Capítulo 4. Estava apaixonado

1K 133 12
                                    

Rudá, Gruffin – 1829.

- Eu sou muito exata em tudo que faço. – A dama encantadora rebateu, olhando fixamente para os pombos.

Elas falavam sobre exatidão. E Caleb tinha a exata certeza de que, naquele momento, em uma tarde do dia oito de abril de 1829, ao pôr do sol, ele tinha se apaixonado pela dama sentada naquele banco de parque. Ele não conseguia se mover, apenas olhava-a e tentava pensar em que fazer, até que os olhos azul-esverdeados dela se ergueram e ela franziu a testa ao vê-lo encarando-a.

- Senhor? – Ela disse com curiosidade e um pouco de preocupação, franzindo a testa, sua voz soou como uma harmonia cantada por anjos.

Caleb sentiu Philip puxando seu braço e olhou para baixo, depois olhou para Ian no seu colo, os dois pareciam assustados.

O que estava acontecendo com ele?

Ele sabia, apenas não queria admitir ainda.

- Titio? – O menino chamou baixinho.

- Acho que não estou bem. – Ele disse com a voz hesitante, porque sabia que não estava mesmo bem, ele estava totalmente arruinado. Tinha acabado de ser atingido pela paixão que os irmãos alegavam sentir e precisava se sentar ou iria cair, não confiava no próprio corpo para mantê-lo em pé.

- Sente-se aqui. – A dama que acompanhava aquela que o enfeitiçou disse, já se colocando em pé e conduzindo Caleb para o banco, fazendo-o se sentar ao lado daquela encantadora donzela de olhos azul-esverdeados e cabelos loiros claros. – O senhor parece pálido demais.

- Minha mãe sempre diz que normalmente sou pálido demais, herdei isso do meu pai. – Ele brincou e tentou sorrir, mas saiu forçado demais.

Ele tentou controlar a sua respiração acelerada, colocando Ian sobre as suas pernas e olhando fixamente para a frente, se ele olhasse para a dama ao seu lado, iria se perder novamente na beleza dela e não iria conseguir se concentrar.

- Perdão, eu não queria incomodar as senhoritas. – Ele disse quando já se sentia melhor, Philip parecia muito preocupado ao seu lado. – Eu acho que já estou bem.

Caleb tentou se levantar, mas a dama ao seu lado pousou a mão em seu ombro e ele se virou, encontrando os olhos dela também repletos de preocupação, ele notou quando ela engoliu em seco e olhou para a própria mão no ombro dele, retirando-a dali rapidamente e deixando uma sensação fria no lugar. Maldição, ele estava mesmo arruinado. Precisava saber quem era aquela dama, precisava conhece-la, dançar com ela, conversar com ela, se casar com ela... parecia extremo demais, mas, naquele momento, ele soube que aquela era a dama com quem ele deveria passar o resto da sua vida, mas acima de tudo, naquele momento, ele queria beijar os lábios rosados e cheios dela.

- Eu me sentiria melhor se o senhor aguardasse um pouco. – Ela disse com cautela. – Parece muito pálido e não seria bom desmaiar no meio da rua e deixar seus filhos sozinhos e assustados.

Filhos? Ele olhou para Ian em seu colo e Philip ao seu lado no banco. Caleb deveria se apresentar, não era adequado permanecer na presença de duas damas sem se apresentar e assim ele poderia descobrir o nome dela, a qual família pertencia e a quem deveria pedir a mão dela em casamento em um futuro muito próximo.

- Esses são meus sobrinhos, Philip e Ian. – Ele disse. – Não tenho filhos, nem esposa. Ainda.

Foi explicito demais? Ela poderia ter percebido as palavras não ditas?

Caleb a analisou com mais atenção por um momento, notando as sardas claras no rosto dela e a forma como ele parecia ver toda a alma dela através dos olhos azul-esverdeados. Ele se sentia um tolo, passou anos ouvindo Anthony e Joe falando sobre como se apaixonaram, os dois eram praticamente como dois cães sarnentos correndo atrás das esposas, e agora aquilo estava acontecendo com ele, e com uma dama que ele nem sabia o nome. Por Deus, o que estava acontecendo com ele, afinal? Paixão era mesmo aquilo?

Paixão ao pôr do solOnde histórias criam vida. Descubra agora