The Last Night

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Flashes. Era tudo que eu conseguia ver naquele momento em que eu sentia minha vida se esvair pelo corte no meu abdômen. Não era como se eu morresse tão facilmente como qualquer mortal, mas o veneno da adaga se espalhava rapidamente enquanto me carregavam para dentro da enorme casa.

Eu me lembraria daquelas feições peculiares se sobrevivesse: o moletom amarelo, a máscara branca e os longos cabelos castanhos que tocavam meu rosto enquanto ela gritava meu nome.

Mas foi nesse momento, na terceira chamada que eu apaguei e me vi perdida em um lugar que eu julgava ser o purgatório. A necessidade de respirar não existia e nada era visível a mais de um palmo de distância - ou ao menos, era o que parecia .

Andei por aquele lugar por alguns minutos até tudo se clarear e eu me ver jogada naquela cama de hospital com uma cicatriz tão grotesca que faria meu estômago revirar em outras ocasiões. A dona dos cabelos castanhos estava sentada do meu lado hora mexendo no celular, hora olhando para mim com uma feição de raiva e preocupação.

Não podia falar, ela não me escutaria ou notaria que eu estava bem na sua frente. Podia ver meu peito subir e descer pela calma respiração, mesmo que tecnicamente eu não parecesse estar viva.

Resolvi ignorar o fato e caminhar pela vasta casa enquanto estava fora do meu corpo. Podia ver alguns rostos conhecidos e o mais marcante deles não passou despercebido, ainda mais por estar brincando com algo que parecia um olho. Jogava para o rapaz da focinheira que o devolvia em um arremesso e gargalhadas. Jeff estava mais velho do que me lembrava e com cicatrizes maiores também. Seu cabelo se mantinha raspado na lateral e os tênis estavam tão surrados que deveriam estar no lixo há pelo menos dois anos.

Suspirei mesmo que sem necessidade e continuei a procura de alguém que pudesse notar minha presença. Não foi difícil, já que aquele manicômio era repleto de criaturas paranormais.

Adentrei a última sala do corredor extenso e pude notar quatro figuras que me lembrava como se jamais tivesse deixado de morar na casa.

- Vai ser bom para ela, confie em mim. - o de chapéu preto disse enquanto se sentava e acendia um cigarro.

- Creio que Offenderman tenha razão, Slender. - outro comentou, arrumando os óculos - A casa é muito barulhenta, ela precisa repousar enquanto isso.

- Quem garante que ela não te odeia e quer distância? Aqui estará com Blader e Jeff. - o homem de terno finalmente se pronunciou.

- Blader pode ir para lá sempre que quiser, sabe disso. - Offender arrumou o sobretudo.

Ninguém nunca perguntou o que eu queria, isso é um fato. Mas de todos os males, o menor era ir para a outra casa e repousar até poder treinar até morrer.

Fechei os olhos com força e tentei dizer algo enquanto me aproximava do quarteto. Foi quando Slenderman me fitou com a face vazia, me fazendo arrepiar em lugares que achei ser impossível.

- Eu perguntaria se seu pai não te deu educação, mas mesmo se tivesse te criado, a resposta seria não. - ele levantou-se vagarosamente enquanto os outros não pareciam entender.

Foi nesse exato momento em que tudo parou e eu abri os olhos deitada naquela droga de cama de hospital.

Ery | Slender's ProxyOnde histórias criam vida. Descubra agora