Continuação.Cap1.4.1

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Zangonu em Saulimbo

Assim que o sacerdote Zangonu chegou à Saulimbo, foi direitamente reunir com a corte Imperial, estavam quase todos presentes excepto a Imperatriz, estavam sentados e queriam saber o que vinha como mensagem de Kwassa Mahamba.

Então, começou o sacerdote Zangonu a ler a carta escrita pelo sacerdote chefe, assim como lhe tinham ordenado, dizendo:

Moyoweno, espero que a corte esteja toda protegida pelos deuses, irmãos é com muita dor que informo que o Imperador hafa, os deuses vieram buscá-lo para a eternidade ancestral na passada madrugada, é um momento muito delicado para o Império, peço que confiemos nos deuses para que possamos caminhar juntos nessa nova jornada.

Kwassa Mahamba, Sacerdote Chefe Satchifunga Fupa Mahamba.

A corte Imperial, se manteve calada após o término da leitura da carta e todos olhavam uns para os outros tentando encarar a realidade de forma mais sensata.

Passado alguns minutos após o sacerdote Zangonu ter lido a carta, os presentes na sala da corte ouviram a porta abrir e era a Imperatriz que em seguida disse:

- Aconteceu alguma coisa com ao Imperador, sacerdote?

- Responde! Ele está bem? Porque essa mensagem matinal vinda de Kwassa Mahamba antes do escaldar do sol, não é de certeza uma boa notícia. -voltou a dizer a Imperatriz que parecia estar inquieta e impaciente por respostas.

- Imperatriz pedimos que se acalme.- disse o Seba Tuambe, um Kwamba, o homem que delegava as escrituras e destinava o seu tempo em escrever todos os acontecimentos do Império.

- Como querem que eu me acalme se é o nosso Imperador?-disse a Imperatriz

- Entendemos a sua preocupação, recebemos uma notícia de Kwassa Mahamba que precisamos ser fortes.- disse Seba Tuambe.

- Então, o Imperador hafa? Pelos deuses, como eles não pouparam o Imperador?- questionou a Imperatriz chorando.

- Sim Imperatriz infelizmente o Imperador hafa, os deuses o levaram na passada madrugada de hoje!- disse o Sacerdote.

- Oh deuses, o meu lunga"(tradução livre: marido, esposo, homem)" não.- disse a Imperatriz.

- Precisamos agora ser fortes.- disse o Sacerdote.

A Imperatriz estava muito triste com a notícia que os membros da corte acharam por bem leva-la para os seus aposentos para que ela tivesse o seu momento de luto e de introspeção com a decisão dos deuses. Como se não bastasse a Imperatirz tinha também uma importante missão de ir informar os filhos e as outras duas mulheres do Imperador, as outras esposas não podiam fazer parte da corte porque somente a primeira mulher podia fazer parte da corte Imperial segundo a norma ancestral.

Terminada a sessão de leitura da carta vinda de Kwassa Mahamba, o sacerdote informou a corte que se apresentasse à Saulimbo o mais rápido possível e em seguida pediu para que lhe dessem permissão para poder voltar para Kwassa Manhamba para poder ajudar o sacerdote chefe no processo para perfumar o corpo do Imperador.

O cortejo fúnebre do imperador deve ser feito em Kwassa Mahamba segundo as normas ancestrais, para que o Imperador esteja em purificação ancestral até se tornar um deus para o seu povo ou um ajudante de um deus.

A corte Imperial em reflexão decidiu manter as ordens deixadas pelo Imperador antes do hafa, então começaram a repensar no empossamento imediato do novo Imperador, algo que eles pensavam que levaria um tempo até o Príncipe Imperador Lunda Mukumbi Kiabamba atingir mais lohas, pois as normas ancestrais ordenavam que o novo Imperador empossado devia ter no mínimo 30 lohas e o Príncipe Imperador Lunda Mukumbi Kiabamba tinha apenas 17 lohas, mas o Imperador Sonhi Kiabamba IV antes do hafa tinha elaborado um decreto que alterou a ordem da norma ancestral à esse respeito.

A corte Imperial de todo não podia informar ao povo sobre esse novo decreto, porque seria imoral a sua aplicação segundo aos olhos do povo, o povo não tinha acesso a essa informação porque somente os nobres da corte Imperial tinham o acesso ao conhecimento das normas ancestrais e o povo apenas acompanhava e confiava as decisões da corte Imperial, porque nunca tinha acontecido um desrespeito às normas para que essas questões fossem levantadas pelo povo.

Cabia também a responsabilidade aos membros da corte Imperial de passar a mensagem para as cidades de forma ordeira e clara para que não se criasse um pânico e trouxesse tumultos no Império. Então, os administradores das cidades foram informar como devia ser ao povo, como não podia ser para menos o povo ficou entristecido e de forma ordeira prestaram petições aos deuses para que o recebessem e o guardassem dentro de cada Lunda-Tchokwe como um deus. Uns até decidiram fazer marchas em silêncio em nome do Imperador.

Ouvia-se choros nas casas, nos campos e nas zonas comerciais, até mesmo os forasteiros prestaram homenagem ao Imperador.

Fora do Império, os vizinhos mandaram discriminadamente cartas à corte Imperial,  a demonstrar solidariedade e afeto para aquele que era um dos homens que lutava para que o resgate da consciencialização de Akwafrika fosse tida pelos Akwafrikanos, visando no autodesenvolvimento das suas potencialidades minerais e capital humano.

Sem dúvidas não era apenas uma perda dos Tchokwes, mas sim uma perda de todos, pelo exemplo humano de um verdadeiro líder que Akwafrika já teve.

O IMPERADOR KIABAMBA VOnde histórias criam vida. Descubra agora