26 - Os Esforços que Fazemos por Aqueles que Amamos

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— Qual é mesmo a ocasião do almoço? — Amanda indagou enquanto prendia os cabelos loiros em um coque apertado.

— A Allie foi aprovada no estágio, acho que é isso. — Lucas respondeu e sentiu seu corpo estremecer quando Alexander passou um pente no meio de sua cabeça, separando seus longos cabelos em duas partes — E o Freddy quer apresentar o Lex para uma amiga. É isso, né Lex?

— Uhum. — Alex murmurou, tentando não deixar a piranha de cabelo escapar de seus lábios comprimidos. A fim de arrumar os cabelos do amigo, estava sentado no encosto do sofá, ficando atrás de Lucas e passando as pernas uma de cada lado do índio enorme — Que legal que cêis conseguiram folga no mesmo dia. — comentou, prendendo a metade esquerda dos cabelos de Lucas com a piranha e separando a outra metade em três partes — Como tá o trampo no mercado? Faz tempo que não passo lá. Peguei o hábito de comprar tudo perto da escola ou do estúdio para agilizar o processo.

Amanda lançou um olhar sério para Lucas que sorriu sem graça antes de responder.

— O trampo tá bem, a gente tá curtindo bastante. — o de pele dourada disse rapidamente — E lá na escola de artes? Como estão as coisas?

— Oliver gostou do projeto de assistência que fiz com a Allie e quer ver se implanta o modelo na escola. Ele também quer que eu o ajude a criar campanhas de inclusão para pessoas de baixa renda e minorias étnicas. — o fotógrafo comentou e começou a trançar os cabelos de Lucas.

— Quem é Oliver? — Amanda perguntou, simulando interesse no assunto.

— Meu chefe... quer dizer, ele não meu chefe de verdade, mas é o CEO da empresa de comunicação que comprou a escola. — Alex respondeu, sem tirar os olhos do que estava fazendo — Eu já tô todo atolado de coisas pra fazer só com as aulas e o estúdio, imagine se eu for começar a trampar com criação de projetos, cê é doido.

— Porra, Lex, aproveita que o chefão tá curtindo o seu trabalho. — Lucas disse em tom animado.

— Eu quero aproveitar, mas não dá pra fazer tudo, né? — ao terminar de fazer a trança, que alcançava o meio das costas de Lucas, Alexander apanhou uma fita bege de algodão e amarrou a extremidade inferior dela — Se eu aceitar, vou ter que parar de dar aulas... não vai rolar de eu assumir três funções. Ou terei que parar com os trampos no estúdio. — suspirou — Mas isso eu resolvo depois. Pronto, senhor Lucas Esposito Mesteth, seu cabelo, do qual eu nem morro de inveja, está arrumado.

— Pera, Lu... você vai sair com uma trança de um lado da cabeça e o resto do cabelo solto? — Amanda zombou do namorado, revirando os olhos verdes em nítida desaprovação do que via — Só falta fazer uma trança do outro lado para ficar parecendo uma mulherzinha. — já com os cabelos presos, trazia dois cabides: no primeiro, havia um vestido curto laranja florido e no segundo, um macacão comprido preto e vermelho.

Alexander saiu de trás do amigo, parando a frente dele, convidando-o com um gesto a também se erguer — Seu namorado é descendente do povo Lakota, índios, nativo-americanos. — iniciou uma explicação enquanto puxava a parte solta dos cabelos de Lucas para junto da trança — Penteados como esse, por mais simples que pareçam, são parte da cultura deles. Uma cultura muito bela e importante e que não deve ficar escondida. — sorriu, satisfeito com a aparência saudável do amigo.

— Infelizmente, minha família não tinha muito contato com a reserva. — Lucas caminhou até o espelho do banheiro enquanto continuava explicando a razão de escolher aquele penteado — Então eu tento manter as origens como dá... e também... gosto de parecer diferente, sabe? Não o padrãozinho de cara branco...

— Ou seja, eu... — Alex foi para o quarto de Lucas e Amanda se esticou, a partir de sua posição na sala, para ver o que o fotógrafo queria ali.

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