Capítulo 22. Confie em mim

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Hemilton, Gruffin – 1829.

Na manhã seguinte, Grace acordou com a luz do sol entrando pela fresta entreaberta da cortina. Já devia ser tarde, talvez nove da manhã ou mais, pois o sol brilhava com todo vigor do lado de fora. Instintivamente, ela se levantou e abriu as cortinas, como fazia todas as manhãs, mas então, só quando olhou pelos vidros da janela e viu a paisagem campestre, que ela se recordou. Já não estava mais no convento ou na casa do tio, já não era mais Gracelin Bismarque, agora era uma Campbell e seu marido dormia na cama da qual ela acabara de se levantar.

Com um sorriso que brilhava nos olhos, ela se virou para a cama e o viu dormindo, como poderia não ter se dado conta que ele dormia ao seu lado antes de se levantar? Grace abraçou o próprio corpo e caminhou de volta para a cama e se sentou próximo de Caleb, avaliando a feição calma do rosto dele, e só então notou a densa camada de suor que cobria não só o seu rosto, como também todo o pescoço e um pedaço do tronco que estava para fora das cobertas. Imediatamente, ela levou a mão à testa do marido, se assustando com a temperatura.

- Caleb? – disse ela em um sussurro. Ele estava queimando de febre, não era possível que ela não tivesse notado o calor do corpo dele enquanto dormia a apenas alguns centímetros, dividindo a mesma coberta.

Grace se curvou sobre o corpo do marido, avaliando a ferida causada pela bala no ombro dele. O corte estava vermelho e toda a pele ao redor tinha adquirido um tom amarelado. Tinha infeccionado.

- Caleb? – ela o sacudiu, tentando acorda-lo, mas sem sucesso. – Caleb? – ela o sacudiu com mais força.

Ele não acordou, estava inconsciente. Uma infecção progredindo tão rapidamente assim não podia ser uma coisa boa, precisava de um médico imediatamente.

Grace deu um pulo e se levantou da cama, pegou seu robe que estava jogado no chão do quarto e o vestiu às pressas, prendendo a tira na cintura enquanto descia a escada da casa, não conhecia muito bem o lugar, mas sabia onde ficava a sala de jantar e a sala de visitas.

- Luca, não me faça ter que colocá-lo de castigo! – Grace ouviu a cunhada dizer em tom severo e se virou na direção da voz, vendo Emma no vestíbulo da casa.

- Mas... – protestou o menino, parado de frente para Emma com a cabeça baixa.

- Luca Edward Lewis, você já sabe as regras sobre trazer Ellie para dentro de casa. – Ela interrompeu o menino.

Aquilo podia esperar, Grace entrou no vestíbulo, apressada. Emma a olhou e assumiu uma expressão preocupada ao ver o desespero de Grace.

- Caleb... – disse ela para a cunhada. – Caleb está inconsciente. A feria infeccionou, precisamos de um médico.

A garganta de Emma oscilou quando ela engoliu em seco. Grace apenas observou enquanto ela deu um olhar sério para o menino, que Grace supôs ser seu filho, e então a ruiva já estava passando por Grace, às pressas.

- Mason? – Emma chamou com a voz alterada, o mordomo surgiu de uma sala com as pestanas erguidas para a patroa, Emma não esperou resposta. – Mande o cavalariço mais rápido dos nossos estábulos ir buscar o doutor Collins agora mesmo, meu irmão precisa dele urgentemente.

O mordomo assentiu e deu as costas para elas, indo cumprir as ordens da senhora da casa. Então Emma olhou para Grace por cima do ombro e já foi para a escada, Grace não hesitou em segui-la.

- O que aconteceu, exatamente? – indagou ela. Grace franziu a testa. – O que aconteceu com Caleb? Ele levou um tiro, mas o que vocês fizeram para desinfectar? Ele estava bem mesmo ontem à noite?

- Limpamos com uísque na carruagem. Era a única coisa que tínhamos, mas não era de boa qualidade, talvez estivesse contaminado... não sei. – Grace disse, as duas já no corredor do andar de cima. – Ele não reclamou de dores, eu perguntei, mas ele disse que não estava doendo e garantiu que ficaria bem. A pele estava vermelha, mas não tinha sinal de infecção.

Paixão ao pôr do solOnde histórias criam vida. Descubra agora