Doutor Warren, o senhor Cavanagh está aqui, aguardando para ser atendido. — informou a recepcionista do hospital por telefone — Posso deixá-lo entrar?
— Ah, sim... sim... por favor, diga que ele pode vir que eu... que eu estou esperando por ele.
E assim se foram as poses foda. O coração de Warren já começava a errar o ritmo das batidas e dava sinais de que pararia a qualquer instante. O médico até se arrependeu de ter decidido usar roupas justas, pois começava a suar.
— Merda! Eu tô apaixonado... — apoiou a testa em uma das mãos, não podendo deixar de reconhecer os sinais. Então, cerca de um minuto depois, escutou batidas na porta e, com as pernas trêmulas, se levantou para receber a visita de deus.
— Ei... — um sorriso desconcertado surgiu no rosto de um Alexander que não pôde deixar de perceber quão belo Fredrick estava.
— Boa tarde, entre. — Freddy deu espaço para que o deus encarnado entrasse em sua sala — O caminho até aqui foi tranquilo? — perguntou, tentando evitar que seu queixo caísse enquanto admirava o fotógrafo que parecia ter se preparado tanto quanto ele para aquele momento.
Sim, Alexander (que, para Fredrick, já era belíssimo) estava muito bem vestido também. Trajava uma blusa preta de lã, com mangas compridas e gola rolê, de forma que a peça parecia se fundir com a calça jeans também preta que usava e que havia sido recentemente desdobrada, alcançando a metade de suas canelas, já que ansioso como estava, tinha ido remover o gesso antes de ir visitar Fredrick em sua sala. Uma bota de cano alto feita de couro sintético com abas erguidas e propositalmente mal amarradas por cadarços engolia os pés, que Freddy se lembrava de serem finos e compridos como as mãos dele, e um sobretudo amarelo descia por seus ombros até os joelhos, com a lapela erguida e repleto de botões e fivelas grandes e pretas.
No rosto, a barba e o bigode não tão curtos quanto na última vez em que se viram davam a Alexander um ar menos delicado, emoldurando sua face de um jeito agradável e, por fim, os cabelos castanhos estavam penteados de forma a parecem mais cheios ao mesmo tempo que tinham um aspecto despojado.
— Muita chuva. — respondeu o deus encarnado, movendo um guarda-chuva comprido e envolto em uma capa plástica que segurava — Fazia tempo que não pegava o metrô. — entregou ao médico um envelope grande — O radiologista disse que eu poderia dar isto a você. — seu tom de voz era suave.
— Sim, deixe-me ver. — Freddy apanhou o envelope das mãos de Alexander e seus dedos se encostaram de leve — Sente-se, por favor. — deu a volta na escrivaninha e se sentou também.
Respirando fundo e prendendo seu olhar em um lugar qualquer, Alexander se sentou à frente do médico. Não queria prestar atenção nele, pois seus lábios queriam se esticar em sorrisos bobos e aquilo era inconveniente.
No entanto, se podia controlar seus movimentos, não era capaz de fazer o mesmo com os pensamentos que viajavam no tempo até a noite em que se esbaldaram em luxúria e desejo. Caralho! Fredrick estava lindo naquelas roupas justas e o jaleco branco que ele vestia fazia o deus encarnado ter ideias. Ideias, malditas ideias.
— Por fim, parece que está tudo bem com você, mas é melhor dar uma última olhada na sua perna... — Freddy terminou de falar algo — Alexander? Alexander? — o médico chamou outra vez ao notar que o olhar do fotógrafo estava perdido.
— Sim? — o deus voltou ao plano terrestre — Desculpe, estava pensando em... — que desculpa usaria? — Estava pensando na minha motocicleta... quero dizer, na que irei comprar assim que sair daqui. Aliás, já terminamos?
— Não, eu gostaria de saber se poderia me deixar examinar a sua perna. — Fredrick repetiu, fingindo não estar nervoso.
— Para quê? — o fotógrafo fez uma cara estranha.
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De Dentro Para Fora
RomantizmFredrick Warren é um médico bem sucedido e já beirando os 50 anos. Viúvo e pai de uma jovem de 21 anos, jamais acreditaria se lhe dissessem que ele se pegaria louco de amores por uma pessoa em uma balada. Acreditaria menos ainda, caso lhe dissessem...