6 - Os Chase [PT II]

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Sai em direção a piscina quando a festa já estava chegando ao fim e poucos convidados rodavam pelo lugar. A piscina ficava há uma certa distância do jardim, e estava vazia – o lugar perfeito para fumar um cigarro ao ar livre, esperando que estivesse longe o suficiente do meu namorado para que ele não usasse o poder que tinha sobre mim. Assim que acendi o cigarro que havia colocado na bota, junto com o isqueiro, percebi os cabelos loiros de Thalia saindo de um dos arbustos do outro lado.

Ela saiu cambaleando em direção a piscina, olhando para o jardim, mas parou e deu um sorriso imenso quando me viu, abrindo os braços, o vestido levemente amassado e os saltos desaparecidos.

– A namorada do Dylan! – Ela disse, me abraçando com alegria genuína. – Desculpe. Teodora. Você não é propriedade dele. – Ela tirou o cigarro da minha mão e deu um trago antes que eu pudesse raciocinar, e disse, apontando para ele: – É um prazer te conhecer.

– O que você estava fazendo no meio dos arbustos? – Perguntei, a testa franzida.

– Vomitando. – Ela me entregou o cigarro de volta, e eu subitamente perdi a vontade de fumar. – Bebi demais.

Eu ri, incrédula e sem saber o que fazer, mas gostei da energia caótica da garota, embora me preocupasse que talvez ela fosse nova demais. Porém, nesse departamento, eu tinha plena consciência que não podia julgar ninguém.

– Você é bem diferente do seu irmão. – Falei, tentando indicar que estava falando de sua energia, e não da aparência.

– Dylan tem problemas de confiança, por causa do meu pai e tal. – Ela deu de ombros, sem se importar em compartilhar demais. –Eu lido com meus problemas de forma diferente.

– Como assim, problemas de confiança?

Ela me deu um sorriso de lado, que lembrava completamente Dylan.

– Fofocar sobre meu irmão vai nos tornar amigas. – Ela disse, completamente bêbada, e pegou meu cigarro de novo.

– Não precisa dizer nada se acha que ele vai ficar bravo com você.

– Ele não consegue. – Ela respondeu, pegando meu cigarro outra vez e se sentando despreocupadamente em uma das cadeiras de sol da piscina. – Ele odeia mentiras e promessas falsas, não quer ser hipócrita como meu pai, mas também é homem. – Ela riu sozinha, tagarelando. – As garotas acham tãoo sexy esse jeito misterioso do meu irmão, quando na verdade é só porque ele não quer dizer o que realmente pensa e nem mentir, então prefere o silêncio. Fico feliz que ele tenha finalmente te encontrado.

– Então eu não deveria mentir pra ele?

– É, basicamente. – Ela deu de ombros de novo. – Mas eu minto ás vezes. Ele não sabe que eu fumo.

– E se ele me perguntar se eu vi você fumar? – Perguntei, arqueando uma sobrancelha.

– Faça o jogo dele. – Ela sorriu para mim. – Mude de assunto, faça silêncio, transe com ele. Sei lá.

Olhei para aquela garota bêbada com cabelo embaraçado e meu cigarro na mão, os pezinhos pequenos balançando conforme ela se remexia na cadeira no ritmo da música abafada que vinha da casa, tranquila e caótica ao mesmo tempo. Não imaginava a irmã de Dylan assim, mas não poderia dizer que estava decepcionada.

– Você tem certeza que tem só quinze anos? – Perguntei, reparando no fato de que sua energia era tão excêntrica que, ao seu lado, eu parecia uma pessoa sem-graça.

Ela sorriu para mim outra vez, e arregalou levemente os olhos:

– Traumas familiares as vezes criam ótimas personalidades.

AmarguraOnde histórias criam vida. Descubra agora