Angels from hell

Cutting ties

Depois de tomar o café, Harry me pediu para que eu voltasse para o meu quarto. Na verdade ele mandou, mas eu o lembrei de que era pra me tratar bem, então ele refez sua frase colocando um "por favor" no final.

A porta do quarto está aberta e vejo quando Louis aparece com os cabelos molhados. Eu me sento na cama e espero ele se aproximar se sentar.

- já tomei a droga do banho morno. Eu realmente preciso usar meias?  Ele olha para os pés que balançam no ar e eu deixo que um sorriso escape, vendo a meia listrada de amarelo e preto que ele usa.

- precisa sim. Como vamos prender as rodelas de cebola? Ele revira os olhos e eu me levanto.

- não posso sair do quarto sem permissão. Posso descer? Preciso cortar as cebolas.

- desce.. mas não demora. Harry está voltando. Ele foi no centro comprar... Pijamas? Ele me olha confuso e eu rio.

Desço as escadas e me direciono até a cozinha. Marta, a empregada da casa, está preparando o almoço. Ela me olha de lado e volta a se concentrar nas panelas.

Me encosto na mesa e espero por um momento até lhe dirigir a palavra.

- oi Marta.. ela não me olha e nem me responde. Ouço a porta da entrada bater, mas daqui não dá pra ver quem é.

- você pode me dar uma cebola e uma faca? Eu preciso. Ela ainda não me olha e muito menos responde.  Será que ela não gosta de mim, ou foi proibida de falar comigo?

De repente ela se vira e caminha até uma sacola que está no balcão e tira uma cebola de dentro da sacola, e pega uma faca na gaveta. Ela se vira e joga a cebola e a faca aos meus pés.

- pegue então. Ela me olha com ódio e eu me assusto. Ela me odeia mesmo.
Fico paralisada olhando a situação e quando me abaixo pra pegar, uma mão segura meu braço.

- pegue as cebolas e corte-as pra Esther. Agora. E nunca mais ouse trata-la dessa forma, ou você morre antes da hora. O que não deve demorar. Harry disse rispidamente e Marta assentiu, engolindo em seco.

- obrigada. Eu disse e Harry assentiu com a cabeça. Ele saiu da cozinha e subiu as escadas. Esperei até que Marta me entregasse as rodelas de cebola e subi.

- Louis, desculpe a demora. Caminhei rápido até chegar a cama e Louis estava deitado, tapando os olhos com o antebraço.

- ta.. ele disse como se não se importasse.

Me abaixei a sua frente e retirei as meias, colocando as rodelas de cebola nos calcanhares dele e depois coloquei as meias de novo. Me sentei na cama e vi que Louis mexia os pés.

- que merda. Vai lavar os meus pés quando tirar isso. Ele franziu o nariz e eu ri.

Ele se levantou e andou dois passos até se virar pra mim.

- valeu aí.. sei que não mereço sua ajuda.  Ele se virou novamente e saiu do quarto andando desengonçado por causa das cebolas nos pés.

***
A tarde passou rápida. Almocei junto com os meninos e voltei ao meu quarto. Harry deixou uma sacola com pijamas e algumas coisas roupas pra mim. Ele disse que ficaria sem camisetas se tivesse que me emprestar as suas todos os dias. Depois disso eu fiquei presa no quarto sozinha de novo e dormi por um tempo.
Acordei com Liam me chamando e ele disse pra eu me arrumar pois já haviam enviado mensagens para os meus pais, marcando o encontro e pedindo para que não levassem nenhum tipo de seguranças ou coisa do tipo.

Eu, Zayn e Liam estamos indo até o restaurante combinado. Harry, Niall e Louis ficaram em casa, pois segundo eles não tinha necessidade de irem.

Estacionamos e descemos. Liam ficou na van, e Zayn me acompanha.
Assim que entramos no restaurante, avistei dois dos seguranças da minha família "disfarçadamente" sentados no fim do salão. Meus pais estavam numa mesa ao meio e quando me viram eu pude ver a aflição em seus olhos.
Me senti triste e culpada por ter concordado em mentir pra eles. Caminhei até eles e ambos se levantaram pra me abraçar. Minha mãe chorava e meu pai me abraçava forte. Nos sentamos e olhei pra trás, assentindo para que Zayn viesse e se sentasse também.

- mãe, pai.. esse é o Zayn. Eles se entreolharam confusos e o cumprimentaram.

- filha, onde estava? Tem noção do quanto nos deixou preocupados? Quase anunciamos o seu desaparecimento. E colocamos detetives a sua procura. Toda a mentira que você e sua tia armaram, foi descoberta. Me diz onde estava? Era com esse... Marginal? Minha mãe olhou pra Zayn e voltou a me encarar. Nós sempre nos preocupamos com você, pra fazer isso com a gente? Não tem noção do quanto nos decepcionou.

Respiro fundo e decidi colocar o plano em prática.

- mãe, vocês não me protegiam. Vocês me prendiam e privaram o direito de ter uma vida comum. Eu estive presa tanto tempo que eu mal sei socializar ou fazer qualquer merda. Eu fico até surpreendida por não me assustar com tudo a minha volta.
Eu não quero morrer e nunca ter feito uma amizade sozinha. Todas as minhas amizades foram vocês que cativaram. Até o meu ex marido, vocês que o pressionaram a se casar comigo. Eu cansei de tudo isso e de fingir ser uma família feliz, quando mal nos olhamos dentro de casa. Eu vim apenas pra dizer que não voltarei pra casa. E não adianta me seguirem ou mandarem aqueles trogloditas me seguirem. Estamos numa boa ainda, mas caso queiram me prender, eu nunca mais volto a falar com vocês. Eu entro em contato.

Me levanto e puxo Zayn pela mão, deixando minha mãe aos prantos e meu pai chocado na mesa. Sinto muito por ter decepcionado eles, mas é a única oportunidade que tenho de me livrar da vida de cativeira que sempre vivi.
Andamos em silêncio até a van e algumas vezes olhei pra trás para ter certeza de que os seguranças não estavam nos seguindo.

- muito bem. Isso foi melhor do que eu esperava. Zayn disse enquanto Liam ligava a Van e saíamos do local.

Durante o caminho até minha nova casa, eu deixei que algumas lágrimas escapassem. Lamentava muito por ter sido grossa com meus pais.
Chegando em casa, Harry e Louis estavam no sofá comendo pipoca e vendo um filme macabro.

Assim que passamos pela porta, eles nos olharam e percebi que Louis parecia melhor. Liam já havia comprado remédio pra ele.

Zayn e Liam se jogam no sofá e eu subo as escadas, indo direto até meu quarto.

Me deito na cama fecho os olhos tentando apagar da memória, o momento ruim que tive a poucos minutos atrás.