Shower

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AVISO: o capítulo a seguir possui descrições de sexo explícito.

— Ery! — a voz ecoava em minha cabeça enquanto a imagem da garota de cabelos castanhos girava bem na minha frente — Lins, chama o Brian!

Uma forte enxaqueca tomava cada milímetro do meu crânio, a luz da lua que batia em meu rosto não ajudava meus olhos a se manterem abertos. O cheiro férrico tomava conta de minhas narinas e o calor do líquido escorria pela lateral da minha cabeça.

— Se mantenha acordada, eles já estão chegando. — Blader me apoiava em um de seus braços enquanto procurava o restante dos proxies com o olhar. Num pequeno ganho de consciência, me lembrei do dia em que disse a ela que uma vítima com uma lesão na cabeça não pode adormecer. Me surpreendi por ela ter guardado tal informação.

O moletom amarelo entrou em meu campo de visão numa velocidade surpreendente. Brian me pegou nos braços e eu lutei para que me colocasse no chão.

— Vou te ensopar de sangue, me deixe ir andando!

— Está ferida demais, quase desmaiou há alguns minutos. — ele me apertou ainda mais contra si — Pare de teimosia, tomou um golpe e tanto.

— Não consegui sentir a presença do Rake. Quando vi, estava dando de cabeça na árvore. — reclamei enquanto usava meu casaco para estancar o sangramento — Acharam mais alguém?

— Pelo visto Rake era o único que estava por aqui. — o ruivo arrumava os fios da crina do arco do violino — Está quase amanhecendo, nenhum deles vai sair do covil.

Olhei para cima e vi a lua crescente que brilhava juntamente com as estrelas. O céu deste lugar era bem diferente da região onde eu morava na periferia de um país de terceiro mundo. Era completamente limpo e vasto, dava para contar cada ponto brilhante naquele fundo negro. Meus olhos pararam nos detalhes de Brian enquanto eu admirava as constelações, haviam anos que eu não parava para notar o quão bonito era.

Mesmo com a expressão cansada e a barba por fazer, ele não deixava de ser belo para mim. Não apenas na aparência física, mas todo o respeito e afeto que ele me trazia enchiam algo em mim que antes estava vazio.

Eu me culpava por tudo, mas principalmente por não conseguir me perdoar e seguir em frente pelas pessoas ao meu redor. Ou melhor, principalmente por Brian.

— Vamos, Smiley deve estar escondendo os analgésicos de mim novamente, com sorte chegamos na enfermaria a tempo de pegar alguma cartela. — Blader andava em passos largos na nossa frente. Me entreti tanto em meus pensamentos que não percebi quando adentramos a mansão.

— Se reclamar de gastrite não vai poder se consultar com ele. — Lins a provocou.

— Não vou ter gastrite se minha barriga estiver cheia. — fez uma expressão de deboche ao olhar para o outro — Ah, lembrei! Alguém comeu todo o brigadeiro que eu havia guardado.

Nem eu segurei a risada quando Lins revirou os olhos. O único motivo de briga desses dois era por conta de doces e, sinceramente, me dava uma pontada de inveja ver como algumas coisas eram resolvidas de forma tão simples.

— Os anos se relacionando com Brian finalmente deram frutos, esse chifre na sua cabeça está horrível. — Smiley me analisava após me colocarem na maca.

— Mais uma graça e uso seu cadáver pra estudar anatomia humana. — fechei os olhos com força quando o médico iniciou a limpeza dos ferimentos.

— Sabe que a Ann literalmente é desmontável, né?

— Continue e eu ajudo ela a te matar e dissecar. — a ruiva disse ao colocar uma compressa de gelo em uma das minhas hematomas.

— Ambas de TPM? — ele parecia sério em sua pergunta.

Ery | Slender's ProxyOnde histórias criam vida. Descubra agora