36 - Contato Médico

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DEZEMBRO

Fredrick Warren abriu os olhos, dando de cara com a luz branca que passava através da janela de sua suíte. Estando ainda de férias, se forçou a não acordar muito cedo, isto é, forçou-se a ficar na cama pelo menos até às oito da manhã. Espreguiçando-se, tomou coragem e foi ao banheiro para tomar um banho. Depois que o fez, sentiu-se verdadeiramente revigorado e pronto para enfrentar o dia. Não que fosse fazer algo que realmente exigisse algum esforço de sua parte.

Com fome, decidiu descer para preparar o café da manhã para si e para a filha que provavelmente ainda dormia. Antes de deixar o quarto, contudo, apanhou o próprio smartphone e, após checar sua agenda e ver que tinha todo o dia livre, abriu o aplicativo de mensagens:

A. Cavanagh (deus)

HOJE

"deus?"

"Ih, acho que dormiu, lol..."

"Boa noite, então..." - às 12:49 a.m.

"Nossa, Freddy, desculpa... porra, eu capotei, caí no sono, lol..."

"Amanhã a gente se fala... bjos, boa noite... bom descanso pra ti..." - às 3:22 a.m.

O médico achou graça do fato de Alexander ter adormecido enquanto conversavam. Com um sorriso na face, começou a digitar: — Bom dia, dormiu bem? — enviou a mensagem e colocou o celular no bolso, seguindo tranquilamente para cozinha, sabendo que seu deus não acordaria tão cedo para respondê-lo.

— Bom dia! Tô explodindo de dor de cabeça... — a resposta de Alexander chegou por volta das onze da manhã — Dormi mal pra porra... — o fotógrafo estava incerto sobre ser tão sincero a respeito do próprio estado.

— Calma, deus... tenta relaxar... é a falta do cigarro e do álcool... Você vai ficar ansioso e irritado por um tempo. — Freddy enviou a mensagem para Alex, esperando que suas palavras fossem ajudá-lo a manter a razão.

— Nem me fala dessas porras, Fredrick! — Alexander respondeu, enviando uma linha de emojis que expressavam dor — Tô me segurando para não fumar uns trinta cigarros de uma vez... — para ilustrar seu pensamento, enviou um GIF que mostrava o personagem de cartoon Pateta, fumando oito cigarros ao mesmo tempo.

Acomodando-se em seu sofá, Freddy riu ao ver a imagem. — Que bom que está de bom humor. — digitou e enviou, erguendo o smartphone acima do rosto enquanto se deitava no estofado — O que vai fazer hoje? — indagou e ficou olhando para a tela, aguardando a resposta do deus.

— Tenho consulta na psicóloga daqui a pouco.

— E cê tá gostando?

— Não é a primeira vez que frequento esse tipo de lugar... então não tem muita novidade, mas... sinceramente... é chato pra porra! — Alexander não poupava Fredrick de seu vocabulário de baixo calão.

— Tipo você, assim? — o doutor provocou, mandando emojis que riam.

— Quando eu tava te comendo cê não me chamava de chato... — a resposta logo se formou na mente do fotógrafo, contudo, ele se absteve de enviá-la. Sua preocupação não residia na possibilidade de desrespeitar o médico, mas de evocar memórias dos tempos em que eles eram um casal.

Desde que voltaram a se falar, no dia em que Lucas foi internado na clínica de reabilitação, Alexander e Fredrick mantinham contato todos os dias. Às vezes, não trocavam mais do que duas mensagens; outras, conversavam por horas, de forma a até mesmo atrapalhar a execução de seus afazeres.

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