dean correndo atrás do tributo.
Romulo gelou.
Era Meena, e isso o fez correr atrás de Dean, deixando Azelia e sua luta contra uma Martha selvagem para trás.
Milhões de coisas se passaram em sua cabeça durante aquela corrida desesperada. Deveria parar e deixar que Dean a alcançasse? Deveria alcançá-lo e detê-lo? Não sabia, só sabia que o seu instinto falou mais alto do que qualquer estratégia, e ele não o ignorou.
– Cadê?! – perguntou Dean frustrado quando por fim parou ofegante – Você viu quem era?!
Também ofegante, Romulo olhou para os lados e um pouco hesitante negou com a cabeça.
– Não, não vi. – ele disse.
Dean o analisou estranho e foi aí que o canhão explodiu. Eles pararam por um minuto encarando um ao outro, até que Dean, repentinamente, acertou o rosto de Romulo com a sua besta, fazendo-o cambalear. Defendendo-se rapidamente, Romulo o empurrou com um chute. Dean disparou a besta, acertando de raspão o rosto de Romulo, que ergueu o seu facão a fim de abatê-lo. Dean largou a besta e segurou com as duas mãos o punho armado de Romulo que, com esforço, tentava acertá-lo com a lâmina. Dean acertou uma joelhada na virilha de Romulo e o derrubou caindo por cima dele, fazendo-o soltar o facão.
– Você acha que eu não sei que era sua prima ali?! – Dean falou com esforço – Eu vi, e você também! Não importa o que digam... No fim, você Romulo, é um covarde.
Romulo o empurrou como se ele fosse um brinquedo, levantou-se rapidamente e o atingiu com um chute no rosto e outro no abdômen. Pronto. Dean estava praticamente fora do jogo, tudo o que Romulo tinha que fazer era pegar o seu facão e acertá-lo, mas antes de disso, ele ouviu um grito. Um grito terrível aos seus ouvidos.
– Meena... – ele sussurrou para si.
Sem pensar em mais nada, esquecendo-se de Dean e de sua arma, ele apenas correu em direção ao som.
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Civilians - Uma fanfic Jogos Vorazes
FanficSeja bem-vindo à 46ª edição dos Jogos Vorazes. Você já conhece a regra: no fim, apenas um sobrevive. Quem será o vitorioso da vez?