Peregrino da Alvorada

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_ Tem mesmo 18 anos? - ouvi o sargento que estava sentado a mesa perguntar. 

_ Por que? Pareço mais velho? 

O militar suspirou e estendeu a mão para pegar o documento de identificação.

_ Alberta Scrubb? 

_ Erraram na hora de escrever. Deveria ser Albert A. Scrubb. 

_ Edmundo! - Lúcia gritou, fazendo com que o irmão se virasse irritado - Deveria estar nos ajudando com as compras. 

Todos os garotos na fila riram e o militar o olhou irritado antes de devolver a identificação falsa. O cara que estava atrás de Ed passou a mão na cabeça dele rindo.

_ Boa sorte na próxima, fedelho.

_ Fedelho? Ele não era nem dois anos mais velho que eu.. - Edmundo bufou irritado pegando a caixa de madeira cheia de verduras que Lúcia carregava - Sou um rei! Estive em guerras e liderei exércitos! 

_ Não nesse mundo, meu amor.. - falei rindo. 

_ É.. mas estou preso aqui brigando com Eustáquio Clarêncio Scrubb. Ele merece o nome que tem. 

[...]

_ Chegamos! - Lúcia falou animada enquanto entrava na casa e ia em direção a cozinha, o tio dos meninos estava sentado em sua poltrona com a cara enfiada no jornal e nem se deu ao trabalho de responder - Tentei comprar algumas cenouras, mas só havia nabos - Começo a fazer a sopa? 

Ele continuou sem responder e Ed lançou uma careta irritada.

_ Pai! Edmundo fez careta pra você! - a voz de Eustáquio surgiu no começo da escada e Edmundo o fuzilou com os olhos.

Antes que pudesse dizer algo, o garoto soprou uma bolinha de papel com cuspe em Edmundo através de um canudo.

_ Seu filho da mãe! - Ed correu escada acima atrás dele.

_ Ed! - chamei, assim como Lúcia. 

_ Carta da Susana! - Lúcia falou animada estendendo o envelope. 

Subimos para o quarto de Lúcia, já que o de Edmundo era dividido com Eustáquio. Lúcia lia empolgada a carta e eu nem prestava atenção já que ela falava apenas de um cara que havia conhecido. 

Edmundo analisou um quadro que estava pendurado na parede e eu o analisei. Em poucos meses, Ed já havia se transformado bastante. Cresceu e parecia mais velho agora que completou seus 18 anos. Seu cabelo preto estava um pouco maior e ele continuava incrivelmente lindo.

A pintura que ele olhava era a de um navio que estava em alto mar.. bem distante. 

_ Já haviam visto esse barco antes? - questionou.

_ Sim.. parece bem estilo de Nárnia, né? - falei.

_ É.. só serve para lembrar que estamos aqui e não lá.. - Ed respondeu. 

Nós três nos aproximamos ainda mais, observando a pintura.

 _ Era uma vez órfãos.. sem ter o que fazer.. acreditando em contos bobos de ler.. - Eustáquio interrompeu entrando pela porta do quarto. 

_ Por favor, me deixe bater nele.. - Ed pediu já avançando sobre ele.

_ Amor, não.. - segurei seu pulso e ele parou. 

_ Não sabe bater na porta? - Edmundo questionou.

_ Esta é minha casa.. vou aonde quiser. São só hóspedes... - ignoramos ele enquanto voltamos a olhar o quadro, ele apenas se sentou na cama - O que há de extraordinário nesse quadro? É horroroso!

Entre Reis e Guerras • || Edmundo PevensieOnde histórias criam vida. Descubra agora