Solo travel

2.4K 214 735
                                    

Matar um ser humano me trás uma sensação estranha de remorso. Quem sou eu pra tirar a vida de alguém? Ainda mais quando esse humano era o meu ex marido, inclusivo o meu ex marido morto que na verdade não estava morto.

Bem... Mas antes ele do que eu.

Ainda com a cabeça perdida no acontecimento anterior, tomo um banho para tirar o sangue do meu corpo e procuro não pensar muito negativamente sobre o apelido nada engraçado que Chris mencionou sobre Harry.

Provador de putas.

Tem algo mais escroto do que isso? Não é muito difícil acreditar que ele realmente fazia isso, porque quando cheguei aqui era uma bagunça infernal. Ele mesmo já admitiu coisas que me deixaram pra lá de enojada e amedrontada.
Se Harry quer continuar com isso e comigo, espero boas justificativas e que ele acabe com isso de prostíbulos. É o mínimo.

Por alguns minutos no fim do banho passo a mão pela barriga sentindo um leve relevo. Como é possível que eu esteja grávida a quase quatro meses e mal há sinal de uma barriga gestacional?

  Sou retirada dos pensamentos quando o som de batidas leves na porta soam.

Ele mal me dá um tempo.

Suspiro pensando na conversa chata que terei em breve. Queria poder pular todas as partes ruins e só aproveitar as boas.

Vejo a maçaneta da porta virar vagarosamente.

_ Esther? Posso en...

_ não!

A maçaneta gira de volta e ouço os passos se distanciando.

Há coisas ruins que devemos passar pra chegarmos até a boas, então se é preciso que eu vá e fale as minhas condições, aqui vou eu.

Harry provavelmente deve ter descido ou está no escritório. Me seco e enrolo a toalha em volta do meu corpo.

Quando saio do banheiro tomo um leve susto ao ver Harry sentado na borda da cama com as mãos cobrindo o rosto e cotovelos apoiados em suas pernas. A luz está apagada, por isso enxergo ele apenas com a pouca luz que vem das luzes que transpassam a janela.

_ Harry...

O chamo e ele ergue a cabeça levemente franzindo a testa . Os olhos arregalados , porém suas mãos ainda cobrem seu nariz e boca.

_ babe... Me odeia? Sua voz sai abafada por causa das mãos.

Faço uma careta pensando na pergunta. Que... Direto.

_ por que você acha isso? Eu tenho um motivo pra te odiar?

Continuo parada próxima a porta do banheiro o observando.

_ você gritou comigo agora. Das últimas vezes que gritou assim, você disse que não me amava.

Não há drama em seu tom de voz e nem sarcasmo. A frase sai como se fosse apenas uma lembrança distante.

_ não te odeio, Harry. E eu sempre te amei.

Harry move as mãos novamente cobrindo todo seu rosto. Vejo seus ombros subirem e descerem por causa de um suspiro forte.

Ele aperta as palmas das mãos em seus olhos e esfrega um pouco, quando tira ainda posso ver um leve brilho de ... Lágrimas?

_ Harry por que você está...

Ele se levanta de repente e em poucos passos me alcança, apertando meu corpo contra o seu.

_ não é nada e é tudo ao mesmo tempo. Ainda não consegui parar e pensar sobre o assunto "eu vou ser pai", mas tenho me cobrado tanto... Eu não mereço ter um filho e não mereço você também.

Angels from hell Onde histórias criam vida. Descubra agora