Fredrick Warren olhava para o céu enquanto caminhava de mãos dadas com Alexander, que, como sempre, mexia no celular. Tinham decidido caminhar no terraço do shopping, a fim de tomar um ar e admirar a cidade vista do alto, assim como observar os poucos transeuntes que, tal como eles, caminhavam de mãos dadas e a rir das crianças que corriam para lá e para cá, se esquivando de tiros de neve.
— A noite está bonita, apesar de gelada pra caralho... — o médico iniciou um diálogo, buscando chamar a atenção do fotógrafo.
— Gelada pra caralho? — Alexander riu e usou a mão livre para guardar o smartphone no bolso do casaco. — Até parece eu falando. — comentou e olhou para o céu, franzindo o cenho a fim de focar a visão e ver o tímido brilho das estrelas tentando permanecer visível apesar das luzes de Chicago. — É, a noite está ótima... dá até vontade de correr e fazer uma bola de neve para jogar na sua cara...
— E por que não faz isso?
— Porque eu acabaria molhando a sua roupa chique, e aí você teria que tirá-la... — Alex respondeu, sentindo as bochechas esquentarem — Além disso, eu não quero soltar a sua mão...
Fredrick sentiu o coração bater de um jeito diferente. Não conseguiu conter um sorriso.
— Também não quero soltar a sua... — apertou levemente a mão enluvada do fotógrafo e parou, puxando-o e então segurando sua outra mão.
— Não é um problema para você? — Alexander achou prudente perguntar. — Ficar junto comigo assim em público... as pessoas...
— Eu não vou mais te esconder, Alex... — Fredrick falou firmemente e sem deixar de olhar para a face de Alexander. — Quem achar isso ruim pode vir tirar satisfações comigo. — Ergueu as mãos de seu deus e as beijou.
Foi a vez do fotógrafo ser incapaz de conter um sorriso. Se ele soubesse quão belo ficava quando sorria, sorriria mais vezes.
Envergonhado, Alexander abaixou a cabeça. Em seu peito, diversos sentimentos se embolavam, causando-lhe um misto de vontades. Vontade de rir, pois estava sendo acometido por uma cálida felicidade; vontade de chorar, pois a angústia e o medo que o atormentavam não desapareceriam assim tão facilmente; vontade de beijar, porque estava sedento e faminto pelo corpo do Warren: pela textura da pele, pelo cheiro, pelo calor do toque, pelo som da voz e até o mais sutil movimento. Queria-o, e tal querer era justamente o que levava o fotógrafo a buscar dar aquele encontro por encerrado.
— Bom, acho melhor irmos para casa... — Alexander sugeriu, suspendendo o olhar para encarar o médico.
— Tá, — Freddy gostaria de passar mais tempo ao lado de Alex, mas decidiu não protestar — vamos para o estacionamento então...
— É... eu vim de metrô, não gosto de usar a moto quando tem neve, — informou Alexander — mas eu te acompanho até lá embaixo...
— E cê tá sonhando se acha que eu vou te deixar ir embora de metrô. Vou te levar para casa! — o médico determinou, sorrindo — E não aceito não como resposta!
— E cê acha que eu ligo para o que você aceita? — Alexander quis se fingir de bravo, mas riu quando foi puxado de encontro ao peito do doutor. — Quer me derrubar, porra? — indagou atrapalhadamente, enquanto pisava sem querer nos pés do médico.
— Nossa, mas é fina a criatura! A gente acabou de reatar o relacionamento e cê já manda um "quer me derrubar, porra", — um feliz Fredrick abraçou Alexander e debochou, beijando-o no rosto. — Ah, como eu tava com saudade disso! Vamos indo, vem — soltou o, agora, namorado, e passou um braço sobre os ombros dele.

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De Dentro Para Fora
RomanceFredrick Warren é um médico bem sucedido e já beirando os 50 anos. Viúvo e pai de uma jovem de 21 anos, jamais acreditaria se lhe dissessem que ele se pegaria louco de amores por uma pessoa em uma balada. Acreditaria menos ainda, caso lhe dissessem...