Vitorioso
Lena Wilson
Distrito 6
Após acordar, Lena levantou-se devagar, analisou o ambiente friamente, vestiu o par de roupas que lhe haviam deixado e, sem ânimo, sentou-se na cama olhando para o vazio. Era impossível parar de pensar em tudo o que lhe havia acontecido e, de todas as terríveis imagens que invadiam a sua mente, a figura de Samuel coberto de sangue e sem vida, era a que mais lhe perturbava.
Ela escutou a porta ser aberta, mas não precisou se virar para ver quem se aproximava. Os movimentos silenciosos de Theo haviam chamado à atenção de Lena desde o primeiro dia de preparação para os Jogos. Ele era como um avox, andando pelos corredores do Centro de Treinamento.
Theo caminhou devagar até Lena e sentou-se ao seu lado na cama. Ele não falou nada, apenas permaneceu em silêncio ao que pareceu ser um longo momento. Lena então suspirou discretamente e tentou erguer a cabeça para olhá-lo, mas falhou.
– Eu... – ela gaguejou baixo com a voz rouca – Eu não sei o que fazer.
E foi aí que Lena viu-se desabar. Desde o dia da colheita até o seu último minuto na arena, ela não havia derramado uma única lágrima, mas naquele momento ela não conseguiu ignorar o que sentia e caiu no choro. Tentando consolá-la, Theo a envolveu em um abraço e isso pareceu fazê-la chorar ainda mais. Era como se ela estivesse despejando, de uma só vez, todo o tormento, toda a agonia pela qual havia passado nas últimas semanas. Isso durou bastante, durou até Lena perceber os soluços e ruídos estranhos que emitia, o que a fez abrir os olhos e se afastar dele devagar.
Theo afastou os cabelos do rosto molhado de Lena e, suavemente, segurou-a pelos ombros tentando enxergá-la melhor. Ela respirou fundo e enxugou as lágrimas o encarando pela primeira vez. A primeira coisa que ela notou foi que a sua barba castanho alaranjada parecia mais espessa e que uma discreta sombra tinha se alojado ao redor de seus olhos. O coitado deveria estar esgotado. Conseguir dois tributos numa final de jogos não era tarefa fácil. Suportar as entrevistas, a pressão dos patrocinadores, o assédio do pessoal de Panem e a terrível dúvida sobre quem apoiar na prova final, eram de enlouquecer. Ele tirou do bolso de sua calça um lenço e a entregou.
– Você está bem? – ele a perguntou baixo.
– Não. – ela disse fungando o nariz. – Eu, eu deveria está feliz, certo? Eu consegui, estou voltando pra casa, mas... Porque eu não tô feliz?
– Porque a arena ainda está em você. – ele respondeu olhando para as mãos dela.
– E quando isso vai passar?– ela perguntou olhando-o suplicante.
Theo passou a mão pela barba e respirou fundo.
– Isso nunca passa realmente, Lena. As memórias vêm e vão, você sofre e tem pesadelos, mas no final aprende a viver com tudo, até que, sem perceber, um dia você volta a sorrir de verdade.
Ela respirou fundo e olhou para o teto balançando a cabeça em negativa.
– Eu só tô aqui por causa dele. – ela sussurrou em tom de lamento – Nós tínhamos um acordo.
– Vocês TÊM um acordo. – Theo a corrigiu – Você precisa se recuperar, voltar para casa e visitar a família dele.
Lena balançou a cabeça e, ao sentir as lágrimas escorrerem novamente, tampou o rosto com o lenço.
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Civilians - Uma fanfic Jogos Vorazes
FanfictionSeja bem-vindo à 46ª edição dos Jogos Vorazes. Você já conhece a regra: no fim, apenas um sobrevive. Quem será o vitorioso da vez?