Vegetação traiçoeira

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Dia 10

Lena Wilson

Distrito 6

              – Então... Briana está morta. – Lena refletiu.

              – Mortinha. – Samuel completou.

              E eles continuaram andando lado a lado, ele despreocupado e ela extremamente tensa e atenta ao redor.

              – Quantos faltam exatamente? – Lena quis saber franzindo o cenho – Você sabe? Porque eu perdi a conta faz tempo.

              Ele a olhou com desaprovação e balançou a cabeça.

              – Você, Wilson, é mesmo uma desgraça. – ele disse em tom de piada – Com a morte de Briana e da ruivinha do 12 ontem, somos exatamente seis na competição.

              Lena parou subitamente, obrigando Samuel também a parar.

              – O que foi? 

              – Seis? – ela disse com uma ponta de incredulidade.

              – Seis. – ele confirmou.

              – Estamos assim tão perto...?

              Ele ficou em silêncio por um bom momento até suspirar e voltar à caminhada.

              – Pois é. E te digo uma coisa... Estou extremamente ansioso por nossa briga final na cornucópia. – ele disse dando um sorrisinho insinuante. – Temos que tornar toda a coisa épica, Wilson, épica entende? Temos que entrar para a história! Você com sua alabarda e eu com minha foice mortal inspiraremos canções por toda Panem.

              Lena lançou-lhe uma careta por um segundo e por fim revirou os olhos voltando a andar, mas, após três passos, ela parou.

              – O que foi agora? – ele a olhou com tédio. – Ainda tem alguma dúvida?

              – Cala a boca. – ela o advertiu sussurrante.

              Vendo a postura de Lena, Samuel aproximou-se dela rapidamente com a foice em mãos e atento ao redor.

              – O que foi? – ele a perguntou novamente, dessa vez em tom mais baixo.

             – Você não escutou?

              – Escutei o que?

              Franzindo o cenho, ela fez um sinal para que ele calasse, mas não foi o que ele fez, o que ele fez foi soltar um ruído assustado e dá um pulo para o lado.

              Lena virou-se na direção do garoto e o viu lutar contra uma raiz de árvore que, sobrenaturalmente, tentava enrolar-se em seu tornozelo. Apesar da foice afiada de Samuel, a raiz resistia subindo por sua panturrilha e o arrastando para o chão. Usando a sua alabarda, Lena investiu contra a raiz várias vezes conseguindo parti-la no final.

              Samuel recompôs-se e encarou a raiz com uma careta.

              – Mais que merda?!

              – Gamemakers. – Lena disse analisando o terreno ao redor. – Acho melhor a gente sair daqui. Agora.

              De prontidão, Samuel seguiu Lena na direção tomada, mas rapidamente foram interrompidos por mais raízes gigantes que brotaram agressivamente do chão.

              – Corre! – Samuel gritou para Lena enquanto as raízes rastejavam ferozmente em direção a eles. – Vamos Lena! Corre!

              Com olhos frenéticos, Lena tentava acompanhar o pique de Samuel, que parecia totalmente habituado a correr no terrível terreno daquela arena.

              – É uma armadilha! – ela gritou alertando-o – Eles tão nos empurrando pra uma armadilha!

              – Não para! Continua!

              E era como se o episódio com o felino estivesse se repetindo. Lena tinha achado assustador lutar contra ele, mas ainda pior tinha sido fugir dele. Como era terrível a sensação de que a qualquer momento seria pega, de que tudo estaria acabado se não corresse mais e mais rápido.

              E eles correram. Correram até despontarem nas margens do rio que, ao contrário dos dias anteriores, agora corria lentamente e quase seco. Mas essa não era a surpresa, a surpresa estava nas duas figuras que conversavam na margem oposta. 

Civilians - Uma fanfic Jogos VorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora