Twist

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   Ver a imagem de todos os meninos com armas apontadas pra cabeça, me deixou ainda pior. Não sabia se homens atrás tinham matado eles ou feito qualquer outra coisa.
Não entendi o que estava acontecendo, mas tenho absoluta certeza de que Harry sabe. Eu fui tonta demais pra não desconfiar quando ele começou me falar sobre perdão e amor.

Fui tonta por pensar que ele estava se declarando pelo sentimento e não pelo medo. Mas medo do quê? Não posso acreditar que ele tenha planejado tudo isso.

Assim que fecharam as portas do restaurante, o homem do dia anterior sorriu. Mesmo que eu estivesse me acabando em lágrimas e desespero, ele teve a capacidade de sorrir pra mim.

_ você está muito nervosa... Se sente aqui e lhe trarei um copo de água.

De fato a água me ajudou a parar de chorar, mas meu desespero ficou ainda maior quando o homem nojento surgiu com um mais velho ao seu lado. A semelhança estava escancarada. Ou eram pai e filho ou irmãos.

O mais jovem puxou uma cadeira e deixou virada pra mim. Ele começou a amarrar minhas mãos para trás, enquanto o velho me olhava sério. Assim que minhas mãos estavam bem presas, o mais novo sentou-se ao meu lado e o mais velho se sentou a minha frente.

_ Esther Fernandez. É um prazer te conhecer,  má chérie.

Tive nojo até sua voz, e isso não foi poupado quando fiz uma careta.

_ me soltem, seus imbecis! Comecei a me debater na cadeira, e o velho se levantou assustado.
Eu não parei até o mais novo me dar um tapa forte no rosto. Senti a ardência tomar conta da minha bochecha e orelha e logo as lágrimas se formaram.

Me surpreendi quando o velho olhou horroziado para o mais novo e gritou com ele.

_ se desculpe imediatamente! Como se atreve a bater em uma mulher? Fora daqui!

Tinha ódio e muito saliva cuspida em suas palavras, e eu me senti um pouco protegida. O mais novo bufou se preparando para sair do local, mas o velho colocou o braço a frente, impedindo-o de passar.

_ me obedeça. Ele disse calmo, fechando os olhos e respirando fundo.

O mais novo se curvou a minha frente e sem me olhar nos olhos se desculpou.
Ele passou pelo velho com rapidez e sumiu por entre as portas dos fundos do restaurante.

Novamente o velho se sentou e sorriu. Permaneçi com a cara fechada. Eu não tinha motivo nenhum pra rir no momento e nem agora. Só se for de desespero.

_ chérie... Sei que está chateada. Eu também estou. Vamos conversar e logo tudo estará resolvido, sim? Ele sorriu novamente e eu revirei os olhos.

_ se eu estou aqui com você, não é por vontade própria. Você comanda isso tudo? O que fez com os meninos lá fora?

O velho sorriu e franziu o cenho.

_ meninos? Lá fora haviam homens, Esther. Adultos que roubam, matam, traficam armas, drogas e o que pensar. Não há meninos, há homens que pagam por seus atos.

Imediatamente me lembrei de Harry, quando ele disse sobre perdoar as consequências dos erros que ele cometeu no passado.

Senti minha garganta se fechar e as lágrimas escorrerem sem que eu percebesse.

_ o Harry... O Harry sabia que eu seria sequestrada? Eu já estava na merda e se a minha intuição estivesse certa, tudo séria ainda pior.

E foi.

O velho se levantou e tirou um cigarro e um esqueiro do terno, acendendo-o, antes de falar.

_ acredito que os planos não eram esses, mas sim...
Ele tragou mais uma vez a fumaça e soltou, enquanto eu me destruía de dor por dentro.

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