Na sexta-feira a tarde, enquanto Amy fazia seu dever de casa e eu e Naomi conversávamos olhando para o teto, deitadas nas almofadas em cima do tapete do quarto da minha melhor amiga enquanto nossos livros didáticos permaneciam abertos inutilmente em cima da cama, eu recebi uma ligação um tanto perturbadora do meu namorado:
– Vai ter uma festa na casa de um dos caras do time rival do jogo de hoje. – Dylan anunciou, assim que atendi. – Se quiser ir comigo, tudo que tem que fazer é vir no jogo hoje a noite e torcer por mim.
– A festa vai ser do tipo cerveja grátis ou do tipo leve sua própria bebida?
– Cerveja grátis.
– Acho que posso fazer esse sacrifício.
– Te vejo as sete, espero que você seja a garota gritando meu nome mais alto.
– Você tem muitas fãs, Chase, e, infelizmente, eu não posso bater em todas elas.
– Sabia que eu devia ter namorado uma líder de torcida. – Ele brincou, antes de desligar.
É claro que eu não era uma namorada assim tão insensível: até tinha vontade de dar apoio ao meu namorado popular ao gritar seu nome durante uma partida de um jogo que ele odiava jogar. Mas, ultimamente, estava evitando os jogos de futebol da escola porque isso sempre significava inevitavelmente encontrar com Debbie, minha irmã indesejada – era impossível não vê-la quando ela era literalmente a garota sorrindo no topo de uma pirâmide humana durante os intervalos.
Mas eu estava disposta a fazer esse sacrifício se isso significasse beber de graça.
– Alguma de vocês quer ir no jogo hoje à noite?
– Não. – Naomi respondeu, com um resmungo desanimado.
– Eu quero. – Amy respondeu imediatamente, desviando a atenção dos seus livros para mim, arqueando uma sobrancelha: – Mas tem certeza que você quer? Eles vão jogar contra os Eagles*.
– Amy, eu não vou me importar nem se os jogadores de futebol do outro time forem de fato animais. Só quero fumar um cigarro, gritar o nome do Dylan, encher a cara, ir para casa do Dylan e gritar o nome do Dylan outra vez.
Sorri para Naomi, e ela riu de volta enquanto Amy revirava os olhos e se virara para seu livro outra vez. Eu sempre podia contar com Naomi para rir caso estivesse no clima de fazer piadas sujas.
Eu deveria ter prestando mais atenção no que Amy queria dizer.
– Tudo bem, já que vocês insistem, eu também vou. – Naomi respondeu, depois de alguns segundos em silêncio.
***
Me arrumei para o jogo na casa de Naomi, e não pretendia ficar até muito tarde na festa que aconteceria depois – eu e Dylan tínhamos uma viagem marcada para sábado de manhã, um segredo nosso. Finn também acabou não podendo comparecer, porque seu pai estava passando o final de semana em casa, e sua mãe tinha essa mania irritante de fingir que eles eram uma família unida toda vez que ele estava de volta.
Eu e as meninas nos equipamos com shorts jeans curtos e glitter dourado, porque era uma noite quente. Assim que chegamos no estádio, eu tirei alguns segundos para reparar se as pessoas estavam me olhando torto porque meu namorado era Dylan Chase ou porque minha irmã era Debbie Cooper e, por incrível que pareça, aquele segundo segredo ainda não havia vazado – Debbie provavelmente o odiava tanto quanto eu, e eu apenas agradeci mentalmente pela minha sorte.
Nós compramos copos de cervejas e nos sentamos na quarta fileira, esperando o jogo começar. Como um sinal do universo, no segundo que achei que poderia relaxar, olhei para o outro lado do campo e me deparei com Thomas, sentado em um dos bancos fora da área, usando o uniforme vermelho e preto dos Eagles.
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Amargura
RomanceSEQUÊNCIA DE ACRIMÔNIA. Amargura (s.f): sabor amargo; padecimento moral; aflição, angústia, tristeza; propriedade ou característica de severo, áspero. A definição perfeita do sentimento que fica com o fim de um relacionamento amoroso intenso. Teod...