Rescue

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A dor na minha cabeça é aguda. Não sei quanto tempo dormi, mas o sangue que escorreu do meu nariz já está seco. Eu não posso ver, mas consigo sentir o quanto meu nariz está inchado. Não sei se é dia ou se é noite. Daqui de baixo não ouço absolutamente nada. O porão está escuro e não tem nenhuma janela, por isso além da falta de iluminação, estou sentindo um calor danado. As roupas que estou não ajudam muito, já que visto uma calça jeans, botas, uma camisa branca por baixo e uma jaqueta pesada por cima. Meu cabelo já está começando a grudar na testa e nuca. Eu preciso me soltar.

Começo a dar impulso no meu corpo fazendo a cadeira bater com força no chão. Não obtenho resultado, apenas o barulho irritante que me causa ainda mais dor na cabeça. Minha barriga está roncando, e eu quase não tenho forças. Eu suponho que tenha ficado desacordada boas horas. Minha sobrevivência e minha liberdade dependem exclusivamente de mim. Zayn vai perceber que eu não fui ao seu encontro e que há algo de errado, mas ele não vai conseguir achar esse lugar.

Isso me faz lembrar de Harry. Segundo aquela cobra, ele não tem seguido sua rotina, então ele só pode estar fazendo algo muito importante para o plano dele. Provavelmente deve ter desconfiado que alguém tentaria atingi-lo e procurou ter maior descrição ao executar seus planos.

Tento inutilmente soltar minhas mãos da corda, mas de tanto esfregar minhas mãos, o atrito da corda começa a queimar minha pele. Preciso me soltar... Continuo mexendo as mãos, hora puxando para arrebentar a corda e hora apenas girando os pulsos dentro do laço feito. Inútil. Sinto algumas gotas de sangue pingarem nas palmas de minha mão e então desisto.

Caio no choro por longos minutos, juntando tudo de ruim que aconteceu para tentar aliviar o aperto no meu peito. Eu perdi o meu pai, usei Zayn várias vezes para o meu benefício, matei o amigo do Niall, fiz Liam e Louis pensarem que Maya e a menina estavam mortas... Eu não ouvi o Harry quando ele tinha algo importante pra me falar. Eu seria capaz de perdoa-lo por todas as coisas ruins que ele me fez no início, mas eu simplesmente não consigo perdoar que ele tenha me traído de tal forma. Ele me vendeu. Me usou como moeda quando nós tínhamos mais que uma amizade. Ele não se importou se aquele homem iria me estuprar ou me matar. Simplesmente se desfez de mim. Algo que não se faz com nenhum ser humano.
A dor de cabeça e choro em excesso formam uma dupla pesada e logo durmo novamente. Não tenho mais o que fazer.

°°°

_ olá! Bom dia, flor!

Acordo assustada com a voz irritante de Camille. A luz está acesa e Phillipe está bem atrás dela em guarda. Meus olhos correm até o prato com uma fatia de bolo na sua mão. Minha barriga ronca imediatamente.

_ nossa, pensei que não ia mais acordar. Como foram seus dias?

Ela se encosta na parede a minha frente, enquanto leva um garfo até o bolo e come um pedaço.

_ ham... Por quanto tempo fiquei aqui?

Por fim meus olhos vão até os seus. Ela sorri enquanto mastiga.

_ já vão fazer setenta e duas horas. Está se sentindo bem? Eu vi sangue no chão.
Ela indica para baixo da cadeira onde o sangue dos meus pulsos pingaram.

_ me deixe sair daqui. Tínhamos um trato. Eu estou fazendo a minha parte acompanhando o plano. Você não pode simplesmente me matar de fome e desidratação aqui.

Elevo o tom da minha voz demonstrando meu desespero e minha raiva e acabo por tossir. Minha garganta está seca e dói agora.

_ eu posso e vou. Basta me passar suas anotações sobre o plano dos garotos e eu te dou essa fatia de bolo antes de dar um tiro na testa. Vamos?

Angels from hell Onde histórias criam vida. Descubra agora