Capítulo 7. Perfeito cavalheiro

917 132 10
                                    

Rudá, Gruffin – 1829.

Grace se sentia profundamente triste e sem motivação. Ela só queria ficar deitada na sua cama, enrolando as pontas do cabelo com o indicador, como fazia naquele momento, e sentindo o amor de Otis, que estava deitado sobre a sua barriga, o pelo albino do animal contrastando com o negro do seu vestido.

- Me sinto derrotada. – Ela disse com um suspiro.

Charlote se virou para ela e arqueou uma sobrancelha.

- E por qual motivo?

- Não preciso de um motivo, o mundo me odeia e a minha vida está sendo traçada neste momento de uma maneira irreversível, isso já basta para que eu me sinta derrotada.

- Certamente você superará isso, Grace, não seria a primeira vez que uma dama é forçada a se casar sem amar o seu noivo.

- Ou talvez eu desfaleça em profunda tristeza, isso certamente é possível. – Ela suspirou. – Como pude me iludir achando que meu tio me daria um bom esposo? Está claro que ele pouco se importa com a minha felicidade. Caden Knox é um egocêntrico machista que quer apenas uma dama para lhe esquentar a cama e lhe dar herdeiros, serei sua égua parideira que vive confinada em casa.

- Bem, você acaba de descrever quase todos os homens que já pisaram nesta Terra. – Charlote disse com um dar de ombros. –

- Eu deveria fugir e fazer os meus votos perpétuos, nunca mais sairia da clausura e não seria mais forçada a casar-me com nenhum homem como Lord Knox. – Grace disse com um tom reflexivo na voz e acariciou Otis.

Charlote estava revirando todos os novos vestidos de Grace no armário, fazendo uma bagunça enorme, o que estava deixando Grace a ponto de surtar. Ela sempre foi fã da ordem e da organização, de saber as coisas com muita exatidão, por isso gostava tanto de matemática, os números nunca mentiam se você os manipulasse de forma correta.

- Deixe de drama. – A prima disse com um revirar de olhos e jogou um vestido esmeralda sobre a cama. – Vista logo este vestido e se apresse, nós não podemos nos atrasar para o jantar na casa do duque.

- E por que escolheu esse vestido? – Grace perguntou, levantando-se.

- Ouvi dizer que o Lord Campbell gosta de verde-esmeralda. – Ela deu de ombros. – Ele ficará ainda mais encantado ao vê-la com esse vestido.

- O duque? – Grace perguntou, confusa.

- Lord Caleb Campbell. – Charlote revirou os olhos. – Ouvi dizer também que ele está hospedado na casa do irmão, aposto que se juntará a nós para o jantar.

- E você realmente acredita que ele está interessado em mim? – Charlote concordou com um meneio de cabeça. – Que pena para ele então, estou oficialmente noiva há meia hora.

- Se ele demonstrar interesse em você, seu tio pode mudar de ideia. O Sr. Campbell é irmão do duque e sobrinho do rei, todos querem ter uma aliança com a família deles.

- Deixe de bobagem, isso não acontecerá.

Ela soltou um suspiro e foi para o banheiro para se trocar, o tio não havia contratado uma criada para ajudá-la e disse que nem contrataria, já que ela se casaria em breve, então Charlote a estava ajudando enquanto estava hospedada na casa dela, mas iria embora no dia seguinte, já que a família dela estava na cidade e já tinham uma casa para ficar. 

Grace reviu os primos e a tia

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Grace reviu os primos e a tia. Nenhum deles se davam bem com o tio George e, por muito tempo, Grace achou que seria melhor se a sua tutela tivesse ficado com a tia Margot e não com o tio George, mas, como a tia deixou de ser uma Bismarque quando se casou, ela fora excluída da responsabilidade, e era mulher, não poderia fazer nada a não ser que o marido permitisse.

O jantar estava correndo perfeitamente bem, o duque e sua esposa pareciam um casal encantador e muito apaixonado. A ideia do jantar foi uma cortesia do duque para Nathaniel, o primo mais velho de Grace, que havia recebido o título de conde de Nindberg. Tudo parecia muito bem, eles conversavam à mesa de jantar, e então o menininho loiro que estava com Lord Campbell no parque entrou correndo na sala de jantar e chamando a mãe.

- Ian está sangrando. – O menino disse ao se jogar no colo da mãe, todos os olhares da sala estavam sobre eles.

- O que aconteceu? – O duque perguntou, já se colocando ao lado da esposa, que estava com o menino no colo.

Naquele momento Grace viu um movimento na porta e olhou para ela a tempo de ver o cavalheiro de cabelo ruivo e olhos azuis, o olhar dela encontrou o dele quando ela viu o Sr. Campbell congelar, eles se olharam por poucos segundos.

- Caleb! – o duque exclamou. – O que houve com o meu filho?

Ela viu quando ele engoliu em seco antes de falar.

- Nada grave. – Ele disse, adentrando mais na sala de jantar. – Foi apenas uma queda nas britas do parque. Ele estava correndo, caiu e se ralou. Philip está preocupado por conta do sangue, mas não é nada. A Srta. Bloom já foi cuidar dele.

O duque pediu licença e saiu rapidamente, sendo seguido pela esposa, que pediu perdão, mas precisava ver o filho, e deixando apenas Caleb para entreter os convidados da família. Grace se permitiu olhá-lo com mais atenção enquanto ele se sentava à mesa e parabenizava Nate pelo título que recebeu, então ele puxou assunto sobre as vinícolas da família, ela sabia que o que ele estava fazendo era tentar distrair a todos até que o irmão e a cunhada retornassem.

Ele era o completo oposto de Caden Knox, seu noivo, e Grace podia ver isso apenas observando como ele se portava à mesa e como conversava de forma descontraída. Caden fora super seco na sua primeira conversa com ela, em apenas algumas horas com ele, Grace já pôde ver muito sobre ele e sobre como seria o seu futuro ao lado dele, ela preferiria ter um prego fincado na testa do que chamar aquele homem de seu marido, mas não podia fazer nada a respeito disso, o tio já tinha negociado tudo e os papéis foram assinados. Mas, apesar de tudo isso, ali estava ele, Caleb Campbell, um perfeito cavalheiro em tudo que fazia, algo nele atraía toda a atenção de Grace e ela não podia desviar os olhos, a forma como o cabelo ruivo dele balançava quando ele assentia e como ele franzia os lábios ao prestar atenção no assunto que falava com outra pessoa. Grace ainda não o tinha visto sorrir, apostava que ele não sorria com frequência, mas sabia que o sorriso dele era sempre verdadeiro e lindo, com os lábios muito curvados e covinhas nas bochechas. Caleb era completamente um perfeito cavalheiro.

Charlote puxou o braço da prima e tirou-a dos seus pensamentos, cochichando no ouvido dela:

- Pare de olhá-lo dessa forma!

Grace olhou para a prima, surpresa.

- Não estou olhando nada.

- Não tente me enganar. – Ela disse com um sorriso. – Vejo nos seus olhinhos que ele meche com o seu coração.

- É... talvez. – Grace deu de ombros. – Mas fique quieta.

- Eu sabia disso! – Charlote comemorou baixinho. – Certo. Pare de olhá-lo.

Ela se sentiu corar por ter sido flagrada olhando para o Sr. Campbell e tentando decifra-lo. Bem naquele momento, com Grace corada como um tomate, Caleb olhou na direção dela enquanto ela cochichava com a prima e abriu um pequeno sorriso para ela, o que a fez corar ainda mais. 

Paixão ao pôr do solOnde histórias criam vida. Descubra agora