Break My Mind

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As horas passavam como décadas naquela enfermaria. Já estava há uma semana naquela espelunca apenas trabalhando e dormindo, pois não podia usar meus poderes ou simplesmente subir as escadas, pois meu ferimento ainda não havia cicatrizado completamente.
Slenderman ordenava que o restante dos proxies fizessem missões com mais frequência, então eu quase não via o trio de ouro ou Lins. Já havia perdido as esperanças de ver Blader, já que nem a energia dela eu conseguia sentir. Minha maior companhia no momento eram Jeff, Jane, Clockwork e Kagekao.

— Eu deveria ter pensado melhor antes de enfiar um relógio no meu olho, essa merda dá muito trabalho. — ela reclamava enquanto eu cuidava do ferimento que sangrava após um golpe durante seu treinamento.

— Acho estiloso, é como um piercing, vai ter que cuidar pro resto da vida, mas traz personalidade. — respondi e ela sorriu.

— Tipo colocar fogo em si mesmo e depois na sua vizinha da frente que só queria ajudar. — Jane virou-se para Jeff, que mexia na gaveta de agulhas.

— Acho que isso é personalidade demais até pra mim. — não segurei o riso.

— O que acha de um vinho pra relaxar? Tem trabalhado demais, precisa de um descanso. — Kage apareceu com uma garrafa em mãos.

— Prefiro não perguntar de onde tirou isso. — o encarei enquanto jogava fora os materiais que usei em Clock — De qualquer forma, ainda estou tomando antibióticos, não posso beber até semana que vem.

Sua máscara formou uma expressão triste e eu apenas fiz um sinal de rendição com as mãos. Chamei Jeff para sentar na maca, precisava avaliar os cortes em seu rosto que estavam com uma aparência estranha e trocar o colírio que estava irritando seus olhos.

— Precisa tomar cuidado, se não deixar isso cicatrizar pode causar uma infecção generalizada e vai acabar perdendo o resto do rosto.

— Faz parte da minha incrível personalidade. — ele disse em tom de deboche.

— Sua personalidade vai te fazer ficar igualzinho ao Slender, você decide. — o encarei com uma sobrancelha arqueada e ele revirou os olhos.

— Faça logo o que precisa, não vou reclamar.

— Só posso cauterizar seus cortes depois do resguardo, até lá precisa vir aqui duas vezes ao dia pra desinfetar o ferimento. — ele iria reclamar, mas o interrompi — Se reclamar, te dou uma foto do meu tio pra você se acostumar a ver a mesma imagem no espelho.

Jeff se rendeu e deu de ombros, então comecei a examinar seus olhos que estavam mais ressecados que o normal. No dia de seu acidente, não queimou totalmente as pálpebras, mas fez uma lesão bem feia nos canais lacrimais, então não produzia a lubrificação necessária nos olhos.
Fizemos a troca do medicamento e finalmente consegui me sentar e respirar um pouco. A ferida em meu abdômen fisgou e eu franzi o cenho involuntariamente.

— Precisa descansar, assim nunca vai ficar boa. — Kage disse enquanto os outros se retiravam.

— Preciso fazer minha função, descanso quando terminar.

— Espere seu pai saber disso, você vai ouvir um belo sermão até que adormeça pela chatice das palavras. — eu revirei os olhos e sorri, mas minha expressão se fechou em seguida.

— Faz uma semana e meia que estou aqui e Offenderman não voltou. — olhei para Kage como um cão que havia caído do caminhão de mudança.

— Ele está resolvendo alguns assuntos, prometo que no dia que receber alta, ele estará aqui para te ver.

Apenas concordei com a cabeça e me encostei na maca, torcendo para que nenhum outro morador viesse para cá pedindo atendimento. Me vi cansada demais para qualquer coisa e fazendo um esforço gigantesco para manter os olhos abertos. Kage pediu um instante e saiu pela porta de vidro, voltando minutos depois com um prato de comida, lembrando-me que pulei o almoço por estar atendendo Jack Risonho horas antes. Me sentia melhor, porém sonolenta pela barriga cheia.

Ery | Slender's ProxyOnde histórias criam vida. Descubra agora