13 - O que deveria ter sido

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Por mais que eu amasse meu namorado, passar os três finais de semana seguintes seguidos vendo televisão e bebendo cerveja trancada no seu apartamento não fez muitas maravilhas pelo nosso romance.

Por isso, na sexta seguinte, quando meu pai propôs um jantar em um restaurante com Debbie, eu quase senti que não tinha outra escolha a não ser dizer sim. Queria comer bem às custas do meu pai e, por mais que odiasse pensar aquilo, queria ficar longe de Dylan.

Com o mesmo propósito de me distrair com outras pessoas que não fossem meu namorado, convidei Finn para me ajudar a comprar uma roupa nova para o jantar durante a tarde, também às custas do meu pai.

Começamos a rodar as lojas do shopping, e eu não pude evitar sorrir em contemplação. Estava me sentindo... adolescente. Minha juventude sempre havia envolvido mais bebidas e drogas do que vestidos e passeios no shopping, e eu achava ambas as experiências válidas. Por isso, estava feliz em viver um pouquinho daquele outro mundo.

— Quando falei que ia ver meu pai hoje, eu juro que ele quase sorriu. — Comentei com Finn, terminando de contar para o meu amigo o quanto Dylan e eu estávamos enjoados um do outro.

Estávamos em uma loja gigante de departamento, perdidos em algum lugar da seção de roupas femininas. Finn usava uma calça branca de cintura baixa e um cropped azul bebê, e mascava um chiclete rosa com barulho irritante, o que eu tentei evitar comentar.

— Ah, é. — Finn respondeu, me olhando de lado, do outro lado da arara de roupas. — Naomi disse que ele vai dar uma festa hoje, mas não fala que eu te contei.

— Uma festa?! — Quase gritei, parando de analisar as roupas nos cabides. — E ele não me falou? Isso pode ser considerado traição?

Finn pensou sobre a minha pergunta e pegou o celular no bolso de trás da calça, digitando furiosamente e mascando o chiclete devagar. Por longos segundos, tudo que eu ouvi foram os sons das letras sendo selecionadas no teclado de Finn. Ele enviou a mensagem, e o barulho de resposta chegou segundos depois, várias vezes seguidas.

— Naomi disse que ele acabou de anunciar. — Ele fez uma pausa antes de ler o resto: — E que está falando a verdade porque não gosta do Dylan o suficiente pra mentir por ele. — Ele bloqueou o celular e colocou no bolso. — Talvez ele te ligue.

— Por que Naomi simplesmente não fala comigo? — Mudei de assunto.

Por mais que quisesse fazer um drama, não estava assim tão preocupada com a festa de Dylan, e sequer havia checado o celular por mensagens dele ainda. De qualquer forma, eu já estava comprometida a passar a noite com minha nova família, e estava cansada do meu namorado, por mais que uma festa mudasse um pouco o contexto das coisas.

— Ela está tendo o momento dela. — Finn respondeu, puxando uma blusa amarela do cabide e colocando na frente do próprio corpo. — E você passa o tempo todo com Dylan ultimamente.

Não respondi. Não havia mencionado a ordem de restrição para Finn, embora eu soubesse que, se dependesse de Thomas, era só uma questão de tempo até que o boato vazasse — eu estava surpresa com o tempo que havíamos conseguido manter aquela história em segredo, e imaginava que o único motivo era o fato de Thomas estudar do outro lado da cidade.

— Não é de se estranhar que vocês estejam cansados um do outro. Amy também, com aquele garotinho estranho. — Finn continuou, alheio aos meus pensamentos. — Mas também não vou na festa hoje à noite.

— Por que?

— Primeiro porque o idiota do seu namorado não me convidou.

— Isso nunca foi problema.

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