Na semana seguinte, Clarke fez aniversário. Ela daria uma festa gigantesca em sua casa com piscina como a boa garota rica que era, e, previsivelmente, havia convidado Naomi, Amy e meu namorado.
Amy, depois de todo o rolo mal contado entre Liam, Debbie, Theo e eu, agora era uma garota popular – ironicamente, ela já não parecia mais se importar tanto com isso agora. Mesmo assim, eu, por ser odiada por Debbie e namorada de Dylan, ainda continuava sendo a vilã número 1 das líderes de torcida, o que significava sempre ter que entrar de penetra em suas festas.
Pelo menos eu tinha Finn para me fazer companhia no mundo dos excluídos, e nenhum dos dois se importava muito com o status, só queríamos conseguir beber de graça. Para ser sincera, Clarke provavelmente não teria convidado Dylan também, se não fosse pela pressão social – ela fazia careta para ele toda vez que o via desde que meu namorado postara uma foto nossa no Instagram.
– Eles nos odeiam porque não são como nós. – Finn disse, passando o braço pelo meu ombro e se inclinando para trás na cadeira de madeira do Taipan, em uma tarde ensolarada, como todas as outras.
Era sexta-feira, dia da fatídica festa, e nós estávamos na nossa esquina favorita ao lado da praia tomando caipirinhas. Dessa vez, no entanto, Dylan e Matthew nos acompanhavam, tomando cerveja e lançando ocasionais olhares para a TV do lado de dentro, que passava um jogo de futebol.
Desde a festa que Dylan brigara com Thomas, era mais do que óbvio para qualquer pessoa presente que Matthew estava caidinho por Amy. A melhor parte, no entanto, era que nenhum dos dois ainda parecia ter se dado conta de que um estava afim do outro, inseguros demais para entender que aqueles sorrisos, vindos de ambos os lados, não eram inocente amizade.
Eu e Dylan tínhamos uma aposta rolando sobre o assunto: Dylan achava que eles ficariam na festa de Clarke, e eu achava que não. Finn e Naomi tinham outra aposta que, envolvendo Naomi, eu prefiro não mencionar.
Os dois estavam no canto da mesa, na maior parte da tarde tendo conversas paralelas desinteressantes, e o resto de nós se preparava para a noite que viria a seguir – mesmo que Dylan e eu não estivéssemos mais solteiros, ainda gostávamos muito de socialização para perder tempo com romance.
Dylan pegou minha caipirinha e deu um gole, como havia feito religiosamente com as três anteriores, e eu não disse nada, pois aproveitei o tempo para acender um de seus cigarros, principal motivo por sempre escolhermos mesas do lado de fora. Tudo na tarde me lembrava estranhamente de um feriado – as pessoas caminhando na calçada, as folhas dos coqueiros da praia balançando contra o vento e os garotos na pista de skate. Olhei para as ondas quebrando há distância e percebi que estava a um copo de caipirinha de distância de decidir dar um mergulho.
– É só entrarmos como se estivéssemos convidados. Ninguém vai notar. – Falei, me virando novamente para meus amigos.
– Não vai poder entrar com Dylan, senão a Clarke vai perceber. – Naomi falou, as pulseiras no braço fazendo barulho conforme ela pegava seu copo de caipirinha na mesa.
Minha amiga estava usando um vestido longo e solto cor de creme que, junto com a pele morena e as mechas loiras bem distribuídas no cabelo, faiam com que ela parecesse uma havaiana. Enquanto isso, eu usava uma blusa vermelha desgastada de Jonah que eu havia roubado na lavanderia enfiada no short jeans, óculos escuros, e all-star.
– Eu e Finn entramos primeiro, então.
– E quem vai dirigir para nós, princesa? – Finn perguntou, enquanto passava o cigarro para Dylan.
– Dylan. – Respondi.
Meu namorado soltou uma gargalhada:
– Nem fodendo. – Ele respondeu sorrindo angelical para mim.
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Amargura
RomanceSEQUÊNCIA DE ACRIMÔNIA. Amargura (s.f): sabor amargo; padecimento moral; aflição, angústia, tristeza; propriedade ou característica de severo, áspero. A definição perfeita do sentimento que fica com o fim de um relacionamento amoroso intenso. Teod...