Vulnerable

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Sinto meu corpo ser empurrado contra o chão e bato a cabeça na parede. Harry me empurrou.
As lágrimas caem e eu sinto minha mão arder. Um caco de vidro entrou na minha mão e rasgou a carne. O sangue escorre pelo braço e as gotas caem no chão.

- merda! Harry se abaixa ao meu lado e segura minha mão. Eu me encolho de medo automaticamente. Seus olhos encontram o meu e agora parecem suavizar.

- não vou te machucar, Esther. Ele engole em seco e olha pra minha mão. Não mais. Me desculpe, eu... Eu perdi a cabeça de novo. Que droga! Vem.. 
Harry me ajuda a levantar e subimos a escada. Esse cara é um louco bipolar e está enganado se pensa que eu vou perdoa-lo fácil assim.

Sempre que ele quiser, vai me ferir e depois me pedir desculpas dizendo que perdeu a cabeça? E eu com isso? Não é assim que as coisas vão funcionar aqui.

Subimos a escada e posso ver Zayn na porta de seu quarto. Ele está com cabelos bagunçados e olhos inchados. Eu digo até que está fofo.

- mas que merda vocês estão fazendo? Sadomasoquismo? Reviro os olhos e Harry continua andando.

- vê se não enche. Ele diz baixo e entramos em meu quarto.

- não precisa ficar. Eu me viro aqui. Me sento na cama e Harry me ignora, indo até o banheiro e pegando um kit de primeiros socorros que eu nem sabia que tinha ali.

Harry se abaixa em minha frente e começa a abrir a maleta. Ele pega uma pinça grande e abre minha mão.

- vai doer um pouquinho, mas você aguenta. Ele leva a pinça até o caco e o puxa pela ponta. Fecho os olhos e mordo os lábios sentindo a dor. Quando sinto que saiu, o sangue quente escorre rapidamente para o chão. Harry procura por algo que possa parar o sangue, mas não encontra. Ele tira sua camisa e a enrola na minha mão.

- Harry, não precisa. Vai manchar. Eu sei que ele é o culpado, mas ele podia ter pegado uma toalha.. sei lá.

- precisa sim. Eu ... Ele respira fundo e segura a camisa sobre minha mão. Ele baixa a cabeça me impedindo de ver ser rosto. Eu estava em uma reunião com um outro mafioso, e as coisas não correram como eu esperava. Tudo foi uma merda e agora estamos fodidos. Então passei num bar e me acabei. Você só estava com fome, fui idiota.

Seus olhos se encontram com os meus e vejo sinceridade.
Harry pode ser um babaca e até mais, mas eu consigo ver nítida a verdade em seus olhos. 

- você quer falar disso? Pergunto enquanto Harry se levanta e caminha até o banheiro. Ele lava as mãos e de lá mesmo me responde.

- não estamos nesse nível ainda. Não precisa saber sobre esses problemas. Ele se escora na parede e seus músculos ficam ainda mais definidos.

Já que ele não precisa de mim, então vou dormir. Ainda estou triste e aborrecida pelo seu comportamento.
Me arrasto até a cabeceira da cama e me deito. Cubro meu corpo com a leve manta e vejo que o dia já clareou.

- você quer alguma coisa pra comer? Posso trazer algo. Harry pergunta e eu assinto.  Marta já deve estar preparando o café. Aguenta 20 minutos?

- vou tentar.

Com isso Harry sai do quarto. Sinto a mágoa em meu peito crescer. Eu nunca fui tratada assim. A única cicatriz que tenho no corpo foi por um erro meu. Nunca mais meus pais permitiram que eu me me machucasse. E agora, em menos de uma semana, tenho meu rosto marcado e um corte na mão.
Com os olhos pesados, adormeço.

-filha? Por que está fazendo isso com a gente?
Minha mãe chora e eu aperto a corda em suas mãos. Com um galão de gasolina, molho seu corpo e o corpo de meu pai, já estirado no chão.

- não gaste suas palavras. Serão em vão.
Não sinto pena ou dó. Tudo o que consigo sentir é ódio. Um ódio que eu nunca senti antes. Minha família merece.

Seguro o isqueiro acesso e sem pensar duas vezes, ateio fogo ao chão. Ele se espalha rapidamente e queima os corpos de meus pais. Tudo o que ouço são os gritos da minha mãe.
- Esther! Esther!

- Esther! Meu corpo é balançado e abro os olhos. Harry está ao meu lado me olhando com espanto.
Passo a mão em minha testa e sinto o suor.

- Harry... Eu... Não consigo explicar com que estava sonhando. Eu não senti remorso ao estar fazendo mal pra minha família. Foi isso o que aconteceu? Eu machuquei meus pais sem nem pensar neles?

As lágrimas caem e eu me permito desabar. Harry permanece com os olhos em mim e eu quase já não o vejo. As lágrimas embaçam meus olhos.

-ah.. que merda. Ouço Harry sussurrar. Sinto seus braços me puxarem pra um abraço. Sem pensar duas vezes me ajoelho na cama e o abraço.

Harry abraça forte minha cintura e eu o abraço sobre seus ombros. As lágrimas molham a pele dele, pois ele está sem camiseta.
Uma mão de Harry sobe e faz um leve carinho no meu cabelo.

  O choro cessa e eu respiro fundo antes de me afastar.

- obrigada. Enxugo uma lágrima e Harry dá um sorriso pequeno. Seguro o colar que minha mãe me deu e o mostro.

- minha mãe me deu. É muito importante pra mim. Digo olhando o cordão e sorrio.

- era um pesadelo ruim ou muito muito ruim? Ele se levanta e caminha até a cômoda pra pegar uma bandeja de café da manhã.

- muito muito muito ruim. Sorri e peguei a bandeja de suas mãos. Na bandeja tinha uma xícara com café e leite, um pedaço de bolo e uvas verdes.

- muito muito muito ruim não existe, Esther. Ele ri e se deita ao meu lado, mas não se tampa.

Enquanto tomava café, vezes ou outras Harry pegava uma uva pra comer. Ele fez piadas estranhas e eu até ri de tão idiotas que eram.
Harry foi um babaca, mas está se esforçando pra se redimir. Se essa for a intenção.

Depois de comer, Harry leva a bandeja até a cômoda e volta a se deitar ao meu lado. Mas dessa vez ele se tampa.

- o que está fazendo? Pergunto confusa.

- ham... Eu acho melhor ficar por aqui. Se tiver outro pesadelo, posso te acordar. Ele fala com um sorriso travesso e eu semicerro os olhos.

- Styles...

Harry se acomoda na cama, virando de costas e eu reviro os olhos.

- bom dia, Esther. Ele fala com humor e eu rio.

- bom dia.

Me viro de costas pra ele e durmo.

Angels from hell Onde histórias criam vida. Descubra agora