Sweet Creature

20 2 22
                                    

•Blader•

— Tô igual ao tio Lins! — Lisa ria enquanto jogava os cabelos ruivos para trás, assim como os do outro que estavam molhados após o banho.

— Podemos fazer um? — meu amado apontou para a pequena.

Não respondi, apenas revirei os olhos. Lisa era realmente cativante, mas não ao ponto de me fazer querer ser mãe tão repentinamente. Aparentemente, ela conseguiu gastar a energia de quase todos os confiáveis da mansão, sobrando apenas nós dois para passarmos o dia com ela.

— Onde Offenderman foi? Ele não ia ficar de babá hoje? — Lins me perguntou, passando a toalha pelos cabelos.

— Possivelmente foi comprar cigarro. — um sorriso mínimo surgiu em meus lábios, fazendo Lins me fitar sério.

— Depois conversamos sobre esse tipo de piada na frente de crianças. — pigarreou, contendo um riso.

— Tia Blader, outro dia o tio Jeff contou pra mim uma história da mamãe. — os olhos negros brilhavam para mim — Você também tem alguma?

— Claro. — busquei em minhas memórias alguma que não envolvesse coisas ilícitas da parte de minha irmã — Ery e eu somos fascinadas por um doce típico do nosso país, se chama brigadeiro. Uma vez, fizemos uma panela inteira e deixamos esfriar enquanto fomos para a biblioteca ler algo. Acredita que todo o doce havia sumido quando voltamos pra cozinha?

— Tanta história pra contar, justo essa? — o ruivo me olhava com certo deboche.

— Tio Lins, não pode comer as coisas dos outros sem permissão! — as pequenas mãos puxavam a barra da camisa com leveza.

— Pelo menos Brian está te educando bem. — peguei lisa nos braços, sentando-a na cama — Quando mais novo, ele era tão doido quanto Ery. Estava sempre se metendo em confusão junto com o Tim. — suspirei, tentando buscar outra história para a pequena — Me contaram uma vez que o trio de ouro deu um presente horrível pra sua mãe de boas vindas, enchendo o quarto dela de baratas enormes.

As pálpebras de Lisa arregalaram e ela estremeceu, talvez o medo de baratas fosse hereditário para eles.
Após cansar das histórias, Lisa quis brincar pela casa. Parecia uma boa ideia até querer entrar na sala de Slenderman, tal qual ela nunca tinha visto por estar sempre ocupado.

— Entre. — ele disse mais alto que o comum após ela bater na porta antes que chegássemos para impedir o ato.

Passamos pela porta ofegantes enquanto a pequena estava parada no meio da sala, encarando a criatura com a cabeça levemente para o lado.

Senti meu coração errar a batida quando Slender se levantou e foi até a criança, abaixando-se e usando um dos joelhos de apoio.

— Cadê seu rosto? — ela perguntou sem hesitar, eu apenas segurei uma risada.

— Offenderman também não tem rosto. — ele respondeu, calmamente.

— Mas tem boca. Como você come? — sua cabeça mexia para os lados, procurando algo na face vazia.

— Você é realmente igualzinha a Ery, sem tirar nem pôr. — ele pegou Lisa no colo, voltando para sua cadeira — Gosta de histórias? Devo ter algum livro que te agrade.

Meu Dhegar, como eu queria que Ery estivesse acordada pra ver isso. Com um tentáculo, puxou um pequeno livro com um arco-íris na capa, abrindo na primeira página enquanto Lisa se mantinha sentada na mesa de frente para ele com as perninhas balançando.

— Vocês dois não tem nada pra fazer? — ele se virou finalmente para nós, que estávamos estáticos e boquiabertos.

— Se eu disser que não, você vai arrumar alguma missão, certo? — perguntei e ele assentiu — Então sim, o dia está corrido.

— Então saiam, estou ocupado. — ele colocou a papelada de lado e pigarreou, como se fosse começar a ler.

— Tá, eu vou pegar ela e... — ele me interrompeu.

— Podem ir, eu cuido dela.

Lins e eu nos entreolhamos, ainda estranhando a situação. Sem mais cerimônias, Slenderman começou a ler a história como se não estivéssemos mais na sala, fazendo com que finalmente saíssemos.

Não dissemos uma palavra, apenas continuamos andando até esbarrar com um Brian sonolento. Este tinha uma toalha em seus ombros, junto com mais alguns produtos para banho.

— Cadê a Lisa? — ele nos perguntou.

— O Slender tá lendo uma história para ela. — Lins respondeu, fazendo o outro coçar os olhos e balançar a cabeça negativamente.

— Sério, cadê ela? — olhou para mim.

— Ela entrou na sala do Slender e ele resolveu que ia ler pra ela. — ele arregalou os olhos e bateu na porta ao seu lado.

— O que foi? — Timothy abriu, parecia entediado.

— Você disse que aquela sopa de cogumelos não era alucinógena.

— Mas não era. — o moreno franziu o cenho e me olhou.

Repeti mais uma vez o que tava acontecendo e Tim sorriu, não acreditando. Tivemos que ir até a sala de meu pai para tirarem a prova.

— Foi então que o coelho... — ele parou de ler quando abrimos a porta — Vocês vão patrulhar a floresta durante a madrugada.

— Por que?! — Brian perdeu a voz sonolenta.

— Por atrapalharem a história da Lisa. — a pequena arregalou os olhos e se virou para nós, tentando amenizar o sentimento de culpa que sentia.

— E quem vai cuidar dela enquanto isso? — perguntei.

— Eu. Agora saiam antes que eu extenda para uma missão de vinte e quatro horas.

Saímos correndo do cômodo, ainda nos entreolhando. Enfim, teríamos um castigo por descobrirmos o coração mole de meu pai.

Ery | Slender's ProxyOnde histórias criam vida. Descubra agora