Capítulo 17. O recital

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Rudá, Gruffin – 1829.

Assim que chegou em casa, Grace notou que o tio já tinha chegado também. Além do paletó pendurado no vestíbulo, o silêncio na casa demonstrava isso. Quando o tio estava no quartel, os criados não eram tão silenciosos, alguns até cantarolavam enquanto cumpriam suas tarefas.

Ainda não acreditava no resultado daquela conversa com Caleb. Ela sabia que ele era um cavalheiro, mas não esperava que ele aceitasse se casar com uma dama impura. Grace estava preparada para ser enxotada de lá quando contasse para ele, mas Caleb foi extremamente carinhoso e compreensivo com ela.

Ela estava subindo a escada para se esconder no seu quarto quando o encontrou. Como sempre, o tio já estava com um copo de brandy na mão e o colarinho da camisa desabotoado, assim como todos os dias ao chegar do trabalho. Ele lhe deu um olhar desdenhoso e pareceu torcer o nariz.

- Temos compromisso esta noite. – Anunciou ele. – Escolha um vestido bonito e use maquiagem, Lord Knox tem que ficar encantado ao vê-la.

- Onde vamos? – ela franziu a testa com curiosidade.

- Não sei o que você anda fazendo, mas parece que a está ficando amiga de todas as damas da alta sociedade, Lady Ambrose lhe convidou para o recital desta noite e estendeu o convite a mim. Seu noivo está apreciando muito essa influência toda, é sempre bom uma viscondessa ter influência entre as damas.

- Claro, titio. – Ela respondeu de forma doce e abriu um sorriso. – Se me der licença, vou começar a me preparar agora mesmo para o meu noivo.

Grace tentou, mas não pôde evitar um sorriso que iluminou seus olhos. O tio nem imaginava os planos dela. Caleb e ela tinham conversado sobre tudo que fariam até o dia da fuga deles, ela precisava mostrar ao tio que estava empolgada com o seu casamento e que tinha se arrependido da discussão que teve com o tio, ele não podia desconfiar de nada.

O tio a olhou com desconfiança.

- O que está tramando, Gracelin? – indagou ele. – Ainda me lembro da sua aversão a esse casamento e as palavras que me disse alguns dias atrás.

- Na verdade, titio, eu queria pedir perdão por tudo que disse. – Ela se esforçou para parecer arrependida. – O senhor só quer o melhor para mim, agora vejo isso, e vejo que o melhor para mim é me casar com Lord Knox. Eu serei uma viscondessa e meu marido me fará muito feliz, nossa família prosperará dentro da alta sociedade, como o senhor sempre sonhou.

A desconfiança brilhava nos olhos do tio.

- E Lord Campbell? Não estava apaixonada por ele?

Grace suspirou e negou com a cabeça.

- Não. – Mentiu ela. – Quando vi como o senhor mudou de opinião sobre minha presença na alta sociedade com o convite da duquesa Campbell e da marquesa, que é irmã de Lord Campbell, pensei que, se dissesse estar apaixonada por ele, o senhor poderia mudar de ideia também sobre o meu casamento. Mas eu estava errada, me casar com Lord Knox é o melhor para todos nós e eu já aceitei isso, acho que estou me apaixonando por ele. É um ótimo cavalheiro, não tenho dúvidas.

- Espero que não esteja me enganando, Gracelin. – O tio disse com desconfiança.

- Não estou, titio. – Grace fez uma leve mesura para o tio e subiu os últimos degraus da escada.

Dezenove, vinte, vinte e um, vinte e dois, vinte e três, segundo andar. Ela sorriu ao caminhar os exatos doze passos e meio da escada até a porta do seu quarto no corredor. 

 

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Paixão ao pôr do solOnde histórias criam vida. Descubra agora