Londres, 1941.
Apesar de ser verão, senti o vento gélido de uma brisa balançar meus cabelos acobreados enquanto andava pela rua, em direção ao tormento matinal de todos os dias: a escola.
Fechei o leve casaco que usava e apressei o passo enquanto ouvia o burburinho de alunos conversando animadamente uns com os outros. Eu nunca fui muito de ter amigos e nesse lugar não seria diferente. Também, com o pequeno grupo de ácefalos que me cercavam, eu fazia questão de realmente não manter contato.
De fato, a minha convivência nada boa com meus pais influenciava e muito em meus relacionamentos. Eu me sentia abandonada e rejeitada... isso sempre fazia com que eu tivesse medo de me aproximar das pessoas. Se eu não tivesse ninguém em minha vida, eu não teria a quem perder e portanto, não haveria nenhum sofrimento. Eu era a prova de sentimentos. Pelo menos, era o que eu acreditava.
Assim que entrei na sala, fui direto para o lugar onde costumava me sentar e comecei a organizar as minhas coisas.
Ouvi risadas e levantei os olhos do meu caderno, onde rabiscava inconscientemente alguns traços (que notei ser um grande leão.. já havia um tempo que estava sonhando com um).
Duas garotas me encaravam e cochichavam entre risadas uma com a outra. Apertei o lápis em meus dedos e voltei a desenhar.
De repente, uma das garotas, a loira de trancinha, passou por mim andando e começou a conversar com um garoto. Ah, aquele garoto.
Louis MacArthur. Um típico garoto inglês que fazia as garotas derreterem e não era por menos, que ele era o garoto mais popular. Seus olhos azuis e cabelo loiro levemente cacheados, juntamente com sobrancelhas grossas, lábios rosados e bochechas coradas davam a ele, um ar angelical. Era o garoto mais lindo que eu havia visto em toda a minha inútil existência.
Infelizmente eu não estava imune ao charme daquele rapaz.
A garota conversou rapidamente com ele e ele se afastou irritado, vindo até mim. Desviei o olhar, fingindo que nem estava prestando atenção.
_ Me desculpe.. - ele falou tentando chamar minha atenção assim que parou ao lado da minha cadeira - Mas será que eu posso falar com você por alguns minutos?
Pisquei atônita o encarando. Era a primeira vez que ele realmente falava comigo desde que cheguei nessa escola.
_ S-s-sobre? - acabei gaguejando e praguejei mentalmente antes de pigarrear - Sobre o que quer falar comigo?
_ Bom, é coisa rápida.. - ele sorriu, mostrando suas covinhas - Se importaria se fôssemos para um local mais reservado? Eu não quero ter que conversar sobre isso onde as pessoas podem ouvir.
Assenti e me levantei, deixando minhas coisas na mesa. O encarei e gesticulei para que ele fosse na frente e assim ele liderou o caminho.
Faltava cerca de quinze minutos para que as aulas começassem, então os alunos já estavam entrando em suas respectivas salas. Caminhamos até um pequeno pátio e ele apontou para um banco, nos sentamos.
_ Então? - tomei a iniciativa, o encarando, curiosa.
_ Eu te chamei aqui porque queria falar com você sobre... - ele pareceu pensar - Algumas coisas.
_ Que coisas?
_ Assim que cheguei hoje, a Olívia veio me falar sobre você.. - então a loira se chamava assim - E o que ela me disse sobre você me deixou incomodado. Me senti na obrigação de te defender..
_ O que ela disse?
_ Que a garota nova problemática estava apaixonada por mim, porque você não tirava os olhos de mim. Além de outros xingamentos que não vem ao caso... - ele suspirou - Repetir.
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Entre Reis e Guerras • || Edmundo Pevensie
RomanceO amor é a força mais poderosa nesse e em todos os outros mundos. É o elo perfeito que tem o poder de unir pessoas e restaurar corações, mesmo em tempos de guerra. Amar é uma escolha. O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vanglori...