Continuação.Cap1.4

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- Por quê que tu nunca estás cá quando preciso? -disse o sacerdote chefe enfurecido e impaciente pela demora.

- Mestre Eeee.. eu, estava a ajuntar as velas para o ritual de festividade da colheita desta loha, sua santidade pediu que fizesse isso hoje.- respondeu o sacerdote com a cabeça abaixada.

- A questão agora não é está, é sobre o Imperador, preciso que pares de fazer o que estás a fazer para ires à Saulimbo.-disse o sacerdote chefe.

- Mas porquê mestre, o que aconteceu, o que houve com o Imperador? Ajuntou os pés?- perguntou ancioso o sacerdote Zangonu.

- Mas, oh Zangonu como podes brincar com uma situação séria como está? Com palavreados impróprios de um sacerdote, como? - respondeu perguntando com um ar aborrecido o sacerdote chefe.

- Mestre eu só quis saber!- disse o sacerdote Zangonu.

- Se a pergunta é se o Imperador hafa "(tradução livre: morreu, faleceu)" sim hafa.- respondeu então o sacerdote chefe de forma irónica e direta.

- Pelos deuses, que azar e castigo. Oh deuses porquê não o poupastes?- disse assustado o sacerdote Zangonu com a resposta, sendo que em seguida questionou aos deuses olhado pro alto com as mãos colocadas à cabeça.

- Zangonu para com dramas se faz favor, é tão estranho ver-te desse jeito.- disse o sacerdote chefe.

Pegou o sacerdote chefe numa folha e começou a escrever a carta com o comunicado do hafa do Imperador para a corte Imperial, portanto assim que terminou de escrever, disse ao seu discípulo:

- ides informar até Saulimbo para teres com a corte Imperial e lê perante eles esta carta que o entrego e diga para que venham às pressas à Kwassa Mahamba.

- Esta bem mestre Irei à Saulimbo informar a corte assim como mo dissestes.- respondeu o sacerdote Zangonu, recebendo a carta das mãos do sacerdote chefe.

Lá se foi o sacerdote Zangonu Sula Mahamba a mando do seu mestre, com ele estava acompanhado a carta, um papilo embrulhado e amarrado com uma fibra e carimbado com o óleo temperado e perfumado com canela, frequentemente usado no sacerdócio em Kwassa Mahamba para declarar que o documento é fidedigno vindo daquele santo lugar.

Zangonu Sula Mahamba para além de ser sacerdote e ter conhecimentos espirituais aquando formado sacerdote, ele apreciava em segredo a ambição do Príncipe Imperador Kuleba Nyossih Kiabamba, o irmão do Imperador, pelas palavras que o mesmo proferia para a expansão do Império conquistando outros territórios de forma sangrenta e evil, afirmando que os outros povos são inferiores e deviam sobreviver com base a trabalhos esforçados em Lunda-Tchokwe, ou seja, trabalhando como escravos, facto este que ele afirmava ser um divino privilégio.

Havia um enorme antagonismo no meio da família imperial, isso porque o Imperador Sonhi Kiabamba IV era contra qualquer afirmação defendida pelo seu irmão, o Imperador abraçava a pacificação entre os povos e uma diplomacia justa e tudo que fosse contrário a isso causaria atraso e sofrimento entre os povos, ele mesmo já tinha batalhado várias vezes, mas após lohas de conquistas, conflitos sanguentos, encontrou melhores práticas de garantir seu poder e a sua hegemonia, com relações que ele mesmo chamava de InterTxôtas, o acordo que salvaguardavam os interesses dos Impérios e reinos, baseada na busca da "lei magna ancestral", era sem dúvidas uma diplomacia que gerava muitos benéficos ao seu Império e ajudava no desenvolvimento dos outros que se avizinhavam ou concordavam cooperar com ele.

Na verdade o sacerdote  Zangonu Sula Mahamba viu chamas reacenderem o seu tão aguardado sonho planificado, acreditando que estava bem próximo de se tornar real, o seu desejo de se tornar sacerdote chefe, porque caso o Príncipe Imperador Kuleba Nyossih Kiabamba alcançasse o trono ele iria fazer uma restruturação do Império, com uma nova corte e um novo sacerdote se assim quisesse, portanto, se ele se aliasse a ele, demonstrando a sua lealdade, ele teria inúmeras chances de se tornar um novo sacerdote chefe em Kwassa Mahamba, porque o novo Imperador só poderia ter por perto pessoas leais e de extrema confiança.

O IMPERADOR KIABAMBA VOnde histórias criam vida. Descubra agora