38 - De dentro para fora

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Fredrick Warren olhava para o céu enquanto caminhava de mãos dadas com Alexander, que, como sempre, mexia no celular. Tinham decidido caminhar no terraço do shopping, a fim de tomar um ar e admirar a cidade vista do alto, assim como observar os poucos transeuntes que, tal como eles, caminhavam de mãos dadas e a rir das crianças que corriam para lá e para cá, se esquivando de tiros de neve.

— A noite está bonita, apesar de gelada pra caralho... — o médico iniciou um diálogo, buscando chamar a atenção do fotógrafo.

— Gelada pra caralho? — Alexander riu e usou a mão livre para guardar o smartphone no bolso do casaco. — Até parece eu falando. — comentou e olhou para o céu, franzindo o cenho a fim de focar a visão e ver o tímido brilho das estrelas tentando permanecer visível apesar das luzes de Chicago. — É, a noite está ótima... dá até vontade de correr e fazer uma bola de neve para jogar na sua cara...

— E por que não faz isso?

— Porque eu acabaria molhando a sua roupa chique, e aí você teria que tirá-la... — Alex respondeu, sentindo as bochechas esquentarem — Além disso, eu não quero soltar a sua mão...

Fredrick sentiu o coração bater de um jeito diferente. Não conseguiu conter um sorriso.

— Também não quero soltar a sua... — apertou levemente a mão enluvada do fotógrafo e parou, puxando-o e então segurando sua outra mão.

— Não é um problema para você? — Alexander achou prudente perguntar. — Ficar junto comigo assim em público... as pessoas...

— Eu não vou mais te esconder, Alex... — Fredrick falou firmemente e sem deixar de olhar para a face de Alexander. — Quem achar isso ruim pode vir tirar satisfações comigo. — Ergueu as mãos de seu deus e as beijou.

Foi a vez do fotógrafo ser incapaz de conter um sorriso. Se ele soubesse quão belo ficava quando sorria, sorriria mais vezes.

Envergonhado, Alexander abaixou a cabeça. Em seu peito, diversos sentimentos se embolavam, causando-lhe um misto de vontades. Vontade de rir, pois estava sendo acometido por uma cálida felicidade; vontade de chorar, pois a angústia e o medo que o atormentavam não desapareceriam assim tão facilmente; vontade de beijar, porque estava sedento e faminto pelo corpo do Warren: pela textura da pele, pelo cheiro, pelo calor do toque, pelo som da voz e até o mais sutil movimento. Queria-o, e tal querer era justamente o que levava o fotógrafo a buscar dar aquele encontro por encerrado.

— Bom, acho melhor irmos para casa... — Alexander sugeriu, suspendendo o olhar para encarar o médico.

— Tá, — Freddy gostaria de passar mais tempo ao lado de Alex, mas decidiu não protestar — vamos para o estacionamento então...

— É... eu vim de metrô, não gosto de usar a moto quando tem neve, — informou Alexander — mas eu te acompanho até lá embaixo...

— E cê tá sonhando se acha que eu vou te deixar ir embora de metrô. Vou te levar para casa! — o médico determinou, sorrindo — E não aceito não como resposta!

— E cê acha que eu ligo para o que você aceita? — Alexander quis se fingir de bravo, mas riu quando foi puxado de encontro ao peito do doutor. — Quer me derrubar, porra? — indagou atrapalhadamente, enquanto pisava sem querer nos pés do médico.

— Nossa, mas é fina a criatura! A gente acabou de reatar o relacionamento e cê já manda um "quer me derrubar, porra", — um feliz Fredrick abraçou Alexander e debochou, beijando-o no rosto. — Ah, como eu tava com saudade disso! Vamos indo, vem — soltou o, agora, namorado, e passou um braço sobre os ombros dele.

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