Changing the point of view

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Pov Harry

O sonho que tive não foi um dos melhores, por isso acabei acordando e me dei conta de que Esther não estava mais do meu lado. Ainda com sono, fiquei alguns minutos esperando por ela. Talvez ela tenha ido no banheiro, ou na cozinha comer algo... Ou talvez...

  A porra de um arrepio corre no meu corpo quando penso na possibilidade da máfia francesa ter entrado no quintal e atraído ela pra fora novamente. Ela não seria estúpida de ir para o meio da floresta sozinha de novo. Seria?

Quem sou eu pra questionar, não é?!

Com passos rápidos saio do quarto e desço em direção a cozinha. Não encontro nenhuma luz acesa e nenhum sinal dela aqui. As portas estão trancadas, mas nenhum desses marmanjos teve a capacidade de ligar o caralho do alarme. Sempre eu ...

  Procuro pelo chaveiro que deixei aqui mais cedo. O controle do alarme está nele, mas eu não o encontro. E ainda está escuro, que merda!

Sinto meu sangue ferver por não encontrar o estúpido chaveiro. É uma coisa idiota pra sentir raiva, mas é assim que eu sou. Me irrito fácil e desconto no que eu puder. Eu não tive uma vida fácil e eu não preciso jogar flores a alguém, se eu recebi apenas pedradas.

  Exceto Esther e meus companheiros. Eu vou levá-los pra sempre como meus irmãos. Independente de qualquer briga que já tivemos ou que ainda teremos, nós somos uma família.
  Já Esther conseguiu atingir em mim um ponto que já estava dormente a muito tempo. As mulheres que me envolvi sempre foram putas surtadas e interesseiras ou maquiavélicas com planos bizarros.

  Não era minha intenção sentir algo bom por ela... Isso é bom?

Não, não é. Isso me deixa vulnerável. Na vida criminosa é fácil atingir o ponto fraco de alguém, quando se sabe qual é.

O ponto fraco de uma mãe, será o seu filho.
O ponto fraco de um ganancioso, será a luxúria.
O ponto fraco de um viciado de merda, será a droga.
O meu ponto fraco é ela. Esther. A minha Estherzinha.

Se alguém quiser me atingir, saberá que ela me afeta. Eu sei que vão tentar contra a vida dela. Vão tentar sequestrá-la de novo, vão usar o corpo dela, torturar e me mandar talvez a mão dela como recordação. É assim que funciona.

Mas eu não vou deixar ninguém se atrever a isso. Ninguém toca no que é meu. Se arrancarem ela de mim, eu vou buscar até no inferno. Eu mato e vivo por ela agora. Porque ela é a minha garota.

  Cansado de procurar no andar de baixo, subo para ver no quarto. Eu posso ter deixado perto da cama ou...

Volto dois passos quando percebo que a porta do meu escritório está aberto. Eu tranquei ele como sempre faço. Tenho muito o que esconder, eu não nego, e jamais deixaria meus segredos sobre acesso fácil. Alguém está lá. E só pode ser ela.

Sinto meus músculos se tornarem rígidos á medida que me aproximo da porta. O que ela viu? O que ela está procurando? 

Com certeza ela sabe muito menos do que eu escondo, mas não dei a ela a dádiva da desconfiança... Eu acho.

Uma luz me aparece na mente quando me lembro que ela me peguntou sobre o que eu estava falando com os caras. Ela é uma intrometida do caralho e quebrou a minha confiança.

No fundo eu espero que ela tenha uma desculpa boa pra estar aqui. Algo que não seja estar procurando o que é meu. Algo que não seja o que eu estou escondendo e o que eu pedi para não ser revelado ou questionado.

Assim que chego na porta, sinto minhas preces evaporarem fácil como minha paciência. Aqui está ela, revirando papéis e papéis em busca do que eu sei muito bem onde guardar.

Sou um grande filho da puta sim, só que infelizmente tenho a porra de um coração que se apaixona mesmo quando eu digo não. Por dentro sinto o gelo se alastrar por mim. Sinto a angústia apertar meu peito, minha boca fica comprimida em uma linha e engulo em seco quando vejo seu olhar se encontrar com o meu.

A porra de um olhar de arrependimento ou de falsidade. Eu não quero descobrir. Não quero saber qual sua intenção ou o qual a desculpa que ela iria me dar.

Ela começa a falar, mas o sangue em meu corpo fervendo, impede que eu entenda com claridade o que ela diz.
Entro no escritório vendo papéis no chão e gavetas abertas. Você foi pega no pulo, Esther. Eu não sou tão óbvio.

Toda essa tentativa de se desculpar e tentar explicar o óbvio me irrita e mesmo que tente não explodir de raiva, me contento em gritar para para que ela saia. Ficar no mesmo ambiente que eu só traria o pior de mim pra ela, e eu não quero isso.

Assim que Esther deixa o escritório, bato a porta pra tentar descontar um terço da raiva, mas é em vão.
Eu só quero espancar alguém agora.

Me sento na poltrona e fecho os olhos respirando fundo tentando me acalmar. Depois de alguns minutos assim, olho ao redor e me abaixo pegando as folhas que ela estava na mão. Eram etapas do plano e eu acho que não é nada demais.

A raiva diminui por saber que isso não me comprometeu, mas ainda não tira dela a culpa da traição. Sei que já fui muito moleque com ela, mas os meus erros justificam os dela?

Já é tarde e eu deveria estar dormindo, mas em vez disso estou ligando pra uma parte do meu pesadelo real.

_ eu preciso desfazer o acordo... Não, eu não aceito. Quero ter o que te dei, de volta....

Sinto a raiva tomar conta de novo e me controlo ao máximo pra não gritar com esse velho nojento. Sei que estou agindo por impulso e isso é capaz de atrapalhar o nosso plano inteiro.

  _ não há nada que te interesse mais do que isso?

Tento mudar o acordo, mas ele insiste em em acabar com o resto de sanidade que eu tinha. Já confirmado com isso, desligo sem ao menos dizer tchau. Ele que se foda.

Organizo a bagunça no escritório e minutos depois caminho de volta para o quarto. Esther provavelmente está dormindo e eu tenho que pegar meu celular no quarto dela. Eu torço para que ela esteja no décimo sono e assim evito toda a parte de desculpas idiotas ou toda essa merda. Eu me esforço, mas está acumulado em mim toda a frustração, raiva e escuridão. Para o bem dela, é melhor que a gente não se fale nas próximas horas. Mesmo que eu odeie dormir sem ela ao meu lado, é assim que tem que ser. Pelo menos hoje.

Pov Esther

Já se passaram alguns minutos desde que saí do escritório do Harry e eu não consigo parar de chorar. Não consigo nem pensar direito, mas me arrependo por ter invadido a privacidade dele.
Ele foi sim um idiota comigo em muitos momentos, mas isso não afeta quem eu sou e eu acabei fazendo o que eu não gostaria que fizesse comigo.

Ouço a porta sendo aberta e me sento na cama limpando algumas lágrimas. Harry me olha um momento e respira fundo antes de entrar e caminhar para o lado da cama. Eu não esperava que ele fosse voltar.


_ Harry será que nós...

_ não. Eu não quero ouvir, Esther.
Ele me interrompe e se abaixa ao lado da cama, pegando sua camisa, celular e carteira. Logo ele dá as costas pra mim novamente.

_ não me procure nas próximas horas.
Ele diz antes de deixar o quarto, me deixando ainda mais triste.

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