Capítulo 18. Agora!

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Rudá, Gruffin – 1829.

Naqueles dias desde que Grace contara a Caleb sobre o que o seu tio tinha lhe feito, Caleb tivera noites agitadas de sono. Seus sonhos eram permeados por meninas de olhos azuis assustados sendo surpreendida e violada pelo homem que deveria protege-la, Caleb acordava com o coração acelerado e com vontade de ir até a Casa Bismarque para enfiar seu punho no rosto rechonchudo do tio de Grace, apenas para depois enfiar uma bala na testa dele e deixa-lo para os corvos. Ele começava a entende-la, o motivo por trás da sua retração e do seu apego aos números e à ordem, isso Grace podia controlar e resolver, isso dependia dela, ao contrário daquilo que ela sofreu no passado e ainda a atormentava.

Eram cinco horas da manhã de sábado. Por sorte, não estava chovendo. Caleb havia elaborado mudanças no plano original para o caso de estar chovendo, mas tudo seria mais difícil. A noite estava fria e escura, o céu estrelado, uma noite perfeita para dois enamorados fugirem em busca do seu destino feliz juntos.

Caleb conferiu uma última vez se tudo estava certo e olhou para Otis, o furão de Grace, que agora estava em uma mesa no canto do quarto de Caleb na Casa Campbell. Sophie era a única pessoa além de Caleb, Grace e Emma, que sabia sobre a fuga dos dois – Emma sabia, obviamente, pois foi ela quem sugeriu isso, mas não sabia que a fuga seria naquela madrugada – e a cunhada seria quem cuidaria de Otis até o retorno dos dois. Caleb achava engraçado ver a interação de Grace com o furão, jurava que o animal realmente a entendia e que poderia começar a falar e responder as perguntas dela a qualquer momento, ele podia ver a forma como ela se importava com o animal, era como se fosse parte da sua família.

- Você precisa sair agora. – Sophie disse, parada na porta do quarto. – O tio dela é um militar, deve acordar muito cedo.

- Eu sei. – Caleb se virou para ela, apreensivo. – Já estou saindo, só preciso de mais um pouco de coragem.

- Não vai desistir agora, não é? – sua pergunta soou como uma repreensão. – Grace está te esperando, vá logo e pare de pensar muito.

Ele apenas assentiu e deu um passo na direção da porta, um passo na direção do futuro. Sua mala já estava na carruagem alugada, assim como a de Grace. O cocheiro esperaria por eles no endereço indicado por Caleb, na esquina da casa dela, para não levantar suspeitas. Ele colocou seu chapéu e desceu a escada da casa do irmão, precisava esconder seu cabelo pois o ruivo incomum poderia denuncia-lo, Sophie ia logo atrás dele.

Eles iriam para RiverPort, do outro lado de Gruffin, e se esconderiam no convento onde Grace passou os últimos anos. Lá as religiosas poderiam ajudar a conseguir um vigário disposto a casar os dois e teriam as testemunhas que precisavam para tornar o casamento legitimo. Então, depois que estivessem unidos, passariam alguns dias em uma pousada no meio do caminho, apenas para não retornar muito rapidamente para casa e não serem facilmente localizados pelo tio de Grace – que, com certeza, a procuraria com muito afinco – e só depois eles retornariam de fato para a capital, quando tudo tivesse se acalmado mais. Caleb nunca forçaria Grace a consumar o casamento, ainda mais depois de descobrir sobre o abuso que ela sofreu quando criança, e os dias afastados fariam todos crer que o casamento tinha sido consumado, sendo impossível fazer qualquer coisa para separa-los.

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Paixão ao pôr do solOnde histórias criam vida. Descubra agora