27 - Comida, Câmera, Cor e Crime

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A luz do sol invadia o apartamento de Fredrick Warren, deixando-o com ar de aconchego e frescor típico das casas bem iluminadas. Além da luz da magnânima estrela da manhã, o maravilhoso cheiro do alho a ser refogado junto com cebolas contribuía com a aura alegre e descontraída daquele dia de sábado.

Com o almoço marcado para a uma da tarde, todos se revezavam na cozinha a fim de garantir que a comida ficaria pronta a tempo. Freddy preparava a salada de feijão branco e atum, estando a cuidar, naquele instante, do tempero de alho, limão e pimenta. Buscando se distanciar da imagem de professor sério de faculdade e doutor, vestia uma bermuda jeans branca, uma camiseta rosa e, considerando o calor de pouco mais de trinta graus que fazia naquele dia, decidiu que ficaria descalço. Afinal, às vezes, nada era mais refrescante do que pisar no chão geladinho.

Alexander tinha se responsabilizado pelo prato de quinoa com camarão e alho, que era a causa do cheiro incrível que tomava o ambiente. Vestido com uma calça jeans preta rasgada em um dos joelhos, all stars verde-limão e um camisão também verde sobre a camiseta branca com estampa de bandeira norte-americana, ficava engraçado quando colocava o chapéu preto estilo fedora e brincava com o avental florido que Allie tinha amarrado nele.

Allissa, que usava um short jeans curto, uma batinha amarela com estampa de tucanos e calçava um par de chinelos rosa, cuidava dos acompanhamentos, isto é, do arroz branco e das morchellas salteadas.

Toda a comida, claro, era preparada de forma a alimentar um batalhão. Ou seja, se a receita dizia uma porção, cinco seriam adicionadas. Se dizia duzentos gramas, um quilo seria colocado. Haveriam quatro homens na casa: Alexander, Fredrick, Lucas e Jean, todos admitindo que comiam como leões cujos estômagos eram buracos sem fundo. Além deles, Allissa, Samantha, Linda, Louise e Amanda, não ficavam muito atrás. Para a ocasião, Freddy até tinha comprado panelas maiores.

Por volta do meio-dia, Lucas e Amanda chegaram com cervejas. Jean, Linda e Sam se encontraram no metrô e vieram trazendo refrigerantes e dez litros de vodka barata, pois já planejavam o esquenta antes da balada que visitariam mais à noite. Louise foi a última a chegar, trazendo dois potes de sorvete, um de pistache e outro de framboesa, e uma travessa de pavê de chocolate meio-amargo.

Uma pequena tensão se tornou palpável quando Amanda começou a reparar nas roupas curtas das outras mulheres. Com exceção de Linda, que usava um jeans preto e camisetão de banda de rock, com coturno e coleira, as outras moças estavam todas de shortinho, chinelo e regata. Lucas estava fazendo um sucesso com Louise, que sendo louca por homem de cabelo comprido, estava pirando no índio. Falando ainda em piração, Freddy se surpreendeu com a rápida amizade que a doutora fez com Alexander. Era como se se conhecessem há séculos. Os assuntos simplesmente fluíam entre os dois de modo a até alienar o doutor da conversa, causando nele um misto de ciúme e felicidade.

As comidas ficaram prontas exatamente à uma da tarde e todos se sentaram famintos ao redor da mesa. Como se estivessem numa ceia de Ação de Graças, braços se estendiam por todos os lados para apanhar recipientes de comida e garrafas com bebidas. Comeram tanto que Samantha precisou ir ao banheiro para retirar o sutiã que ficara apertado e Lucas estava quase dormindo no sofá, sofrendo com a preguiça que dá quando se come demais. Contudo, ainda restavam as sobremesas. Mas, sabe como é, para a sobremesa sempre sobra um espacinho.

Amanda começou a surtar com o namorado quando achou que ele estava olhando para os mamilos aparentes sob a blusa de Samantha, e Allissa já ia pedir para a amiga recolocar a peça íntima antes que o casal brigasse.

— Se toca, Amanda, qual é o problema da mina estar sem sutiã? E qual é o problema se o Lucas der uma olhada? Vai dizer que nunca admirou uma bunda masculina quando ele estava por perto? — Alexander, que já tinha umas três latas de cerveja e uns drinks de vodka irrigando seu cérebro, indagou de forma bem humorada — Olhar não significa que a gente quer pegar... ou você quer pegar todo mundo para quem olha?

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