7 - Borboletas no Estômago

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— Cheguei! — comemorou Freddy ao abrir a porta do próprio apartamento.

— Que roupas são essas? — Lerry apontou para as roupas do amigo.

— Lerry! — Fredrick foi pego de surpresa — Não esperava te ver aqui... aconteceu alguma coisa?

— Nada, nada... — o médico rechonchudo estava sentado numa poltrona da sala de estar, vendo TV com Samantha e Allissa — Vim trazer a Sam apenas... e fiquei para te dar um alô. — sorriu o homem — Nem parece que a gente trabalha juntos e se vê todo dia. — ironizou.

— Nem parece. — Freddy riu da brincadeira — Quer ficar e jantar?

— Não quero voltar tarde para casa... — embora estivesse prestes a negar o convite, a cara de Leroux denunciava sua vontade de ficar e comer. Para ele, era como poder voltar a ser um adolescente que jantava na casa do melhor amigo. Não era Freddy o melhor amigo de Lerry naquela época, mas o conceito era o mesmo.

— Não vou demorar, juro! — Fredrick insistiu — Me deixe só tomar um banho e vestir algo mais... "eu".

— O que me lembra, que roupas são essas? — o médico voltou a perguntar.

— Se lembra do nosso paciente? — Freddy começou a explicar — Realmente não havia quem pudesse levá-lo para casa, então me prontifiquei. A chuva pegou a gente no caminho e ele me emprestou essas roupas. — era mais fácil do que parecia contar a história, se ocultasse os momentos de silêncio constrangedor e pensamentos impuros.

— Ah, ótimo. — Lerry comentou — Que bom que tudo acabou bem então.

Allissa e Samantha lançaram um olhar de cumplicidade para Fredrick. Claro que elas pensaram que algo mais quente tinha rolado, afinal, eram jovens de mentes poluídas e ambas já tinham construído em suas cabecinhas uma história na qual Freddy estava másculo e molhado enquanto era despido vagarosamente por aquele homem lindo.

Pena que a realidade era muito menos divertida.

Mais ou menos vinte minutos depois, Fredrick já estava de volta, preparando o jantar enquanto papeava com Lerry e observava, vez ou outra, o que as meninas viam na TV. Serviu um risoto simples, com cogumelos porcini e vinho tinto, para dar uma cor mais escura ao prato.

— E aquele assunto, como está? — indagou Leroux, após o jantar, quando Allie e Sam já tinham ido para o quarto.

— Hã? Que assunto? — Freddy foi pego de surpresa outra vez.

— Aquele... — Lerry moveu um dos ombros como se apontasse para o andar de cima do apartamento.

Freddy demorou para entender o que seu amigo queria dizer, mas, eventualmente, compreendeu.

— Ah! Aquele assunto... bem... — o médico respirou fundo — Soube que Allissa encontrou a garota outra vez, mas... parece que foi algo amigável apenas, nada romântico... — se sentia horrível por manter a mentira, mas tal sensação não o impediu de continuar.

— Isso é bom, certo? — indagou Lerry — Ela te contou isso?

— Si... sim... — Fredrick não sabia muito o que dizer, então só ia deixando a conversa fluir — Nós somos muito próximos... desde que Elen — falou se referindo a Elenice, mãe de Allie — se foi, não gostamos de manter segredos... é diferente de privacidade, mas nós conversamos sobre tudo, praticamente.

— Isso é ótimo, Freddy. Uau! — Leroux se surpreendeu com o relato de Fredrick — Samantha não me conta nada! Nem pra mim e nem para a mãe dela. Isso porque a gente até tenta ser um pouco mais liberal, mas ela tem essas ideias novas sabe, é provável que Sam esteja apoiando a Allie com esse negócio de beijar meninas.

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