Capítulo 9. Os planos

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Rudá, Gruffin – 1829.

Como um mordomo poderia demorar tanto para abrir uma porta? Caleb bateu de novo o trinco contra a madeira e suspirou irritado, Beth precisava de um mordomo mais novo e ágil para atender a porta da frente.

O homem finalmente abriu e ele já se colocou para dentro do vestíbulo da casa, olhando para a sala de visitas, à procura da irmã.

- Minha irmã está em casa? – ele perguntou.

- Ela está no salão de bailes com as cunhadas, senhor. – O mordomo disse de modo despreocupado, sem nem mesmo demonstrar um pingo de curiosidade pela agitação de Caleb.

- Sophie está aqui? – Ele parou de olhar para o corredor e se virou para o mordomo.

- Ela e a senhora Alice também, senhor. Quer que eu as informe da sua presença?

- Eu mesmo vou até lá. – Ele disse, já indo para o salão de bailes da casa da irmã.

Caleb passou pelos criados que carregavam flores e todas as outras decorações para o baile, nos tons de verde e dourado da família Evans, todos eles estavam indo para o salão de bailes também. Quando ele entrou no local, já avistou Beth, Sophie e Alice juntas no meio do salão, girando para os lados e supervisionando cada detalhe do que os criados faziam. Kate organizava bailes incríveis, mas Beth certamente superava a mãe nesse quesito, ela não via motivos para economizar em qualquer que fosse o item que seria necessário para o seu baile ser lembrado como mais belo da temporada, sorte que Peter tinha uma boa fortuna como marquês.

- Caleb? – Beth disse ao ver o irmão e franziu a testa. – Algum problema?

- Preciso da ajuda de vocês. – Ele disse, coçando a nuca, e parando na frente das três. Beth apenas assentiu, pedindo que dissesse o que precisava, exatamente. – Preciso de um convite para o seu baile para uma amiga, e que Sophie escreva um bilhete dizendo o quanto ficaria feliz com a presença dela no baile, tem que parecer que são muito amigas e que você quer muito que ela esteja aqui. – Ele pediu, olhando para Sophie.

- E eu posso perguntar quem é a sua amiga? – Sophie perguntou.

- E o motivo que o faz querer tanto a presença dela no baile? – Beth arqueou uma sobrancelha.

Caleb suspirou.

- Gracelin Bismarque, sobrinha do general Bismarque, aquela que estava no jantar para o novo conde de Nindberg. – respondeu ele. – Mas você pode chamá-la de Grace no bilhete, para parecer mais íntima. – Então ele olhou para a irmã. – O tio dela não quer que ela debute antes do baile de noivado, mas acho que ela merece a experiência de um baile normal, e o tio nunca declinaria um convite da marquesa de Thunderberg acompanhado por um bilhete da duquesa de Gruffin dizendo o quão amigas são da Srta. Bismarque.

- Aquela dama linda de olhos azul-esverdeados? – Sophie questionou com um sorriso travesso nos lábios e arqueou uma sobrancelha para Caleb. – Ela é muito encantadora, acho que posso escrever um bilhete dizendo o quanto gostaria de tê-la no baile.

- Esse é o único motivo para querê-la neste baile? – Alice perguntou, muito curiosa. – Se ouvi bem, ela já está noiva ou estará em breve, espero que não pretenda atrapalhar isso.

Ele fingiu estar ofendido e cruzou os braços.

- Eu nunca faria algo para atrapalhar o noivado de alguém, somos apenas amigos.

- Bem... – ponderou Sophie. – A não ser que ela não queira esse noivado. Nesse caso, não haveria problemas em você atrapalhá-lo.

Caleb fechou a cara e revirou os olhos.

- Podem me ajudar ou vão ficar apenas se metendo na minha vida e fazendo suposições?

- Sinto muito, mas não possuo um título, então não posso ajudá-lo com minha grande influência na sociedade. – Alice fingiu lamentar-se.

Beth e Sophie se entreolharam e já começaram a caminhar para a porta lateral do salão de bailes.

- Mandarei enviar o convite em poucos minutos. – Beth garantiu. – E espero que dê tudo certo para você e a sua amiga.

- Eu também. – Caleb disse baixinho e abriu um sorriso. – Eu amo todas vocês, obrigado pela ajuda, mas agora tenho muito o que fazer na galeria, nos vemos no baile.

Antes que a irmã e as cunhadas pudessem continuar enchendo-o de perguntas, ele decidiu sair rapidamente do salão, já tinha conseguido o que queria.

Ele passou por dentro do parque novamente para voltar para a galeria, na esperança de que Grace ainda estivesse lá e ele pudesse passar mais alguns minutos na presença dela, mas não a encontrou nem naquele banco e nem em nenhum outro local do parque, então ele foi para a galeria e começou a ajudar o valete, mas seu pensamento só estavam em Grace e no baile.

O plano começava a se formar na sua mente, ele iria dançar com ela, iria tentar se aproximar mais dela e talvez lhe diria que a amava, imploraria para que não se casasse com quem quer que fosse o noivo dela, que se casasse com ele. Pareceria patético, mas, se ela já estava noiva, ele estava sem tempo, então só lhe restava torcer para que ela também sentisse algo por ele. Santo Deus, ele parecia mesmo patético, precisava de um plano melhor que esse, não poderia simplesmente chegar na dama que conheceu há uma semana e dizer "oi, estou apaixonado por você. Case-se comigo.", mas não sabia o que fazer, se ele fosse um homem como Joe, seduziria ela e depois se casaria com ela, mas ele nunca gostou de usar os mesmos métodos que o irmão com as damas. Durante toda a sua vida, fora para a cama com apenas duas damas e não sabia como seduzir alguém.

Já tinha dois planos descartados, então o que faria? Talvez devesse falar com o tio dela e manifestar seu interesse nela, mandar flores no dia seguinte e fazer uma visita para cortejá-la, mas ela já tinha um noivo, ela mesma disse que o tio já havia assinado os papéis, ele não poderia cortejar uma dama que já possuía um noivo.

Talvez devesse sequestra-la?

Ou então apenas aceitar que ela não o amava e iria se casar com outro, deixar que ela fosse feliz e tentar buscar outra dama para se casar, por mais que o seu coração doesse com essa ideia. Ele definitivamente deveria aceitar isso. 

Paixão ao pôr do solOnde histórias criam vida. Descubra agora