Angels from hell

You're somebody else

Não vou ficar e esperar que Harry use seus argumentos inválidos e medíocres contra mim. Me levanto da cama e vou até o banheiro fazer minha higienes. Quando saio do banheiro, Harry ainda está dormindo. Eu preciso ir até a casa da minha mãe ainda e no meu celular já tem algumas chamadas perdidas, mesmo que seja muito cedo.

Me sento na cama, de costas pro Harry e calço os sapatos enquanto penso em toda a mídia falando sobre meu pai, sobre o testamento, sobre como minha mãe vai ficar agora e se eu deveria voltar. Não acho que a minha presença na casa dela vá ajudar.

Enquanto me perco nos meus pensamentos, sinto o corpo de Harry se encostar no meu. Ele apoia seu queixo no meu ombro e abraça meu corpo. Fecho os olhos respirando fundo pra não perder o meu controle.
Me levanto e caminho até a janela em frente. Começo a prender o cabelo em um coque e logo a voz rouca e mais grave inunda o cômodo.

_ Esther, não faça assim.

Me viro e encaro seu rosto, me perdendo por um momento em como ele fica adorável com os olhos inchados.

_ estou indo agora. Vou levar sua camisa já que fiquei sem, mas eu devolvo assim que puder.

Caminho de volta para a porta, mas sinto sua mão apertar meu pulso e me puxar novamente pra ele.

Meu corpo se encosta no seu, mantenho minhas mãos espalmadas em seu peito, tentando me manter o mais longe possível, mesmo sendo difícil já que ele apoia suas mãos em minhas costas me puxando pra ele.

_ me larga, Harry.
Dou um passo atrás, mas ele me puxa novamente.

_ eu quero falar com você. Preciso te contar sobre tudo e eu tenho uma explicação.

_ eu não quero ouvir as suas merdas, Harry!

_ você sabe que os caras não foram atrás de você só porque eu não deixei, não sabe? Porra, eu me fodi com eles na casa só pra te defender, mesmo que você não mereça! Tá fodendo com tudo.

Suas mãos agora seguram meus braços e ele sacode levemente meu corpo enquanto fala. Isso me deixa assustada e muito, muito irritada.

Levanto meu joelho e faço menção de acertar seu estômago mais uma vez, mas ele se afasta no mesmo instante e me solta.

_ ainda dói o de ontem, gracinha. Ele balança o dedo indicativo e entorta o rosto pro lado.

_ é pra não esquecer mesmo! Gracinha é sua avó!
Me aproximo dele um passo, sentindo a raiva cair sobre meus ombros novamente.

_ se você acha que está se redimindo com isso, saiba que não está! Eu não quero a sua defesa e nem sua piedade. Quero que vá pro inferno com esse seu papo. Eu não acredito em você e não vou acreditar nunca mais. Não confunda as coisas e não tente algo comigo. O que eu tinha de bom, você e seus amigos fizeram questão de tirar de mim. Agora tudo o que eu consigo sentir são raiva e o desejo de vingança. Não tem nada que me faça querer estar perto de você. Quem vai querer a companhia de alguém que fez o que fez com a família? Eu acho pouco que esteja sozinho e sem amor. Acho pouco.

Os olhos de Harry que antes me encaravam com afronta, me encaram como decepção agora. Ele dá um passo atrás como se estivesse profundamente machucado e talvez eu até tenha me arrependido.

_ por que?

Ele deixa sair uma risada sarcástica e puxa o cabelo pra trás enquanto respira fundo .

_ acha que eu escolhi viver isso? Acha que eu decidi fazer isso tudo por prazer? Se ouça, Esther! Que caralho você tá falando? Você não sabe nada sobre minha família, então não fale como se soubesse de algo.