DEZEMBRO
Fredrick Warren abriu os olhos, dando de cara com a luz branca que passava através da janela de sua suíte. Estando ainda de férias, se forçou a não acordar muito cedo, isto é, forçou-se a ficar na cama pelo menos até às oito da manhã. Espreguiçando-se, tomou coragem e foi ao banheiro para tomar um banho. Depois que o fez, sentiu-se verdadeiramente revigorado e pronto para enfrentar o dia. Não que fosse fazer algo que realmente exigisse algum esforço de sua parte.
Com fome, decidiu descer para preparar o café da manhã para si e para a filha que provavelmente ainda dormia. Antes de deixar o quarto, contudo, apanhou o próprio smartphone e, após checar sua agenda e ver que tinha todo o dia livre, abriu o aplicativo de mensagens:
A. Cavanagh (deus)
HOJE
"deus?"
"Ih, acho que dormiu, lol..."
"Boa noite, então..." - às 12:49 a.m.
"Nossa, Freddy, desculpa... porra, eu capotei, caí no sono, lol..."
"Amanhã a gente se fala... bjos, boa noite... bom descanso pra ti..." - às 3:22 a.m.
O médico achou graça do fato de Alexander ter adormecido enquanto conversavam. Com um sorriso na face, começou a digitar: — Bom dia, dormiu bem? — enviou a mensagem e colocou o celular no bolso, seguindo tranquilamente para cozinha, sabendo que seu deus não acordaria tão cedo para respondê-lo.
— Bom dia! Tô explodindo de dor de cabeça... — a resposta de Alexander chegou por volta das onze da manhã — Dormi mal pra porra... — o fotógrafo estava incerto sobre ser tão sincero a respeito do próprio estado.
— Calma, deus... tenta relaxar... é a falta do cigarro e do álcool... Você vai ficar ansioso e irritado por um tempo. — Freddy enviou a mensagem para Alex, esperando que suas palavras fossem ajudá-lo a manter a razão.
— Nem me fala dessas porras, Fredrick! — Alexander respondeu, enviando uma linha de emojis que expressavam dor — Tô me segurando para não fumar uns trinta cigarros de uma vez... — para ilustrar seu pensamento, enviou um GIF que mostrava o personagem de cartoon Pateta, fumando oito cigarros ao mesmo tempo.
Acomodando-se em seu sofá, Freddy riu ao ver a imagem. — Que bom que está de bom humor. — digitou e enviou, erguendo o smartphone acima do rosto enquanto se deitava no estofado — O que vai fazer hoje? — indagou e ficou olhando para a tela, aguardando a resposta do deus.
— Tenho consulta na psicóloga daqui a pouco.
— E cê tá gostando?
— Não é a primeira vez que frequento esse tipo de lugar... então não tem muita novidade, mas... sinceramente... é chato pra porra! — Alexander não poupava Fredrick de seu vocabulário de baixo calão.
— Tipo você, assim? — o doutor provocou, mandando emojis que riam.
— Quando eu tava te comendo cê não me chamava de chato... — a resposta logo se formou na mente do fotógrafo, contudo, ele se absteve de enviá-la. Sua preocupação não residia na possibilidade de desrespeitar o médico, mas de evocar memórias dos tempos em que eles eram um casal.
Desde que voltaram a se falar, no dia em que Lucas foi internado na clínica de reabilitação, Alexander e Fredrick mantinham contato todos os dias. Às vezes, não trocavam mais do que duas mensagens; outras, conversavam por horas, de forma a até mesmo atrapalhar a execução de seus afazeres.
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De Dentro Para Fora
RomanceFredrick Warren é um médico bem sucedido e já beirando os 50 anos. Viúvo e pai de uma jovem de 21 anos, jamais acreditaria se lhe dissessem que ele se pegaria louco de amores por uma pessoa em uma balada. Acreditaria menos ainda, caso lhe dissessem...