AVISO DE GATILHO: Esse capítulo contém cenas de violência e violência de gênero. Quem não estiver confortável com a leitura pode pular para o fim do capítulo, onde encontrará um resumo dos acontecimentos.
Debbie foi embora sem olhar para trás nenhuma vez conforme Thomas me afastava com facilidade da festa. Tentei puxar meu braço e me livrar do seu aperto, mas tudo que consegui foi bagunçar meu cabelo e fazer com que ele me segurasse com mais força.
Ele continuou com seu sorriso de lado inabalado conforme eu me debatia, como se fosse uma boneca de pano. As pessoas que passaram por nós e viram meus protestos pouco se importaram conosco - todos conheciam minha irmã e meu histórico, e ao lado do sorriso tranquilo de Thomas, era eu quem parecia maluca.
Isso, porque provavelmente nenhum deles conhecia o garoto bem o suficiente.
– Me solta, seu idiota. – Exigi, rangendo os dentes conforme andávamos até o limite da casa. – Quem você pensa que é?
Ele continuou inabalado conforme passávamos pelos poucos adolescentes reunidos perto do portão, o sorriso não vacilou conforme ele sussurrava no lóbulo da minha orelha com a calma de um buda, a respiração fria contra meu pescoço:
– Sou só um cara comum, cansado de você e querendo te comer há muito tempo.
Eu sabia disso. Sabia pela forma que ele me olhava, sabia porque os pelos do meu braço se arrepiavam toda vez que eu o via por perto, sabia pela força descomunal que ele me apertava e pela forma que ele nos distanciava cada vez mais das pessoas que estavam na festa, mas ainda fiquei momentaneamente em choque quando o ouvi dizer aquelas palavras.
Eu não sabia como ele havia ido parar ali, na festa de Clarke Donovan, menos penetra do que eu. Continuava o mesmo de sempre, exceto pelo cabelo raspado mais rente à cabeça – usava calças jeans simples e uma blusa preta fina, o braço direito, que apertava o meu com força, coberto de tatuagens.
Eu soube que algo ruim estava para acontecer desde que senti sua mão em meu braço, mais próximas do que eu jamais as queria de volta, mas foi só depois que ele disse aquilo que toda a urgência do momento me acometeu de vez.
Tentei não me desesperar conforme saímos da casa de Clarke, tentei pensar racionalmente, mas nenhuma resposta esperta o suficiente me tiraria daquela situação, e nenhuma racionalidade faria com que eu conseguisse tirar as mãos de um jogador com o dobro do meu peso de mim.
Tentei pegar o celular com a outra mão no bolso da frente da minha calça enquanto Thomas me arrastava pelo beco iluminado por postes amarelos que ficava atrás da casa de Clarke. Ele me soltou como um animal indefeso atrás de dois containers de lixo, e eu olhei em volta, procurando por alguém que pudesse me salvar do garoto. Não havia ninguém.
A rua do condomínio amaldiçoadamente bem arborizado de Clarke era bem iluminada e pavimentada, mas completamente deserta. Pensei em gritar, mas tinha certeza que a música alta e a barulheira de conversa adolescente vinda da casa da líder de torcida não estavam ao meu favor.
Recuperei o fôlego e tentei parecer forte e convincente. Apesar do sorriso frio e mãos fortes, Thomas era apenas um homem, não um deus. Levantei a cabeça e tentei parecer superior, embora soubesse que estava levemente ofegante e com cabelo bagunçado tampando parte do rosto:
– Ok, já fui expulsa. Agora me deixe em paz.
Assim que disse isso, peguei meu celular no bolso com rapidez, na intenção de ligar para o primeiro contato que aparecesse na minha lista. Minhas mãos tremiam levemente conforme eu tentava desbloquear o celular com minha impressão digital, e só tive tempo de ver a ligação perdida de Dylan antes que o aparelho voasse da minha mão para o chão.
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Amargura
RomanceSEQUÊNCIA DE ACRIMÔNIA. Amargura (s.f): sabor amargo; padecimento moral; aflição, angústia, tristeza; propriedade ou característica de severo, áspero. A definição perfeita do sentimento que fica com o fim de um relacionamento amoroso intenso. Teod...