Capitulo 18

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⭐▫️Patrícia Cristina ▫️⭐


Eu e Ludmilla continuamos no carro caladas, Evellyn havia saído e sentado no capô, ninguém falava nada, mas acredito que na cabeça delas passava o mesmo que passava na minha, a gente tava fodido pra caralho, estávamos metidos em uma confusão que não sabíamos o tamanho, e essa confusão ficava maior a cada dia, e mais complicada, tudo que pensávamos dava errado, tudo que fazíamos nos coloca mais ainda contra a polícia, e cada vez mais distante de Kevin, não sabíamos rastro de Kevin, nem ao menos se ele estava vivo, se toda essa droga valia mesmo a pena, eu e Ludmilla havíamos se machucado, nossa família estava agora lutando contra a polícia, estamos arriscando nossa vida, por algo que nem sabemos se vale mesmo a pena. Eu e Kevin nunca fomos grandes irmãos, mas algo dentro de mim, me mandava continuar, me mandava seguir em frente, porque aquele idiota tinha sim que tá vivo.

Depois de alguns longos minutos, os tiros cessaram, tudo ficou calmo, menos a minha respiração que estava desregulada, podia jurar que ouvia o coração de Ludmilla desgovernado, ou talvez fosse apenas o meu. Permanecemos calada, a primeira que apareceu foi Yris, ela veio correndo em direção a Evellyn, a Ruiva pulou rapidamente do capô e saiu correndo para abraçar a esposa, elas eram realmente lindas juntas, eu tinha tanto orgulho de Yris, do que ela se tornou, Yris era uma grande mulher, nunca baixou a cabeça pra ninguém, e nunca abandonou um amigo, sempre que qualquer um precisou dela, ela estava lá, mesmo com uma ótima vida ao lado de Evellyn, ela não se importou de deixar tudo para trás e nos ajudar a encontrar Kevin. Sorri vendo as duas abraçadas, Yris segurou o rosto de Evellyn e deu um longo beijo em seus lábios.

— Eww! – Ludmilla resmungou do banco da frente. Eu olhei para minha situação e de Ludmilla, as duas machucadas, e então eu comecei a rir, mas eu gargalhei alto, Ludmilla olhou em minha direção, mas eu não conseguia me controlar. — Mas que diabos tu viu sua maluca?

Eu fui controlando minha risada aos poucos, passei os dedos secando lágrimas que haviam caído e olhei para Ludmilla.

— A gente tá fodida Ludmilla, mas fodida pra caralho, e a gente nem pode correr.

— Eu tinha esquecido que Brunna deve tá brava com a gente... – Ludmilla fez uma cara pensativa.

Vi Yris andando até o carro e escorou os braços na porta do motorista olhando pra nós duas.

— Vocês tão fodidas... – Yris falou e eu fiz cara de tédio.

— Agora conte uma novidade Yris, isso a gente já sabe. – Eu olhei sério pra ela, mas eu comecei a rir de novo, e dessa vez Ludmilla também me acompanhou.

— Vocês são duas malucas. – Yris não aguentou e começou a rir também.

Meu riso morreu quando eu olhei para frente e vi Larissa pisando duro em nossa direção, ao lado de Brunna e Mário. Engoli em seco e arregalei meus olhos procurando uma saída que não existia.

— A gente vai morrer! – Ludmilla falou do banco da frente arrumando a sua postura desleixada e passando a ficar ereta.

— Quais suas últimas palavras Oliveira?

— Foi bom te conhecer Cristina, a gente se ver no inferno.

— Vamos descer de tobogã de mãos dadas.

— Vocês são duas idiotas. – Yris falou e riu da porta do carro, mas eu e Ludmilla continuava caladas.

Brunna e Larissa andava em nossa direção, as expressões neutras, mas eu conhecia perfeitamente aquela expressão de Larissa, ela tava cansada, e brava, brava demais. Brunna foi a primeira a chegar, ela abriu a porta do lado de Ludmilla e se abaixou olhando para a Morena.

— O que aconteceu? – Brunna começou o interrogatório.

— Machuquei o pé, Patrícia foi baleada na coxa. – Ludmilla falou com a voz calma.

— Droga, saiu tudo errado. – Brunna deu um soco no teto do carro, ela realmente estava brava.

Larissa chegou no carro, abriu a porta, o lado que ela ia sentar estava cheio de cacos de vidro, ela tirou mais ou menos alguns, depois se sentou do meu lado.

— Droga Patrícia, que diabos! – Larissa tava com as duas mãos no rosto, ela encostou a cabeça no encosto e ficou em silêncio.

— Nós ganhamos?

— Tudo saiu do controle, todos os homens da polícia que ficaram estão mortos. – A voz dela saiu abafada.

Houve um silêncio no carro, todo mundo estava exausto, com fome, com sono, de alguma forma machucado, fisicamente ou psicologicamente.

Percebi que Evellyn tinha se sentado no capô do carro novamente, Yris estava encostada entre as pernas dela. Ficamos na espera dos outros voltarem, Mário tinha se sentado no chão encostado no tronco de uma árvore, parecia pensativo também, Brunna continuava em pé do lado de Ludmilla, e Larissa do meu lado.

— Quem atirou? Foi você ou Patrícia? – Ouvi a voz de Brunna.

— Fui eu... – Ludmilla falou baixo, vi Brunna soltar uma respiração pesada, ela saiu andando sozinha, mas logo vi Mário a seguindo. — Droga! – Ludmilla resmungou do banco da frente.

— Deixe ela Oliveira, ela vai ficar bem. – Falei e Ludmilla continuou em silêncio.

Larissa olhou para minha perna, desenrolou o pano que Evellyn tinha amarrado e olhou o machucado.

— Esse corte?

— Evellyn removeu a bala.

— Assim no cru? – Balancei minha cabeça e Larissa me pareceu desesperada. — Vocês são um bando de loucas, isso não é um filme, você pode ter pegado alguma infecção!

— Eu não tava aguentando de dor amor, eu vou ficar bem!

Larissa balançou a cabeça em negativo, enrolou o pano novamente na minha perna e se encostou no estofado do carro novamente.

— O que diabos estamos fazendo com nossa vida? – Larissa falou mas eu não respondi, Ludmilla permanecia calada. E assim ficamos, até que vimos um movimento no mato.

Brunna havia voltado ao lado de Ethel, Jason e Renato. Me peguei olhando pra Jason, ele trabalhava como médico na polícia por anos, desde que ele tinha chegado a polícia tinha nos encontrado duas vezes. Estreitei meus olhos para ele, e não pude ficar calada quando ele abriu a porta do carro do meu lado e pediu para examinar meu ferimento. Eu o puxei pela gola da camisa, trouxe o rosto dele para centímetros do meu, ele parecia assustado, minha cara não devia ser nada amigável.

— Desde que você chegou, a polícia nos encontrou duas vezes, se eu ao menos sonhar, que você está passando informações nossa para a polícia, eu não vou pensar duas vezes em descarregar minha arma na sua cabeça. E eu não dou um tiro para deixar a pessoa viva, imagine 8 balas. – Falei tudo bem explicado sem ao menos piscar, o médico engoliu em seco.

— Juro que não tenho nada a ver com isso...

— Ótimo, eu acho bom. Agora pode examinar minha perna.

Soltei o médico, Brunna apenas observava nossa primeira interação, mas não ousou falar nada. Ele examinou minha perna e o pé de Ludmilla, felizmente as notícias não eram tão ruins assim, ele apenas cobriu o ferimento e falou que precisava de uns pontos. Emilly e os demais tinham acabado de chegar, e era hora de saber qual seria nossos próximos passos. Gostaria mesmo de saber quando seriam os meus, porque tenho certeza absoluta que vou passar uns dias sem andar.

A delegada (G!P) ✔🚔 2°Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora