Capítulo 10. Um mês?

870 120 18
                                    

Rudá, Gruffin – 1829.

Charlote poderia estar certa? Grace se questionava, deitada na sua cama com Otis ao seu lado. Ela voltou para casa com a dama de companhia logo depois que o Sr. Campbell... não, agora ela o chamaria de Caleb, saiu.

Porque ele iria se preocupar em garantir que ela comparecesse ao baile, ela não tinha ideia, mas se sentia incrivelmente grata a ele por isso, ela sempre sonhou em ir a um baile e dançar com vários cavalheiros, a fama dos bailes da marquesa de Thunderbergh era conhecida até em RiverPort, diziam que ela superava até a mãe quando o assunto eram os bailes. E Caleb a estava ajudando a convencer o tio a deixa-la ir...

Grace sentia uma sensação estranha ao pensar nele, na forma discreta como ele sorria para ela e naquela piscada dele quando se despediram. Ela queria ter ficado mais com ele, mas sabia que era errado, eles estavam em público, mas ela estava sem dama de companhia e isso poderia gerar boatos. Apesar de qualquer coisa que ela pudesse sentir, nada aconteceria, Caden estava na ilha para se casar com ela, ele tinha vindo do continente apenas para assinar os papéis e para eles se casarem, não adiantaria ela se iludir, sendo levada pelas palavras da prima, e acreditar que Caleb Campbell pudesse sentir algo por ela, provavelmente ele só estava sendo gentil com Grace, como um amigo.

Alguém bateu à porta do seu quarto, tirando-a dos seus pensamentos, e então o mordomo da casa abriu a porta e olhou para ela com um pingo de desprezo no olhar.

- Seu tio quer falar com a senhorita. – disse ele. – Ele a aguarda no escritório.

- Obrigada, já vou descer. – Ela disse com um sorriso, sabia que Albert não gostava dela, mas sempre se esforçava para ser simpática com o mordomo.

Grace alisou a saia do vestido, depois a colcha da cama, deixando tudo em ordem, pegou Otis e colocou-o na sua gaiola, então ela foi para o corredor e desceu a escada da casa, indo para o escritório do tio.

- Pediu para me chamar? – ela perguntou ao entrar no cômodo e se sentar de frente para o tio.

Tio George era um homem de altura mediana, já fora mais em forma, mas estava mais robusto, tinha o cabelo e os olhos castanhos e rugas na testa e no canto dos lábios, reflexos da expressão sempre severa que exibia. Grace não se lembrava de tê-lo visto sorrir em ocasiões que não fossem as duas vezes em que ele brincara com ela, como ele gostava de chamar aqueles dois episódios.

- Você vai ao baile na casa da marquesa de Thunderberg nesta noite. – Ele anunciou sem nem se importar em tirar os olhos do papel que lia.

- Como? – ela fingiu estar surpresa.

- Parece que você virou amiguinha da duquesa. – Agora o tio a olhou. – Ela enviou um bilhete dizendo como ficaria feliz em tê-la neste baile. Se arrume e seja simpática com as duas no baile, Lord Knox estará lá e ficará de olho em você.

- O senhor não vai? – Grace perguntou com surpresa.

O tio negou com a cabeça e fez um movimento de mão.

- Sabe que odeio bailes e não quero gastar com o seu debut, mas é um pedido da duquesa, não posso declinar algo assim. Seu baile de noivado será em alguns dias e será bom que você se torne amiga da família Campbell, Lord Knox poderá ver o seu potencial com isso.

- Em alguns dias? – ela realmente não sabia disso. – Mas o casamento não será em três meses? Para que toda a pressa?

- O casamento será em um mês, garota tola. Lord Knox conseguiu uma licença especial.

- Um mês? – ecoou ela, sem confiar nos próprios ouvidos.

- Seu noivo é um homem influente, foi fácil conseguir uma licença especial. – Ele deu de ombros. – Agora, se não se importa, eu tenho trabalho a fazer. E você tem que se arrumar para o baile, compre um vestido novo se for preciso, Lord Knox tem que ver que você não é totalmente imprestável.

Grace não sabia de onde saiu a sua coragem, mas quando a raiva cresceu dentro dela, ela deu um pulo e bateu com força na mesa do tio.

- O senhor vai me embrulhar e colocar um lacinho para entregar a ele, também? – gritou ela.

O tio a fulminou com o olhar e se levantou também, ficando vermelho. Aquela era a primeira vez que ela falava daquela forma com o tio.

- Se isso fizer ele aceitá-la mais facilmente, lhe embrulhar não será uma má ideia. – O tio disse de forma calma e sorriu com sarcasmo. – Me escute, Gracelin, e não me desobedeça. Se não quer que voltemos a nos divertir juntos, é melhor aceitar esse casamento com Lord Knox e não me desafiar, quero que ele fique totalmente encantado com você.

Grace estremeceu com as palavras do tio, um calafrio percorrendo a sua coluna. Ela abaixou a cabeça e saiu do escritório, lutando para segurar as lágrimas e não chorar na presença dele.

Aceitar a proposta de Lord Campbell fora uma má ideia. Ela só queria ficar no seu quarto e deixar suas lágrimas escorrerem, não queria ter que se arrumar para ir a um baile, por mais empolgada que estivesse com isso. E também sabia que não poderia passar muito tempo na presença de Caleb, seu coração a estava traindo e desenvolvendo por ele os sentimentos que deveria desenvolver pelo noivo.

Um mês. Ela se casaria em um mês e então se mudaria para Bourbon, no continente, seria uma viscondessa e deixaria para trás o tio e todas as lembranças ruins que viveu depois da morte dos pais, aquele homem asqueroso apodreceria sozinho naquele solar enorme e talvez Lord Knox fosse um bom marido para ela. 

O tio resolveu ser generoso e mandou que uma criada subisse para ajudar Grace a se arrumar para o baile, prova de quanto ele estava contando com a suposta amizade dela com a família de Caleb para impressionar o noivo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O tio resolveu ser generoso e mandou que uma criada subisse para ajudar Grace a se arrumar para o baile, prova de quanto ele estava contando com a suposta amizade dela com a família de Caleb para impressionar o noivo. Mas, apesar de estar noiva, enquanto se olhava no espelho e via a criada fazer seu penteado, Grace só pensava no que Caleb diria ao vê-la, ela tinha escolhido um vestido branco com detalhes floridos em azul-claro que realçavam os seus olhos e tornava-os mais azuis, uma saia grande e rendada e o corpete moldado perfeitamente no seu corpo.

A resposta ao seu bilhete à Charlote chegou cerca de uma hora depois que ela enviou o bilhete, a prima garantiu que passaria para levá-la ao baile e que não se importava em fazer companhia a ela durante a noite. Ela ficava mais ansiosa a cada minuto e não via a hora de finalmente ir para o baile mais falado da temporada.

- O que você acha, Otis? – ela perguntou, sorrindo para o furão. – Estou bonita?

O bichinho olhava para ela com atenção e ela jurou tê-lo visto assentir.

- Será que o Senhor Campbell vai gostar do meu vestido? – perguntou mais baixinho e pegou o bicho no colo, ainda sorrindo.

Mas então ela se sentiu mal, devia se preocupar com a opinião de Caden, seu noivo. 

Paixão ao pôr do solOnde histórias criam vida. Descubra agora