Dia 7
Lena Wilson
Distrito 6
Lena o observava discretamente enquanto ele olhava o aerobarco sumir levando o corpo do tributo masculino do distrito 11.
– Me analisando senhorita Wilson? – ele a perguntou ainda olhando em direção ao aerobarco.
– Porque o impediu? – ela soltou sem rodeios – Ele me matava, depois disso você o surpreendia e pronto. Menos dois no seu caminho.
Samuel a olhou breve e se afastou semicerrando os olhos em direção à copa de uma árvore próxima.
– Eu acho que o pessoal de casa me acharia um covarde se eu não te ajudasse ali, e, querida, eu posso ser muitas coisas, mas covarde não, isso eu não sou.
Lena franziu o cenho.
– Ok herói, mas isso aqui é o Jogos Vorazes. – ela disse apoiando-se em sua alabarda – Porque me salvar agora se terá que me matar depois?
Ele parou, a olhou de cima a baixo por um longo momento e sorriu breve, balançando a cabeça.
– Qual a graça? – ela perguntou séria.
– Nada, apenas... Você realmente incorporou a guerreira, hein? – ele disse apontando para a alabarda.
– Apenas sofrendo a influência do meio. – ela falou dando uma boa olhada na foice presa no cinto dele – Mas não parece que você quer brigar agora, então qual o plano?
Ele respirou fundo, pegou algumas folhas em um galho baixo e as usou para limpar o sangue de seu punhal.
– Sabe, eu pensei em ter essa conversa com você durante o nosso tempo na Capital, mas acontece que você é do tipo de pessoa que não dá muito espaço. – ele soltou. – É como se sempre estivesse um degrau acima de todos.
– Eu não sou desse jeito, você que é! – ela disparou parecendo ofendida.
– Tanto faz. – ele suspirou guardando o punhal em seu cinto – O que eu quero dizer é que viemos do mesmo distrito e se qualquer um de nós ganhar isso aqui, o distrito ganha, nossas famílias ganham.
– O que voc...
– Podemos nos aliar. – ele a interrompeu – Sei que já estamos longe na competição e que restam poucos tributos agora, mas eles não são dos mais fáceis. Como uma dupla, podemos ir mais longe.
Ela continuou em silêncio o observando com olhos graves, tentando entender todas as faces daquela situação.
– O Theo te escolheu, não foi? – ela disse desconfiada. – Ele que te instruiu a me procurar e dizer essas coisas, não foi?
– O que? – ele exaltou-se – O Theo não me instruiu em nada! Eu apenas tô tentando sobreviver a isso!
Lena o analisou por um momento enquanto aumentava o aperto em torno do cabo de sua alabarda.
– Eu não posso confiar em você. – ela disse como se aquilo fosse impraticável – Em ninguém aqui.
– E eu não te culpo! Estamos num jogo e você está certa sobre isso. – ele disse a encarando firme – Mas você precisa pensar claramente que o que está por vir não vai ser fácil. Olha, eu posso te dá cobertura e você pode me cobrir, até quando for possível.
Sentindo o estresse, Lena respirou fundo e limpou a oleosidade da testa. Sabia que ele estava certo. Talvez ela fosse capaz de acabar com dois ou três dos tributos restantes, mas não teria muita chance com alguns dos outros. Se por um acaso se juntasse a ele, teria uma vantagem, mas também poderia ser traída e morta. O que fazer? Ela pensou em sua família e no que ele havia dito sobre o "distrito ganhar", isso de fato era verdade, mas e quanto ao seu argumento de "posso ser tudo, menos covarde"?
Pois bem. Ela não sabia se ele estava sendo realmente sincero, mas sabia de uma coisa: o distrito 6 desprezaria um cara covarde e mentiroso.
– Tudo bem. – ela disse o olhando firme como se tivesse tomado sua decisão. – Se alguém vai ganhar isso aqui, vai ser um de nós. Ou eu, ou você. – ela parou breve, sondando alguma reação vinda dele – Mas pra isso precisamos fazer um acordo.
Ele semicerrou os olhos em direção a ela.
– Que tipo de acordo?
– Um dos bons. – ela disse olhando de relance para os lados. – Nós vamos procurar pelos outros tributos, vamos acabar com todos e no final teremos uma luta justa. Eu contra você na cornucópia, e que vença o melhor. Nada de queimar a largada, nada de trapaça. Eu e você na cornucópia, cada um com sua melhor arma.
Após pensar um pouco ele reprimiu um sorriso.
– Acho digno... – ele começou.
– Ainda não terminei. – ela o interrompeu olhando-o com as sobrancelhas erguidas. – Aquele que voltar pra casa, vai vigiar as duas famílias. – ela articulou com clareza – Se eu ganhar, eu não vou apenas cuidar dos meus, também vou ficar de olho no seu pai e nas suas irmãs, o mesmo vale pra você com relação aos meus pais e ao meu irmão.
Ele franziu o cenho.
– Acho que o seu pai não aceitaria a ajuda do assassino de sua única filha. – ele soltou.
– Aceitaria se você honrasse nosso acordo até o fim. – ela insinuou – E, além disso, eu que estou propondo. Será uma luta justa, sem truques.
Ele a olhou nos olhos por um longo momento.
– Eu gosto de lutas justas. – ele disse por fim – Acho que temos um acordo então.
– Bom.
– E não precisa se preocupar, Lena. – ele disse olhando para uma das árvores. – Temos nossas testemunhas.
Ela sorriu com ironia.
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Civilians - Uma fanfic Jogos Vorazes
FanficSeja bem-vindo à 46ª edição dos Jogos Vorazes. Você já conhece a regra: no fim, apenas um sobrevive. Quem será o vitorioso da vez?