Campanha de Eleição

8 2 0
                                    

A corte após conversações estreitas decidiu então fazer com que a escolha viesse pela primeira vez não como opinião e escolha dos nobres, mas do povo que todos os dias faziam muito para dar um sentido de visão próspera ao Império. Talvez a questão seja o porquê de uma decisão assim tão precoce e imediato? A resposta resume-se na discussão que houve dentre o povo, pois não conseguiam digerir de forma clara o porquê que a corte por muitas lohas guardaria esse segredo, estaria o Imperador a querer que o trono ficasse com os seus filhos? Ou porque tudo se resume ao carácter do seu irmão o Príncipe Imperador Kuleba.

O povo Tchokwe só queria um líder, uma lei carnificada em forma de um deus vivo entre os homens, diferente de outros povos os Tchokwes sempre se mantiveram leais e fiéis ao seu líder, deixando clara a reciprocidade como filosofia de prosperidade coletiva.

A corte tinha obviamente a sua conclusão, mas como a corte aos olhos de Kuleba estava toda corrompida, os nobres representantes da corte mais o sacerdote chefe, decidiram clarificar diante do povo que tinham a prerrogativa de eleger, desde que houvesse sangue Imperial, ou seja, tinha que ser um elemento da família Imperial, um descendente dos Kiabamba.

A Imperatriz desde o primeiro momento não se mostrou de tamanho agrado com a decisão e achava ser uma grande afronta aos deuses que ela creditava, porque para ela o seu filho era o Príncipe que devia imediatamente ser empossado. Era sem dúvidas um momento um tanto fugaz para o Príncipe Kuleba, pois os seus planos iam perfeitamente bem, mas após ter visto a negação da Imperatriz ele não se viu com outras escolhas a não ser colocá-la na posição de oposição aos seus ideais.

Kuleba precisava de um aliado forte na corte, ele sabia que dentro da corte haviam muitos soberbos, viu isso como uma grande oportunidade para oferecer poder, pois as alianças que ele  tinha com outros reinos o faziam um homem influente e com poder.

Como tinha sido decretada a escolha justa vindo do povo depois dos nobres da corte, então a corte ordenou que todos pintassem as suas portas de preto caso quisessem o Príncipe Kuleba como Imperador e verde para os que quisessem o Príncipe Lunda como Imperador, o povo tinha  sete noites e sete dias para poder decidir, enquanto isso os candidatos ao trono tinham que dizer perante aos deuses o porquê que a competência de Imperador teria que ficar com ele, só assim teriam que ir em todas as cidades do Império para fazer a sua campanha de eleição o que a corte denominou como "Escolha popular" e a campanha não podia ser discutida ou conversada durante a noite, pois o sacerdote chefe tinha informado à corte e ao povo que durante a noite é preciso que a  escolha fosse sagrada segundo a decisão dos deuses.

Fraude de Kuleba nas suas eleições

Kuleba sabia que a sua ausência era um facto que o deixaria sem chances de ser escolhido ainda que a sua campanha fosse bastante inteligente devido a sua  forma persuasiva  de discursar suas ideias, porém isso não era de todo o suficiente para ganhar a corrida para o trono, então pensou em criar a estratégia de contra-ataque, refutando todos os discursos do Príncipe Lunda, baseando-se principalmente na norma ancestral que o excluía de poder tomar o trono e ser o líder do povo Tchokwe.

Sempre que Lunda fosse para um ponto da cidade descrever o porquê tinha que ser eleito como futuro líder, o Príncipe Kuleba ia horas depois ao mesmo lugar e deturpava tudo de forma a tornar evidente que saiu do Império não porque quis, mas sim porque o seu irmão o Imperador Sonhi sempre quis que fosse ele e a sua linhagem sanguínea que liderassem o trono.

O Príncipe Kuleba deturpava dizendo:

- Se vocês ainda manterem os olhos sobre a terra, jamais saberão quais escolhas e preferências os deuses querem.

- Todos devem respeitar e seguir as normas ancestrais e não pode ser ideia humana, mas si dos deuses. E o meu sobrinho Lunda é um menino ainda, eu já o disse que muito tem para contribuir para o Império.

- Lunda foi escolhido pelos deuses, não acha? - perguntou Zawe um jovem estudante de txôtologia que estava dentre o povo. 

- Ele não foi escolhido pelos deuses. - respondeu Kuleba.

- O Imperador Sonhi agora é um deus, presumo que a indicação dele passa a ser válida por mais que não pudesse ter legitimidade de escolha com menor lohas o Príncipe Lunda. - disse o jovem Zawe.

-  Obviamente que não é legítimo, ele não tem como ser o Imperador enquanto existir dentro da família Imperial um membro com 35 lohas. - respondeu imediatamente Kuleba.

- Se formos perceber melhor a obediência das normas, o Príncipe Kuleba compreenderá que estamos diante de uma sugestão direta de um deus, visto que ele indicou publicamente o Príncipe Lunda e caso o Príncipe tivesse mais de 35 lohas teria que ser imediatamente empossado segundo as normas, agora precisamos ser menos rigorosos uma vez que um facto como este nunca tinha acontecido dentro do Império, no entanto podemos então considerar legítimo pela justiça dos deuses o empossamento do Príncipe Lunda. - argumentou Zawe a sua afirmação.

- Não é de todo assim, há muito por ser discutido, mas a partida não pode ser empossado e nem eleito por escolha do povo, porque eu tenho lohas suficientes e tenho experiência com o sol que nos aquece e a chuva que nos lava o rosto. disse Kuleba.

O IMPERADOR KIABAMBA VOnde histórias criam vida. Descubra agora