A mansão dos Chase continuava majestosa, completamente iluminada pelos lustres de cristal que balançavam do teto, o piso branco de mármore limpo e encerado. As dezenas de funcionários andando com pressa de um lado para outro naquele dia em especial faziam, mais do que nunca, a casa parecer um palácio as vésperas do baile.
Fiquei intimidada assim que entrei pela porta já aberta no domingo de manhã, percebendo que o dinheiro que o pai de Dylan tinha quase fazia meu avô parecer pobre, e entendi mais do que nunca porque minha avó, superficial até o ultimo fio de cabelo branco, apoiava tanto nosso namoro.
Subi a escada circular ornamentada de dois em dois degraus tentando ao máximo não pensar no futuro enquanto olhava as janelas que quase iam do chão ao teto no segundo andar conforme batia com força na porta do quarto de Dylan – a mera possibilidade de um dia ser dona de tudo aquilo me aterrorizava, então tentei não pensar que, na vida de Dylan, aquilo era uma certeza.
Eu estava usando um simples all-star surrado e camiseta velha, o cabelo preso em duas tranças que, agora eu estava bem ciente, pareciam infantis demais no lugar. Segurava a capa que tampava meu vestido desajeitamente, como se ele não me pertencesse, e percebi que estava me encaixando mais com os funcionários que transitavam do que com a casa em si.
Assim que meu namorado abriu a porta, sem camisa e com semblante levemente irritado, eu disse:
– Meu Deus, você é muito rico.
– Você só percebeu isso agora? – Ele deu um sorriso de lado. – Não podemos ir para sua casa? Toda essa barulheira no primeiro andar não me deixa dormir.
Balancei a cabeça em negativo conforme entrava no quarto, segurando o vestido que minha avó tão alegremente havia me ajudado a escolher, escondido por uma capa que aparentemente servia para me impedir de suja-lo caso começasse a chover molho de tomate do caminho da minha casa até a de Dylan:
– Meus avós também foram convidados para a festa do seu pai, e minha avó provavelmente iria te fazer sentar na sala de jantar a tarde toda para saber como estão os preparativos para esse grande evento.
– Barulhentos demais. – Dylan respondeu, se deitando na cama bagunçada outra vez, com preguiça. – E as trepadeiras?
– Não confio mais em você para se esconder da minha avó porque sabe que ela te adora. Onde está sua irmã? – Perguntei, ansiosa.
– Saiu com meu pai, foram ter um almoço de família ou sei lá.
– E por que você não foi?
– Estava sem fome. – Ele me lançou um sorriso de lado, mas eu sabia que a verdade era que Dylan não gostava de passar tempo com o pai dele, e por isso evitava qualquer ocasião do tipo, mesmo que isso significasse ficar sozinho em seu quarto tentando dormir em uma casa barulhenta.
Como resposta, comecei a tirar a roupa.
Dylan colocou as duas mãos atrás da cabeça e aumentou seu sorriso assim que me viu abrir os botões da minha calça, dizendo:
– Isso sim é entretenimento.
Revirei os olhos, sorrindo enquanto puxava a calça presa em meu calcanhar:
– Vou experimentar o vestido, bobão.
O vestido era preto, longo, e, apesar das recomendações da minha avó de escolher algo mais extravagante, bem simples. Tinha alças finas, um decote modesto e era solto na cintura, além de pequenos ornamentos na parte de baixo que faziam com que ele brilhasse modestamente. Assim que terminei de fechar o zíper da parte de trás, dei uma volta e perguntei para Dylan, que ainda continuava na mesma posição:
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Amargura
RomanceSEQUÊNCIA DE ACRIMÔNIA. Amargura (s.f): sabor amargo; padecimento moral; aflição, angústia, tristeza; propriedade ou característica de severo, áspero. A definição perfeita do sentimento que fica com o fim de um relacionamento amoroso intenso. Teod...