Minha melhor amiga acordou aproximadamente às 11:50 da manhã, ou pelo menos, foi por volta desse horário que a enfermeira me informou que Naomi Jones havia acordado e, para todos os efeitos, estava bem.
Depois disso, continuei encarando o relógio pregado na parede e batendo nervosamente o pé no chão até 12:42, morrendo de fome e cansaço. A mãe dela com certeza estava a caminho, e eu não sabia se deveria ir embora ou ficar ali até Naomi procurar por mim.
Mas isso mudou quando Jonah finalmente saiu do quarto e me chamou, e eu suspirei de alívio enquanto me levantava da cadeira. Independente do que Naomi fosse me dizer, eu queria ouvir.
– Pode não dizer a ela que declarei meu amor para toda a sala de espera do hospital há poucas horas? – Jonah me perguntou, meio que sussurrando.
Dei de ombros, respondendo:
– Vou ver o que posso fazer.
Jonah revirou os olhos para mim enquanto eu entrava no quarto onde estava minha amiga, e foi se sentar perto de Dylan. Do lado de dentro, o quarto estava vazio, exceto pela minha amiga. Naomi continuava linda, mesmo com soro na veia e roupas de hospital, seu cabelo hidratado praticamente brilhava sob os lençóis.
Ela me lançou um sorriso cansado assim que nossos olhos se encontraram, e eu disse:
– Nunca vi alguém em uma cama de hospital continuar tão bonita.
– Não me olhei no espelho. – Ela respondeu, os olhos quase fechados. – Mas acredito em você.
Cheguei perto da cama e coloquei o cabelo atrás da orelha, sem saber ao certo o que fazer ou como me portar, e Naomi abriu os olhos outra vez, me encarando.
– Como você está? – Perguntei.
Ela passou a língua pelos lábios, deu um suspiro, se remexeu levemente na cama, e nenhum desses sinais de comportamento me prepararam para o que viria a seguir:
– Quero dar um tempo na nossa amizade.
Doeu como um soco. Quis imediatamente sair dali e chorar no banheiro mais próximo, ou socar alguma coisa. Eu sabia que havia errado com Naomi em muitos quesitos, mas o pedido da minha amiga foi uma completa surpresa e, de certa forma, me parecia até injusto.
Não queria dar um tempo na nossa amizade, queria continuar ali, queria pedir desculpas e ajudá-la a passar pelo que quer que fosse que ela estivesse passando, mas me contive em franzir a testa e perguntar:
– Por que?
Ela se ajeitou na cama outra vez, tentando ficar com o torso mais ereto, parecia distante mesmo quando tentava focar nas coisas, provavelmente efeito de algum remédio que ainda não havia passado por completo, ou da amizade que não queria mais ter comigo.
– Lembra quando sua mãe morreu e você meio que precisou tirar um tempo da gente? – Ela perguntou, olhando para as próprias mãos. – Você não queria se sentir julgada, e era isso que sentia quando estava conosco. Todos nós agimos de forma errada. Eu, fingindo que nada havia mudado, Finn constantemente preocupado com você, e Amy... sendo uma completa maluca. – Ela me encarou. – Estou me sentindo assim agora.
Balancei a cabeça positivamente, finalmente entendendo o que ela queria dizer, embora ainda partisse meu coração. Eu também já havia tirado um tempo daquela relação e nem tinha tido tanta decência em avisar, mas ainda doía ouvir isso da minha melhor amiga.
– Não quero me sentir julgada agora. – Naomi continuou, olhando para mim. – Só quero ter apoio. Como você teve com Dylan.
– Só me promete que vai ficar longe do Thomas. – Pedi, querendo encerrar o assunto. Não queria ouvir mais nada, mas não podia ir embora sem ter aquela certeza.
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Amargura
RomanceSEQUÊNCIA DE ACRIMÔNIA. Amargura (s.f): sabor amargo; padecimento moral; aflição, angústia, tristeza; propriedade ou característica de severo, áspero. A definição perfeita do sentimento que fica com o fim de um relacionamento amoroso intenso. Teod...