43 - Também Mata

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— Obrigado por nos trazer, Freddy. — Alexander disse após dar um selinho no médico e abrir a porta do carro. — Até mais tarde. — Se despediu e desceu do veículo.

Enquanto esperava Allissa se organizar e sair da SUV do pai, Alex checava as mensagens em suas duas linhas telefônicas. Na comercial, clientes em potencial perguntavam sobre os valores de ensaios, e empresários diziam ter interesse em montar parcerias com a Freeman's. Na pessoal, haviam mensagens novas de Lucas, da avó dele, de Sinclair e de Oliver.

— Preciso falar com você urgentemente. — dizia o CEO. — Voltarei ao país no fim do mês e... cara, o assunto é sério. Desculpa só te mandar essa mensagem e não dizer do que se trata, mas não é legal falar sem ser pessoalmente e eu tô morrendo de medo. Não tava me aguentando e precisava te deixar ciente, nem que fosse do fato de que a gente precisa conversar. Desculpa...

— Valeu, Ollie. Agora vou morrer de ansiedade. — A mensagem de Alexander foi acompanhada por um emoji entediado. — Vê se adianta esse retorno ou vamos fazer uma videochamada...

— Não dá. Minhas irmãs estão comigo e não quero falar do assunto na frente delas. Além do mais, não tenho motivo para antecipar a viagem de volta, se eu fizer isso, elas irão achar que tem algo errado. — Oliver respondeu.

— E tem algo errado? — Alex indagou.

— Mano, quando eu voltar a gente conversa. Sério... — A resposta do CEO não respondeu coisa alguma.

— Que escolha eu tenho? — O fotógrafo não perderia a oportunidade de demonstrar sua insatisfação. — Vou trabalhar, beijos. — Se despediu e vendo que Allissa se aproximava, guardou o celular no bolso. — Vamos? — Sorriu para a garota e destrancou a porta do estúdio.

Janeiro havia chegado. O novo ano começou. Aos poucos, a metrópole substituía a atmosfera natalina por aquele ar de constante pressa que preenchia os grandes centros urbanos. O inverno ainda era rigoroso, e empregava milhares de pessoas que eram encarregadas de impedir que a neve se acumulasse nas ruas e calçadas, atrapalhando o trajeto dos carros e dos pedestres.

Alexander e Allissa, naquela manhã gelada, deveriam ter sido uns dos inúmeros transeuntes que andavam apressados e com as mãos enterradas nos bolsos, já que, nessa época do ano, o fotógrafo optava por deixar a moto guardada, evitando assim o aumento do risco de acidentes causados por, dentre outras coisas, a baixa aderência dos pneus as ruas escorregadias. Preferia caminhar, ao invés disso, na Chicago Pedway, uma rede de passagens subterrâneas que se uniam aos túneis dos metrôs, criando verdadeiras avenidas que, possuindo meios artificiais de regular a própria temperatura, protegiam os cidadãos dos males do frio extremo e ofereciam a eles, debaixo da terra, tudo o que poderiam encontrar, sobre ela, nos tempos de calor.

No entanto, Fredrick decidiu oferecer uma carona ao namorado e à filha que, agradecidos, aceitaram ir para o estúdio fotográfico no conforto de um veículo grande e quentinho.

— Ué, cadê o Jean? — Alex indagou ao fechar a porta atrás de Allissa. — Ele não entra às nove?

— Cê é o dono do estúdio e não sabe? — Allie questionou rindo. — Mancada isso aí. — Brincou. — Quando eu chegava atrasada, você me esculachava.

— Quando você era minha assistente, eu vinha para cá todos os dias, então podia monitorar seus horários. — Alex caminhou até um armário e o abriu. — Aí te xingava mesmo. Onde já se viu, uma mina que vivia de pernas para o ar chegar quarenta minutos atrasada no trabalho?

— Ah, você e sua pontualidade de inglês. Quando eu chegava aqui, não tinha nada pra fazer do mesmo jeito. — Allissa retrucou, removendo a touca e o cachecol.

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