— Acho que fui promovido. — Alexander pensava no que teria dito à Freddy, se aquele dia não tivesse acabado de um jeito tão ruim — Como foi seu dia no estágio? — perguntaria à Allissa, mas que diferença isso faria agora? Apanhou mais um cigarro e o acendeu. Já era o quinto só naquela breve janela de meia hora que havia se passado desde que tinha deixado o duplex de Fredrick e se dirigido ao mercado que ficava ao lado da concessionária em que o fotógrafo comprou sua motocicleta.
O efeito da nicotina fazia seu corpo relaxar, evitando que explodisse em choro e gritos de raiva. Raiva. Alexander estava sendo acometido por uma miríade de sentimentos, contudo, naquele instante, resumia-se num poço repleto de ódio e rancor, e o cigarro funcionava como uma espécie de válvula para aliviar a pressão em sua cabeça, pois, se explodisse, não apenas se machucaria, como feriria também qualquer um que estivesse ao redor, inocente ou não.
Não que a explosão pudesse ser para sempre adiada. Não. O que Alexander queria mesmo era apenas segurar seu ódio para despejá-lo sobre aqueles que, para ele, eram merecedores.
— Boa noite, eu gostaria de falar com o gerente, por gentileza. — com um sorriso quase ameaçador, se dirigiu à atendente — Pode ficar tranquila, não tive qualquer problema com o atendimento. Só preciso pedir algumas informações. — explicou quando a moça lhe perguntou se estava tudo bem, olhando para ele com sua cara pálida enquanto tentava dar continuidade aos próprios afazeres com as mãos trêmulas.
O gerente apareceu andando em um ritmo apressado, mas não o suficiente para fazê-lo parecer nervoso — Eu conheço o senhor... — o homem gordinho e branco como uma folha de papel sorriu, estendendo a mão ao fotógrafo que, embora não quisesse cumprimentar ninguém, retribuiu o gesto.
Alexander fez as perguntas que quis e viu o gerente ficar mais calmo conforme compreendia que a visita do motoqueiro mal encarado e que parecia "prestes a matar alguém" não era um problema. Agradecendo ao homem e à gentileza da atendente, o fotógrafo montou sua moto e dirigiu até seu prédio, onde guardou o veículo e subiu, optando pelo uso das escadas, embora o elevador já tivesse sido consertado há um bom tempo. A cada degrau, tentava organizar as ideias em sua mente, buscando decidir o que dizer e o que fazer quando abrisse a porta e encontrasse duas das três pessoas que mais odiava naquele momento: Amanda e Lucas.
A terceira pessoa era ele mesmo.
O índio e a loira saltaram da posição em que estavam quando Alexander entrou de repente e passou reto pela sala, adentrando o corredor e indo direto ao quarto que o casal dividia.
— Achei que você ia dormir no Freddy hoje, Lex. — Lucas disse em um tom alegre, contudo, a menção do nome do médico fez as lágrimas retornarem aos olhos do fotógrafo que respirou fundo para não perder o controle.
Concentrando-se em seu plano, Alexander escancarou os armários do quarto de Lucas e Amanda, jogando tudo para fora. Roupas, algumas delas recém compradas, bolsas, sapatos, livros, brinquedos, tudo. Incentivados pelos sons de coisas caindo, o casal foi até a porta do quarto ver o que estava acontecendo.
— Você tá louco? — Amanda foi entrando e gritando, indo, com dedo em riste, em direção a Alexander — Quem você pensa que é pra entrar aqui e... — empurrou o fotógrafo e tentou alcançar a bolsa que ele segurava — Me devolve!
— Quê isso? O que tá acontecendo? — Lucas interviu e se pôs entre Amanda e Alexander.
— O que tá acontecendo é que a vaca da sua namorada é a porra de uma ladra! — Alexander vociferou, soltando a bolsa e mantendo o cartão de Louise na mão — Vadia, filha da puta, quer ter vida fácil roubando o que é dos outros! E você sabia! — avançou em direção a Lucas e o empurrou para longe..
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De Dentro Para Fora
RomanceFredrick Warren é um médico bem sucedido e já beirando os 50 anos. Viúvo e pai de uma jovem de 21 anos, jamais acreditaria se lhe dissessem que ele se pegaria louco de amores por uma pessoa em uma balada. Acreditaria menos ainda, caso lhe dissessem...