Angels from hell

Altruism

O acordo com Harry me parece ser uma ideia arriscada, mas divertida.
Eu sempre estive trancada em casa, e agora tenho a chance de mudar isso. Estar em uma missão com os meninos, me fez sentir viva e motivada. Eu chego até a pensar que nasci pra isso...pra desafios intensos.

Depois que Harry saiu do meu quarto, passei alguns minutos fitando o teto, pensando em como conseguir de uma vez a confiança de Harry. Talvez eu devesse ajudar com pequenas coisas primeiro. O Louis doente, por exemplo.. eu posso ajudá-lo. Depois de pensar sobre isso, acabei dormindo.

**

A luz que entra pela fenda da janela bate em meu rosto e eu desperto. Me parece um dia quente, pois o pequeno freixo de luz que encosta a minha pele, já a aquece.

Caminho até o banheiro e tomo um banho rápido, pois não lavei o cabelo. Deixo ele preso em um coque  bagunçado e escovo os dentes.

Me visto colocando uma calça jeans azul com rasgos no joelho, mesmo que esteja quente, não vou usar os shorts que estão aqui.. não depois de apanhar. Procuro por uma camiseta, mas só tem croppeds aqui. Eu não quero mostrar minha barriga, ao lado tem uma enorme cicatriz que me incomoda desde os 9 anos de idade.

Me jogo na cama e bufo pensando no que vestir. A camisa que Harry me deu ontem, está suada e eu não quero vesti-la novamente.  Olho para o lado e um tecido branco me chama atenção na cômoda.

Me levanto e engatinho sobre o colchão até chegar do outro lado e pegar o tecido. Abro e vejo que é uma camisa grande. Uma camisa do Harry, pois o cheiro é inconfundível. Levo ela até o nariz e fecho os olhos, aproveitando o cheiro amadeirado e suave. Depois de me vestir e pentear o cabelo, ainda o deixo preso. Caminho até a janela e abro-a, me certificando de que é realmente um dia quente.

Me distraio por um instante ao ver que uma mulher morena e magra entra no meio das árvores. Ela parece ter saído da casa pela rota em que ela está, e agora entra pelo meio das árvores e some no meio da cerca viva. Talvez ali tenha uma passagem e um dia me seja útil.

- contemplando a vista? Me viro e vejo Harry entrar e se sentar a cama.

- ham.. tinha uma mulher ali nas árvores. Ela estava aqui? Me sento na cama e Harry se estica, colocando seus sapatos em cima da minha cama.
Eu olho para os sapatos e reviro os olhos.

- Kendall. Ela estava sim. Ele se deita de lado e fica virado pra mim, me encarando. Qual o problema desse cara?

- o que ela fazia aqui? É a namorada de alguém? Sua? Começo a roer a unha do polegar. Eu não sei por que, mas me incomodo.

- não.. namorada não. Só ficamos e para de encher o saco. Você faz perguntas demais. Ele se vira novamente e fica deitado de barriga pra cima enquanto fita o teto. Eu sinto uma pontada por dentro, mas ignoro.

- você poderia tirar os pés de cima da cama? Eu durmo aqui, sabia? Cruzo os braços e ele ri. Qual a graça?

- eu pago pra lavarem essa merda. Essa casa é minha, se não se lembra. Ele aperta os lábios com os dedos e eu o encaro. Não dá pra negar que Harry é um homem lindo.

Ele vira seu rosto pra mim e eu coro.

- o que tá olhando, mulher? Ele ergue uma sobrancelha e eu começo a rir. E do que está rindo? Tenho cara de palhaço? Tenho uma crise de risos e não consigo controlar. Minha barriga dói e eu sinto meus olhos molharem.

Harry bufa e se levanta da cama caminhando em direção a porta.

- espera... Falo ainda rindo e me esforço pra não gargalhar novamente.   Limpo o canto dos olhos e Harry se vira caminhando até a cama e permanece de pé na minha frente.

- fala logo, que eu tenho que sair. Do que está rindo? Ele está sério.

- nada, eu só achei engraçado do jeito que disse "o que tá olhando, mulher?". Imitei a sua voz e a crise de gargalhadas me toma por inteira. Harry revira os olhos novamente e me encara até que eu pare de rir. O que não tão difícil agora, já que ele me olhava com certa intensidade.

- anda, vai tomar café e depois vamos organizar seu encontro com seus pais. Maluca. Ele se vira e sai do quarto.

Eu solto um riso baixo por Harry se incomodar tanto quando me vê sorrir e saio do quarto. Desço as escadas e vou até a cozinha onde Harry e Niall conversam. A mesa está posta com café, leite, biscoitos, suco, bolos e frutas .

- bom dia, Niall. Digo baixo e ele só me olha. Qual o problema dele comigo?

Harry intercala o olhar entre mim e ele, mas logo foca em olhar pra sala, atrás de mim.
Eu viro e vejo que Louis está deitado e coberto por uma manta grossa e ele está suado. Me dá até pena de vê-lo assim.

Viro meu corpo e começo a caminhar até Louis.

- onde vai? Harry pergunta ainda encostado na mesa e Niall me olha enquanto se senta e come uma maçã.

- posso ajudá-lo... Só vou ver se está com febre. Digo baixo e Harry demora, mas assente em concordância.
Quando chego até o sofá, Louis está de olhos fechados e seus lábios tremem. Me abaixo e fico na altura de seu corpo. Coloco a mão sobre sua testa e ele se assusta, dando um pequeno pulo no sofa.

- calma, só quero ajudar. Posso? Estendo a mão novamente em direção a sua testa e ele assente. Louis deve estar quase na casa dos 40 graus.

- está sentindo algo além de frio e dor de cabeça? Pergunto baixo e ele suspira antes de falar.

- meu nariz está entupindo e minha garganta dói. Sua voz sai baixa e quase rouca.

- já tomou algum remédio? Eu suponho que seja só um resfriado.. o tempo ultimamente tem estado estranho.. Louis da um sorriso e me encara

- tomei qualquer merda que o Niall me deu ontem. Ele coloca o antebraço na testa.

- sabe qual o nome do remédio? E sabe se tem mais?

- Não sei.. Liam vai mais tarde na farmácia comprar. Ele tosse

- Ta.. se quiser, posso te ajudar. Sugiro que tome um banho morno agora. Está com frio, eu sei.. mas ajuda. E coloque meias. Eu vou colocar umas rodelas de cebolas ou batatas, o que tiver ali.. ajuda a diminuir a febre.

Louis me olhava desconfiado. Eu não tinha realmente motivos pra ajudá-lo. Já que ele me trouxe pra cá, junto com Zayn. Mas eu fui criada pra ser boa e não ser como eles. Se eu posso ajudar, eu vou.

- que seja.. ele se levanta e tosse novamente. Caminha pela sala e sobe as escadas.

Eu me levanto e me sento ao sofá. Harry se senta ao meu lado e coloca uma bandeja com um copo de suco, uma xícara de café e torradas em cima da mesa de centro.

Eu não sei pra quem são.. provavelmente pra ele mesmo, mas eu pego o copo de suco e bebo. Vejo de soslaio que Harry me encara, mas não falo nada.

- isso era meu. Ele empurra meu ombro.

- agora é meu. O olho e sorrio. Harry encara meu sorriso por um instante e volta a comer sua torrada enquanto balança a cabeça negativamente.