A notícia chegou ao Kongo

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Enquanto no Império Lunda-Tchokwe o povo lamentava pelo seu Imperador, o reino do Kongo se encontrava em época de preparação para mais uma loha de festividade, o mesmo evento ocorria em cada loha, após as colheitas os impérios e reinos reuniam-se para poder fazer um grande banquete para o exercício dos laços,  tornarnando assim mais extreitas as relações no sector agrícola. Normalmente eram 2 dias seguidos de festas com muita fartura e devoção aos deuses de cada povo, isso era possível devido a tolerância do credo  existente entre os povos vizinhos.

Era mais um dia de trabalho para o Príncipe Imperador Kuleba Nyossih Kiabamba, até receber uma carta vinda da corte Imperial, daquele que era o lugar onde ele tinha nascido e tinha sido expulso por má índole consequência do seu comportamento.

O Príncipe ficou surpreso e durante um quarto de horas decidiu não dar tanta importância à carta, porque ele tinha decidido não prestar mais atenção à corte Imperial e suas decisões, pese embora planejava voltar para Lunda-Tchokwe e tomar o trono que ele defendia ser seu por direito à força.

Então, decidiu ler e se deparou com a notícia da morte do seu irmão e sobre o segundo desejo que o Imperador Sonhi tinha solicitado o regresso dele ao Império para poder ultrapassar todas as mágoas e auxiliar o sobrinho que seria empossado como novo Imperador, podendo assim também resolver o irritante que criava um caos à família Imperial.

Kuleba esperava por lohas uma oportunidade dessas, para poder finalmente ver o seu desejo realizado, então sorriu e amafanhou a carta dizendo:

- Os deuses sabem que é minha vez e que o Império precisa de um Kiabamba verdadeiramente legítimo.

- Enquanto eu estiver vivo ningúem assimirá esse trono a não ser eu mesmo, essa é a minha vez.- afirmou ele.

Voltou a repensar como voltar e assumir o trono, assumir a liderança e tomar todas as esposas do seu irmão como vingança, para que instaurar respeito à força, pensou também em colocar o seu nome como um deus e apagar o nome do seu irmão e se possível matar o seu sobrinho caso lhe desse imenso trabalho, porque acreditava que daí apagaria de vez a dinastia do seu irmão, pois ele achava-os muito afáveis e dramáticos.

Kuleba era um bom gestor de comércio no Kongo, tinha grandes admiradores em todo reino do Kongo, porque antes que o Kongo começasse a fazer trocas comerciais foi graças ao plágio estratégico do plano do Impérador Sonhi Kiabamba IV que ele conseguiu dar ao reino do Kongo uma prosperidade satisfatória para aquele povo.

Por outro lado o reino do Kongo, lhe tinha por perto porque sabia que Kuleba tinha os segredos da corte Imperial especificamente sobre as normas ancestrais dos Tchokwes e o Rei Nkuakuvu Nakuembele usava-o a seu favor para os seus planos futuros de reconquistar os territórios que o Império Lunda-Tchokwe tivera roubado dos seus ancestrais kongoleses e ter-lhe como aliado era o mais certo a se fazer para alcançar os seus planos, mas Kuleba não sabia de tudo isso, pois o tinha como seu aliado e sempre deixava claro as suas reais intenções com o apoio do reino do Kongo e que a qualquer momento ele poderia regressar ao Império e tomar o trono.

Então, se dirigiu até ao palácio do Rei Nkuakuvu Nakuembele e o disse:

- É chegada a hora.

- Tens a certeza ?- questionou o Rei Nkuakuvu Nakuembele.

- Sim, é a perfeita hora!- respondeu Kuleba.

- Mas, conta-me porquê agora Kuleba? Se o Imperador ainda lá está?- questionou o Rei Nkuakuvu Nakuembele

- O Imperador hafa, O "grande" Imperador de Lunda-Tchokwe hafa, digo isso porque recebi uma carta da corte Imperial hoje pela manhã.- disse Kuleba.

- Hafa? Mas isso é verdade ?não achas ser uma armadilha da corte?- perguntou o Rei Nkuakuvu Nakuembele.

- Não! É a mais pura verdade, eu sabia que ele estava doente e os deuses finalmente o levaram.- respondeu Kuleba, todo rigozijado ao noticiar ao Rei Nkuakuvu a morte do seu próprio irmão.

- Não queres aguardar até o cortejo fúnebre para viajares até lá? Acredito que nem todos te querem ver por lá.- questionou sugerindo o Rei, porque notava que a agitação de Kuleba lhe iria fazer estragar seus próprios planos.

- Infelizmente não posso, porque tu sabes que segundo a tradição dos Tchokwes o corpo não pode ficar por muito tempo exposto diante dos humanos, ele tem de ser enterrado no jardim sagrado, para poder se tornar um deus ou um ajudante de deus.- respondeu Kuleba.

- Kuleba! Tu queres ir ao cortejo? Logo no cortejo? pelos deuses. Isso é insensato de se fazer. -questionou preocupado o Rei Nkuakuvu.

- A carta diz que preciso estar lá no cortejo, segundo ele isso servirá de pacto familiar para resolução de conflitos.- respondeu Kuleba sorrindo segurando a carta.

- No cortejo! Isso trará problemas, digo-te pelos deuses. - disse o Rei Nkuakuvu.

Nada mudaria a vontade de voltar para Lunda-Tchokwe, o Príncipe Kuleba não via a hora de ir à Saulimbo, então pediu ao Rei Nkuakuvu que lhe desse permissão para sair, lhe foi concedida a permissão e ele se retirou da presença do Rei e foi arrumar tudo que era seu para regressar à Saulimbo às pressas.

O IMPERADOR KIABAMBA VOnde histórias criam vida. Descubra agora