12 - O modus operandi de Dylan Chase [PT I]

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No fim de semana seguinte, contra todas as expectativas, eu e meus amigos decidimos ficar em casa. Depois de tudo que aconteceu com Naomi e considerando que a última festa que eu havia ido tinha sido o aniversário de Clarke, nenhum de nós estava muito no clima de festejar alguma coisa. Por isso, decidimos nos encontrar na segunda-feira, na aula, pelo que deveria ser a primeira vez desde que havíamos entrado no Ensino Médio.

Passei o final de semana inteiro com meus avós, ao contrário do meu primo, agora misteriosamente desaparecido de casa. Havíamos invertido os papéis, e era eu quem ia procurá-lo em seu quarto várias vezes no dia, encontrando o cômodo sempre vazio.

No domingo de manhã, eu já não aguentava mais ser uma adolescente correta, e sentia que já havia recompensado minha avó por meus sumiços o suficiente. Por isso, decidi ligar para o meu namorado, que havia passado o final de semana desaparecido:

— O que você está fazendo? — Perguntei, assim que ele atendeu.

Eu estava deitada na minha cama, encarando o teto do quarto, que refletia a luz do sol vinda da janela. Parecia um dia bonito lá fora, mas eu estava com preguiça demais para me levantar e checar por mim mesma.

Dylan, que já tinha meu novo número de celular devidamente salvo nos seus contatos, respondeu:

— Lembrando de quando eu te deixei em casa depois da primeira vez que transamos e você disse que nunca me ligaria.

— Ha-ha, babaca.— Chutei o cobertor bege e finalmente me levantei, meias rosas que eu tinha desde criança protegendo meu pé do piso frio de madeira laminado. — Me traiu muito no fim de semana?

— Só o suficiente pra continuar sendo um bom namorado. — Ele respondeu, parecendo distraído. — O que vai fazer hoje?

— Sair com você. — Respondi, também distraída conforme me encarava no espelho grande perto da porta do banheiro.

— Te busco em uma hora.

Desliguei o celular e não pude evitar sorrir, odiando a versão ridiculamente apaixonada que me encarava no espelho. Coloquei o cabelo bagunçado atrás das orelhas e dei um suspiro exasperado, olhando as calças cinzas de pijamas que usava enquanto pensava no que vestir para encontrar com Dylan Chase, ninguém menos que meu namorado.

Levantei a bainha da blusa levemente para encarar a tatuagem que havia feito há pouco tempo, quando me sentia outra pessoa, e suspirei outra vez. Encarei meu próprio reflexo e franzi levemente a testa:

— Como viemos parar aqui?

***

Dylan se atrasou vinte minutos, o que, considerando o fato de que eu tinha que ficar na sala da casa para evitar ser vencida pela minha avó na corrida até a porta, era tempo considerável. Eu não sabia o que minha avó via de tão deslumbrante no meu namorado, levando em conta que ele sequer era educado na maior parte do tempo. O ótimo exemplo desse fato sendo o toque da buzina do seu carro, o único aviso que eu recebia de que ele havia chegado — Dylan sequer saia do carro e tocava a campainha, mas minha avó ainda acenaria para ele da varanda com os olhos brilhando se eu não chegasse na porta primeiro.

Por isso, assim que ouvi a buzina familiar, me levantei do sofá e saí praticamente correndo de casa até o outro lado da rua, onde ele estava estacionado.

— Nós somos jovens, adolescentes da última geração. — Falei, conforme entrava no carro e fechava a porta. — Você pode me mandar uma mensagem quando for se atrasar.

— Foi mal. — Ele respondeu, ligando o motor. — Quanto tempo você passou pensando nessa frase pra me dizer quando eu chegasse aqui?

— Surgiu nos meus últimos cinco minutos de espera e absoluto tédio.

AmarguraOnde histórias criam vida. Descubra agora