Capítulo 15. Isso é loucura

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Rudá, Gruffin – 1829.

Havia alguns minutos que Charlote tinha saído, Grace estava na sala de visitas, fazendo uns exercícios de matemática de um dos livros velhos de quando era mais nova, apenas para passar o tempo, e Otis estava em cima da mesa de apoio ao lado do sofá maior, cheirando as flores do vaso. Grace riu ao vê-lo espirrar, toda vez que cheirava flores, ele espirrava, mas mesmo assim insistia em descobrir a fragrância das flores, ela tinha dado banho no furão mais cedo, o pelo albino dele estava refletindo a luz dourada que entrava pela janela, se o tio chegasse naquele momento e visse que ela tinha tirado o animal do quarto, mandaria desinfectar toda a casa e mataria o animal, mas Grace não se importava, sempre que o tio não estava, ela trazia Otis com ela para a sala de visitas.

Assim que ela chegou ao resultado da sua conta e tirou a prova real, o mordomo entrou pela porta da sala de visitas e olhou com desdém para o furão, depois para Grace.

- Lord Campbell está aqui para vê-la, senhorita. – Anunciou ele.

Grace arregalou os olhos e franziu a testa, levantando-se em um pulo.

- Diga que não estou em casa. – Disparou ela, suplicante.

- Sinto muito, mas não será possível, já disse que a senhorita está. – Lamentou-se ele, arqueando uma sobrancelha. – Algum problema com Lord Campbell, senhorita?

- Não, nenhum. – Ela disse mais rápido do que gostaria e balançou a cabeça em negativa. – Peça para que entre, então.

Grace sentou-se no sofá ao lado de Otis e colocou seu livro de matemática no colo, alisando o vestido.

- Quer que eu traga uma dama de companhia, senhorita? – ofereceu o mordomo, com desconfiança.

- Não será necessário, tenho certeza que será apenas uma conversa rápida. – Ela sorriu. – Peça apenas para que sirvam um chá e alguns sanduíches daqueles que madame Cely preparou mais cedo para Charlote.

- Como desejar, senhorita. – O mordomo fez uma leve reverência e saiu.

Grace baixou o olhar para o livro no seu colo e, então, quando ela ergueu o olhar, viu Caleb entrando na sala de visitas com um sorriso discreto no rosto. Grace tentou se manter firme, mas aquele simples sorriso quase imperceptível já a fez estremecer, imagine se ele abrisse um sorriso amplo para ela, então. Ela colocou-se em pé e abriu um sorriso para ele também, ela tentou não pensar muito nele nas últimas horas, depois da briga com o tio, mas a verdade era que pensara nele o tempo todo. E agora ele estava na frente dela, depositando um beijo nas costas da mão dela enquanto seu olhar permanecia no dela.

Grace esperou que o mordomo se afastasse da porta da sala de visitas e que Caleb se sentasse no sofá de frente ao seu, mantendo uma distância respeitável entre os dois.

- Posso perguntar o motivo desta visita? – Grace perguntou de maneira educada, tentando disfarçar sua curiosidade, então notou o olhar dele sobre Otis ao lado dela no sofá. – Este é o Otis. – Ela disse com um sorriso.

O olhar de Caleb encontrou o dela e ele abriu um sorriso, formando covinhas nas bochechas, exatamente como ela havia imaginado.

- Você não tinha me dito que ele é albino. – Caleb comentou. Como se soubesse que falavam dele, Otis ficou sobre as patas traseiras e olhou para Caleb. – Ele parece ser bem inteligente.

- Ele é. – Grace disse com orgulho. – Os furões são uns dos animais mais inteligentes da natureza, por esse motivo foram domesticados tão cedo pelos humanos e usados como mensageiros por muito tempo.

- Até descobrirmos que os pombos são mais rápidos, suponho. – Ele brincou.

- Perdoe a minha indiscrição. – Grace pediu. – Mas não acredito que tenha vindo apenas para conhecer o meu furão.

Paixão ao pôr do solOnde histórias criam vida. Descubra agora